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Caso Anic: câmera flagrou vítima e suspeito

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Caso Anic: câmera flagrou vítima e suspeito pouco antes de chegada ao local em que advogada foi morta

Relato foi feito pela defesa de Lourival Fatica. Crime teria sido encomendado por mandante
Caso Anic: câmera flagrou vítima e suspeito


Morta na mesma data em que desapareceu, no dia 29 de fevereiro de 2024, a advogada e estudante de Psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, precisou passar por um local que tinha câmeras antes de chegar ao ponto em que foi assassinada. A revelação foi feita, nesta sexta-feira, pela advogada Flávia Fróes, que defende o técnico de informática Lourival Correa Netto Fatica, uma das quatro pessoas presas por suspeita de envolvimento no caso. Fróes admitiu que seu cliente praticou o crime, que segundo ela, teria sido cometido a mando de uma pessoa de alto poder aquisitivo.

É a primeira vez que a figura de um suposto mandante, que não teve o nome revelado, é mencionada. A denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e o relatório de investigação do inquérito, que apurou o caso, feito por policiais da 105ªDP (Petrópolis), não mencionam que o crime tinha sido encomendado por alguém. Flávia Fróes disse que seu cliente vai tentar um acordo de colaboração premiada com a Procuradoria de Justiça, para contar como o crime aconteceu, já que a promotoria do MPRJ junto a 2ª Vara Criminal de Petrópolis, teria rejeitado a solicitação da defesa. No pedido rejeitado, a advogada do técnico de informática solicitou que outros três réus - um filho e uma filha de Lourival e uma ex-namorada de Fatica - fossem soltos para responder pelas acusações em liberdade. Eles são acusados de ajudar de alguma maneira Lourival na trama que acabou com o sumiço de Anic.

Lourival Correa Netto Fadiga no momento da prisão, e Anic de Almeida Peixoto Herdy na saída do shopping em Petrópolis — Foto: Reprodução
Lourival Correa Netto Fadiga no momento da prisão, e Anic de Almeida Peixoto Herdy na saída do shopping em Petrópolis — Foto: Reprodução

Segundo Flávia Fróes, Anic passou com Lourival por um local que tem câmeras, antes de ser morta.

— É um local que tem câmeras, onde é possível verificar a entrada de ambos naquele dia e a presença de sangue dela nesse local. Essas questões foram inicialmente ventiladas junto ao Ministério Público, com as provas, inclusive da relação do mandante com os fatos, mas essa tratativa não evoluiu. Eu ressalto que a pretensão de Lourival não é nenhum benefício para si, mas, na verdade, esclarecer isso para que as três pessoas inocentes que estão presas por esse processo possam ser desvinculadas dessa acusação injusta e a quarta pessoa, que, na verdade, não integra o polo passivo dessa ação penal. Que, na verdade, o mandante desse fato, possa ser objeto de ação penal contra ele também— disse Flávia Fróes.

No aditamento da denúncia, feita pelo MPRJ, no último dia 15 de agosto, que classificou o crime como extorsão mediante sequestro seguida de morte, a promotoria que atua junto à 2ª Vara criminal de Petrópolis faz menção a uma troca de mensagens por aplicativo, ocorrida no dia 17 de março de 2024, três dias depois da família de Anic ter registrado na 105ªDP.

Segundo o documento, Rebecca Azevedo dos Santos, ex-namorada do técnico de informática, com quem tem uma filha, enviou o seguinte texto para Lourival: “cinzas já estão passeando pelo rio”. Sendo respondida por ele da seguinte forma: “muito bem". De acordo com o aditamento, a mensagem comprovaria a morte de Anic, sendo que seus restos mortais já estariam distantes da possibilidade de serem encontrados.

As defesas de Lourival e de Rebeca negaram as acusações feitas no aditamento. Flávia Fróes, que defende Lourival, disse o telefone de Rebecca foi apreendido pela polícia, mas que continua ligado. E que não há como comprovar se a mensagem foi ou não inserida após a data que o documento se refere.

