A noite em que as mulheres botaram Bolsonaro no devido lugar
Após a vergonha no debate
de ontem na Band, coordenação de Bolsonaro cancela sabatina e reavalia
entrevistas. A equipe defende que presidente não compareça mais a nenhum
confronto com candidatos no primeiro turno.
O temor da equipe é de
que Bolsonaro seja mais uma vez "encurralado" pelas candidatas Simone
e Soraia, e novamente fique desequilibrado e parta para ofensas às mulheres.
Já nesta segunda-feira Bolsonaro
faltou à sabatina promovida pela Jovem Pan na manhã. A equipe do candidato do
PL ficou até de madrugada avaliando sua performance no debate promovido pelo
pool de veículos encabeçado por Band, TV Cultura, Folha de S.Paulo e UOL e
defende que ele não vá a mais nenhum debate no primeiro turno e selecione
poucos convites para entrevistas, de preferência em podcasts de grande
audiência e pouco confronto.
Antes do debate o clima
era de euforia e de confiança no QG de Bolsonaro. A ala política avaliava que
ele estava seguro e pronto para o enfrentamento duro com o ex-presidente Lula.
De fato, Bolsonaro começou com tudo para cima do principal adversário,
abordando a corrupção em estatais como a Petrobras.
Mas a equipe errou na
avaliação que haveria duas mulheres no debate, prontas para o ataque. Fugiu ao
script traçado pela equipe de campanha que misoginia e os ataques de Bolsonaro
às mulheres e à imprensa fosse virar o principal tema do debate. Ele também não
foi munido de dados sobre a cobertura das vacinas do calendário regular de
vacinações, que ficou procurando na pilha de papeis com informações sobre a
própria gestão que levou para o púlpito e que lia sem tentar esconder, tanto
para perguntar quanto para responder.
O time de Bolsonaro não
esperava que as duas mulheres candidatas fossem se unir para defender as
mulheres. Ele foi aconselhado a voltar no tema do machismo no terceiro bloco
para tentar reverter o estrago detectado em medições telefônicas da campanha
junto ao eleitorado feminino.
A campanha fez uma
avaliação negativa dos ataques de Bolsonaro à imprensa e às adversárias
mulheres e o uso reiterado do termo "mimimi" para se contrapor às
acusações de machismo e misoginia. A ala política acha que, além de impedir a
busca de votos das mulheres, a agressividade de Bolsonaro pode tirar votos nos
estratos mais pobres e também entre os evangélicos, público em que a condução
do governo federal da pandemia tinha sido muito mal avaliada, mas que ele vem
reconquistando.
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