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Caso Anic: Assassino confesso aproveitou obra em muro para concretar corpo de advogada

O blog do Magal - Opinião, cultura, economia e Política

Cadáver foi encontrado na garagem da residência de Lourival Correa Netto Fadica, em Teresópolis.



Advogada Anic Herdy e Lourival FadicaFotos: Divulgação

 Lourival Correa Netto Fadica, assassino confesso de Anic Herdy, utilizou a sapata do muro de sua residência em Teresópolis, na Região Serrana, para enterrar e concretar o corpo da advogada. De acordo com o delegado Nei Loureiro, responsável pelas investigações, o material teria sido colocado para sustentar o peso da construção, pois supostamente o muro estava caindo. Segundo o titular da 105ª DP (Petrópolis), parte do cadáver estava coberto com areia de barro e, da cintura para cima, envolto em concreto. 

O corpo foi encontrado em avançado estágio de decomposição enrolado em um plástico bolha. A perícia fará um exame de DNA para confirmar se os restos mortais são mesmo de Anic Herdy. O próprio assassino indicou a localização do cadáver durante audiência realizada nesta quarta-feira (25) na 2ª Vara Criminal de Petrópolis. 
Em entrevista coletiva na terça-feira (24), os advogados de Lourival informaram que ele buscou Anic na saída de um shopping em Petrópolis, na Região Serrana, no dia 29 de fevereiro. Após o encontro, ele a levou até um hotel em Itaipava, onde, de acordo com a defesa, a matou com um golpe no pescoço. Em seguida, o acusado colocou o corpo da vítima em um carro e o transportou até sua residência.
Lourival apontou o marido da vítima, Benjamim Cordeiro Herdy, de 78 anos, como mandante do crime por meio de uma carta entregue à sua defesa. De acordo com os advogados, o idoso teria ordenado a morte de Anic em janeiro e o falso sequestro seria uma maneira de encobrir o crime. A motivação ainda não foi revelada, mas a defesa de Lourival afirma que o homem destacou que está relacionada a um "grave problema familiar".
A advogada afirmou que o plano elaborado por Benjamim e Lourival não foi bem-sucedido porque a filha do casal gravou uma conversa comprometedora entre o pai e o principal acusado. Nesse diálogo, eles teriam tentado difamar Anic e enganar a filha, fazendo-a acreditar na versão de que a própria mãe havia forjado o sequestro para fugir com um amante.
A defesa revelou, ainda, que Benjamim teria proposto a Lourival que assumisse a culpa pelo crime sozinho, em troca de uma recompensa financeira. No entanto, quando seus familiares foram indiciados, Lourival se viu sem outra opção a não ser revelar a verdade. A decisão foi tomada para evitar uma condenação, considerada injusta, dos filhos e de Rebecca Azevedo dos Santos, amante de Lourival, já que, de acordo com as investigações da polícia, eles foram os beneficiários dos 4,6 milhões de reais pagos pelo falso sequestro.
Procurado  o advogado João Vitor Ramos, que representa Benjamim e a família de Anic, disse que os familiares entenderam a entrevista como uma ato de desespero e crueldade. Segundo a defesa, Lourival mudou a sua versão, após a conclusão das investigações, para desestabilizar a família da vítima. Ramos destacou que houve uma falsa imputação de crime a Benjamim realizada por Lourival e, como consequência da declarações formuladas, o homem e seus procuradores serão demandados na esfera cível, criminal e disciplinar.
Em nota, o Ministério Público do Rio informou que vai apurar as novas informações apresentadas pela defesa de Lourival.
Anic desapareceu em 29 de fevereiro, mas o sumiço da advogada só foi registrado em 14 de março, porque Lourival orientou o marido da vítima a não procurar as autoridades. O acusado se apresentou à família como policial federal e passou a ser o responsável por fazer a segurança do casal e dos filhos. Ele tinha acesso irrestrito a cartões de crédito e senhas da família.
Nesse intervalo de tempo, Benjamim recebia ameaças por meio de mensagens de texto dos supostos sequestradores e pedidos de resgate. Ao todo, foi pedido R$ 4,6 milhões, posteriormente pagos em dinheiro e em moedas de bitcoins.
Uma mensagem em tom de despedida foi enviada pelo celular da advogada, uma hora após o pagamento. O texto diz que a própria Anic orquestrou o sequestro para receber o dinheiro e que ela optou por ir embora do Brasil com um suposto amante, que seria policial civil.
Porém, as investigações apontaram que Lourival, os filhos e sua amante Rebecca foram os beneficiários da quantia. Eles compraram um carro de luxo avaliado em R$ 500 mil, uma motocicleta no valor aproximado de R$ 30 mil e 950 celulares, que custaram cerca de US$ 153,9 mil.
Após uma longa investigação, a 105ª DP (Petrópolis) denunciou Lourival, a amante dele e os filhos, Henrique Vieira Fatica e Maria Luíza Vieira Fatica, por envolvimento no crime.
Em 30 de agosto, a defesa de Lourival, já réu no caso de Anic Herdy, afirmou em entrevista coletiva que ele confessou ter matado a advogada. Durante coletiva, a advogada informou que a Anic está morta desde o dia do desaparecimento, em 29 de fevereiro, quando foi vista pela última vez em um shopping de Petrópolis, na Região Serrana. Ela detalhou ainda que não houve sequestro e que a advogada entrou no carro de Lourival, com quem tinha um relacionamento extraconjugal, por espontânea vontade.

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