O governador em exercício do Rio, Cláudio Castro, admitiu que recebeu uma ligação do médico e vereador Jairo de Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade), logo após a morte do menino Henry Borel, de 4 anos, enteado do vereador.
A informação foi revelada nesta quinta-feira, dia 1º de abril, pelo colunista do jornal O GLOBO, Lauro Jardim. A ligação aconteceu horas depois da morte da criança e antes de o caso chegar ao noticiário. Em nota enviada pelo Governo do Estado, Castro afirma que "limitou-se a explicar ao vereador que o assunto seria tratado pela delegacia responsável pelo inquérito e encerrou a ligação".
"O governador Cláudio Castro confirma que recebeu uma ligação do vereador Doutor Jairinho horas antes de o caso envolvendo o menino Henry ganhar repercussão na mídia. No telefonema, ao saber do fato, Castro limitou-se a explicar ao vereador que o assunto seria tratado pela delegacia responsável pelo inquérito e encerrou a ligação. O governador em exercício reitera que sempre garantiu total autonomia à Polícia Civil e que não interfere em investigações", disse.
Na tarde desta quinta-feira, às 14h, vai acontecer a reprodução simulada do caso no apartamento onde a mãe do menino, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva, e Dr. Jairinho (Solidariedade) moravam com Henry. A mãe e o padrasto do menino irão apresentar aos peritos do Instituto Médico Legal (IML) e do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) e aos policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca) a versão deles sobre o que aconteceu no último dia 8 de março, quando, às 3h30, a criança deu entrada morta no Hospital Barra D’Or.
Na noite de quarta-feira, dia 31, o juiz Paulo Roberto Sampaio Jangutta negou, no plantão judiciário, um habeas corpus com três pedidos feitos pelo advogado André França Barreto, que defende a mae da criança e Dr. Jairinho. O casal pleiteava a remessa do inquérito que apura a morte de Henry da 16ª DP (Barra da Tijuca) para a Divisão de Homicídios; a suspensão das investigações; e o adiamento da reprodução simulada do caso.
Na petição, o advogado alegava que, como as medidas cautelares, como apreensão de celulares, foram solicitadas ao delegado Henrique Damasceno ao juízo da II Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, com atribuição de júri - ou seja, de crimes dolosos contra a vida, o inquérito deverá ser de responsabilidade da delegacia especializada na matéria (Divisão de Homicídios da Capital).
MPRJ acompanha investigações
Como havia justificado em despacho na delegacia, André França Barreto alega não ter tido tempo hábil para a preparação de um assistente técnico que o acompanharia o casal na reprodução simulada em que foram intimados a participar, às 14h dessa quinta-feira. Monique encontra-se “demasiadamente abalada pela perda do filho” e apresenta um “grave quadro depressivo”. O advogado então solicitou que a reconstituição fosse agendada a partir de 12 de abril.
O documento diz, ainda, que há registros de comportamentos parciais por parte delegado, como a oitiva presencial das testemunhas, o que, segundo ele, em razão do elevado volume de trabalho, é função dada aos inspetores. A petição aponta que “diversos” depoentes “noticiaram a forma truculenta como foram tratados”, tendo sido realizadas “entrevistas preliminares” antes da redução ao termo de declaração.
O advogado afirmou que segundo Rosângela Medeiros da Costa e Silva, avó materna de Henry, Henrique foi tendencioso para que “não permitisse declarações fora daquilo que queria ouvir”. Segundo ela, no momento em que negou que Jairinho tivesse ciúmes de Monique, o delegado teria dito: “Esse cara é perfeito. Estou com sede dele!”.
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da área Zona Sul e Barra da Tijuca, acompanha as investigações sobre a morte do menino Henry e vai participar da reprodução simulada marcada para esta quinta-feira. A reprodução irá simular as hipóteses possíveis a fim de determinar a verdade real dos fatos ocorridos no dia 8 de março, data em que o menino morreu em circunstâncias ainda não esclarecidas.
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