O ministro do MEC, Milton Ribeiro, teria permitido que pastores montassem um gabinete paralelo em sua pasta. Foto: Andressa Anholete/Getty Images.
Em um evento organizado pelo Ministério da Educação (MEC), em 2 de julho de 2021, em Salinópolis (PA), foram distribuídas bíblias que levavam fotos do ministro da pasta, Milton Ribeiro, e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, presentes no evento.
Recentemente, um áudio do ministro da Educação Milton Ribeiro revelou que o governo dá prioridade a pedidos de verba negociados pelos dois pastores, que não têm cargos oficiais, mas atuam de forma informal dentro do MEC, atendendo a uma solicitação do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os pastores organizavam reuniões entre o ministro e prefeitos, para conseguir a liberação de verba em troca de propina. O evento em Salinópolis contava com a presença de diversos prefeito e secretários municipais do Pará.
A bíblia distribuída destaca o “patrocínio” do prefeito de Salinópolis, Carlos Alberto de Sena Filho (PL), o Kaká Sena, cuja foto também aparece na impressão. Ele encomendou uma tiragem de mil bíblias por R$ 70 cada, de acordo com presentes, segundo o jornal Estadão. A Igreja Ministério Cristo para Todos, um ramo da Assembleia de Deus comandada pelo pastor Gilmar, foi responsável pela edição.
Durante o evento, Gilmar se sentou ao lado de Milton Ribeiro e do presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Ponte.
Depois do evento, o ministro aprovou a construção de uma escola no município e firmou um termo de compromisso de R$ 5,8 milhões. No fim de dezembro, foram empenhados R$ 200 mil desse valor.
Pastores atuavam em gabinete paralelo
O ministro da Educação Milton Ribeiro afirmou em uma gravação que o governo dá prioridade a pedidos de verba negociados por dois pastores que não têm cargos oficiais, mas atuam de forma informal dentro do Ministério da Educação (MEC), atendendo a uma solicitação do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Desde o começo de 2021, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura promoveram encontros de prefeitos no MEC que levaram a pagamentos e empenhos (reserva de valores) de R$ 9,7 milhões, em apenas dias ou semanas depois de promoverem as agendas.
Ao Estadão, os pastores confirmaram que usaram de sua ligação com o ministro para direcionar recursos para certas prefeituras, mas negaram os pedidos de propina. Eles negam ter participado de reuniões para tratar de obras de escolas e creches.
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