— Houve um aditamento e eu ressalto, inclusive, que essa informação com relação a esta mensagem, até o presente momento, não consta dos autos, das extrações. A defesa não teve acesso a essa mensagem. Eu ressalto ainda que houve uma quebra de cadeia de custódia dessa prova. A gente não tem sequer como imaginar de que maneira essa mensagem surgiu, porque o telefone da Rebeca está ligado até o presente data. Com atualizações, se você passar uma mensagem para o telefone, ele está ligado até hoje. Então a gente não tem como auditar e saber se essa mensagem foi ou não inserida posteriormente — disse Flávia Fróes. 

A advogada e estudante de Psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy — Foto: Reprodução
A advogada e estudante de Psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy — Foto: Reprodução

Além de Lourival, estão presas e já são réus pelo crime mais três pessoas. Segundo a investigação da 105ªDP, (Petrópolis) Henrique Fatiga, filho do técnico de informática, teria participado da compra de US$ 150 mil dólares, feita por Lourival, com um doleiro, no início de março. O filho do principal suspeito do sumiço da advogada teria combinando a entrega do dinheiro e recebido pessoalmente parte das cédulas, de acordo com o relatório de investigação da delegacia. O valor teria sido comprado por Lourival com parte da quantia de R$ 4,6 milhões, exigidos como resgate para libertar Anic.

Já Maria Luíza, filha de Lourival, é apontada pela Polícia Civil e pela Promotoria de Investigação Penal de Petrópolis como sendo a pessoa que mantinha contato com o fornecedor de 950 celulares, adquiridos pelo pai em um comércio, no Paraguai, por US$ 153,9 mil. A quantia foi quitada por meio de três depósitos, no valor de R$ 325 mil cada, feitos por Benjamim Cordeiro Herdy, de 78, marido de Anic, em uma conta indicada por Lourival.

Rebecca Azevedo dos Santos, ex-namorada de Lourival é outra suspeita que está presa. Ela teria trocado telefonemas com o suspeito no dia do desaparecimento da estudante. Segundo a polícia, Rebeca também teria viajado para Foz de Iguaçu para encontrar a pessoa que vendeu 950 celulares para o ex-namorado.

As defesas de Rebecca, Maria Luiza e Henrique Fatica negam terem participado do desaparecimento de Anic. Advogada e estudante de Psicologia, ela foi vista pela última vez ao sair a pé de um shopping, em Petrópolis, na Região Serrana, no dia 29 de fevereiro.

As investigações feitas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro mostram que Lourival era responsável pela segurança pessoal da família de Anic, além de ter instalado câmeras de vigilância na casa onde a vítima e o marido moram, em Teresópolis. A advogada desapareceu após sair de um shopping, sendo vista pela última vez, por volta das 11h34, próximo ao cruzamento entre as Ruas Marechal Deodoro e General Osório, no Centro de Petrópolis.

Imagens feitas por câmeras de segurança mostram que um carro dirigido por Lourival estava nesse mesmo local. "(...) Perceba que o carro de Lourival passa neste último local às 11h49min48seg, ou seja, um minuto após passar no local da câmera anterior (11h48min52seg), sendo que o trajeto é muito curto, aproximadamente 300m, sendo normal fazê-lo em 30 segundos. Assim é possível concluir que o carro de Lourival faz uma parada para Anic entrar", diz outro trecho do relatório.

Procurado para comentar a recusa do acordo de colaboração, o MPRJ disse em nota que se novas provas forem apresentadas de forma espontânea, fora do âmbito de uma colaboração, elas serão validadas se for o caso. Abaixo, a íntegra do documento.

"As tratativas para colaboração premiada estavam sendo efetuadas, mas o MPRJ e a parte não chegaram a um acordo sobre os benefícios que poderiam ser aplicados ao caso concreto. Caso novas provas sejam apresentadas de maneira espontânea, serão validadas e, se for o caso, consideradas, fora do âmbito de uma colaboração premiada.

A ação penal segue em curso perante a 2ª Vara Criminal. Portanto, informações sobre o andamento processual devem ser obtidas junto ao TJRJ."

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