Composta, em sua maioria, por programadores israelenses egressos da Unidade 8200, força de hackers de elite vinculada ao exército de Israel, a companhia com sede em Abu Dhabi desenvolveu sistemas capazes de invadir computadores e celulares de alvos, inclusive desligados.
Fontes ligadas ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e à Abin (Agência Brasileira de Inteligência) afirmaram que, em outra frente, o "gabinete do ódio" tem mantido conversas em paralelo com a empresa Polus Tech com o objetivo também de obter programas espiões.
Com sede na SuÃça, a Polus Tech tem como CEO o programador israelense Niv Karmi, um dos ex-fundadores da NSO Group, empresa dona da poderosa ferramenta espiã Pegasus (Niv é o "N" da sigla NSO).
As negociações com as duas empresas, que forneceriam ao grupo controlado por Carlos Bolsonaro uma ferramenta para espionar opositores, jornalistas e crÃticos em ano eleitoral, ainda não foram finalizadas.
Procurados, o vereador Carlos Bolsonaro, o GSI e o Palácio do Planalto não responderam aos questionamentos até a publicação desta reportagem. O UOL se coloca à disposição para manifestações futuras.
"Infecção tática"
Especialistas do setor indicam que uma das técnicas oferecidas pela empresa é a "infecção tática" de celulares. A tecnologia desenvolvida pela companhia permite a quem detém o software ter acesso ao celular e a todo seu conteúdo quando o aparelho se conecta a uma rede —tudo isso sem o dono do smartphone saber.
Em seu site, o CEO da empresa explica que optou por ter sede na SuÃça por "acreditar na disciplina, precisão e excelência em engenharia da indústria relojoeira suÃça", e que isso era "necessário para desenvolver o tipo de produtos que a Polus deseja construir".
"As comunidades na SuÃça me fizeram sentir em casa com minha decisão, pois cresci em um pequeno vilarejo de montanha, dentro de um pequeno paÃs", escreveu Niv Karmi.
Ele não cita, porém, que a cidade escolhida para ser a sede, Zug, é uma espécie de área com importantes vantagens fiscais dentro própria SuÃça, que já é um paraÃso fiscal.
Procurada na SuÃça, a empresa não respondeu ao pedido de esclarecimento enviado pela reportagem.
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