Chuva na Serra do RJ: 11 anos e 5 governadores após tragédia com mais de 900 mortos, nova catástrofe expõe prevenção falha
Em junho de 2011, quando a então presidente Dilma Rousseff assinou um chamamento público para a construção de 6.874 empreendimentos na região (6.641 unidades habitacionais, 188 unidades comerciais e 45 industriais), além de contratos para a recuperação e reconstrução de pontes e contenção de encostas das áreas afetadas. O objetivo era recuperar o que havia sido destruído.
Já em 2013, Dilma voltou a oferecer um repasse emergencial para Petrópolis no valor de R$ 12 milhões. Na ocasião, além do valor emergencial, a cidade necessitava de R$ 100 milhões para uma nova reconstrução.
Em 2018, a cidade de Petrópolis lançou um plano para a redução de riscos, com um estudo que mapeou 234 áreas mais vulneráveis a enchentes e deslizamentos. O trabalho recomendou o reassentamento de mais de 7 mil famílias (7.177) que vivem em áreas de alto risco.
Em 2019, o então governador Wilson Witzel e a secretária de estado do Ambiente e Sustentabilidade, Ana Lúcia Santoro, anunciaram a retomada do Programa Limpa Rio, que seria aplicado em todo o estado, com investimentos de R$ 43,5 milhões.
De acordo com o anúncio feito na época, os rios Piabanha e Quitandinha, em Petrópolis, seriam prioridade no investimento.
Em 2011, alguns municípios da região sofreram com a maior tragédia climática da história do Brasil. Na época, uma CPI da Alerj fez 42 recomendações para evitar novas catástrofes naturais na região. Segundo o deputado Luiz Paulo, presidente do colegiado, pouca coisa foi feita.
Sérgio Cabral, Pezão, Francisco Dornelles, Wilson Witzel e Claudio Castro. Em 11 anos, o Rio de Janeiro teve cinco governadores e nenhum deles conseguiu desenvolver e colocar em prática um plano de prevenção eficiente para evitar que as chuvas que frequentemente caem na Região Serrana se tornassem grandes tragédias nacionais.
O ano de 2011 marcou a maior catástrofe climática da história do Brasil, quando uma forte chuva devastou vários municípios da região e deixou mais de 900 mortos e quase 100 desaparecidos na Região Serrana. Na opinião de especialistas ouvidos pelo g1, pouco foi feito para resolver questões determinantes como:
recuperação de encostas;
reflorestamento das margens dos rios;
demolições de casas em locais de risco;
realocação de moradores que vivem em terrenos instáveis.
Na avaliação de geógrafos, ações como essas poderiam reduzir os danos causados por chuvas como a da última terça-feira (15) em Petrópolis. Até a última atualização desta reportagem, 94 pessoas morreram por conta da forte chuva que caiu no município.
Diante de pelo menos 54 casas destruídas, ruas devastadas e centenas de desabrigados, a Prefeitura de Petrópolis decretou estado de calamidade pública.
O cenário de destruição na cidade é parecido com a devastação que o município sofreu em 2013. Na ocasião, 33 pessoas morreram.
Ações emergenciais
A cada nova tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro a mobilização de políticos é praticamente imediata. No entanto, o passado mostra que a maioria das ações são de caráter emergencial, para amenizar os problemas já causados e não para evitar novas tragédias.
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