Lideranças do novo partido temem que apoio ao ex-juiz possa atrapalhar planos de eleger maior bancada no Congresso e governadores
As investidas do ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato do Podemos à Presidência da República, sobre o União Brasil (fusão de DEM e PSL) têm encontrado resistência entre importantes lideranças do futuro partido.
Isso porque há um temor de que a presença do ex-juiz, ou mesmo a formação de uma aliança formal com o Podemos em torno da candidatura nacional, possa prejudicar as duas prioridades da nova legenda: eleger a maior bancada no Congresso Nacional e o maior número de governadores.
Dirigentes da sigla dão até abril para Moro se apresentar viável como candidato, ou seja, conseguir os esperados dois dígitos prometidos no lançamento de sua candidatura, e que, até o momento, não foram atingidos nas pesquisas de intenção de voto.
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Até lá, de acordo com dirigentes do partido, o foco é trabalhar os palanques locais e, caso a candidatura do ex-juiz cresça, ser avaliada, mas de forma não prioritária, ou seja, sem interferência nos arranjos estaduais.
A última pesquisa Datafolha, realizada de 13 a 16 de dezembro, mostrou o ex-ministro do governo Bolsonaro com 9% das intenções de voto. O atual chefe do Executivo federal atingiu 22%, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio da Lula (PT) liderou as intenções de voto, com 48%.
Dirigentes do União Brasil ainda se mostram céticos quanto à ida de Moro para o novo partido, possibilidade que chegou a ser cogitada pelo ex-juiz, depois de encontrar resistências dentro de parte da bancada do Podemos, interessada nos recursos do fundo partidário para suas candidaturas.
Moro tem tratado sobre sua possível migração para o União Brasil diretamente com o futuro presidente da sigla, Luciano Bivar (PE), a quem já sinalizou a necessidade de estar em um partido com mais verbas para sustentar uma campanha presidencial.
“Eu acredito mais na permanência dele no Podemos”, diz o deputado Efraim Filho (DEM-PB), que integra a executiva nacional da nova legenda e que deverá ser candidato ao Senado.
“Primeiro é a bancada no Congresso, Câmara e Senado. Esse é o foco. É preciso organizar a bancada durante a janela partidária, tentar trazer o maior número de quadros, pensando em sair das urnas com a maior bancada no Congresso”, ressaltou.
“Por fim vem a cena nacional. É prematuro definir agora alguma aliança. Só após a janela partidária [prazo da Justiça Eleitoral para a troca de legenda] é que a gente terá condição de fazer essa avaliação de apoio ou não a Moro”, ressaltou.
Palanques estaduais
Além do plano de eleger o maior número de deputados federais e senadores, a legenda tem como prioridade vencer as eleições para os governos dos estados.
A sigla quer centrar esforços na reeleição de três governadores: Mauro Mendes, em Mato Grosso; Ronaldo Caiado, em Goiás; e o coronel Marcos Rocha, em Rondônia.
Além disso, o novo partido apostará nas candidaturas do atual prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, ao governo de Santa Catarina; de Antônio Carlos Magalhães Neto, ao governo da Bahia; e de Miguel Bezerra (filho do ex-líder do governo no Senado Fernando Bezerra), ao governo de Pernambuco; do deputado Felipe Rigoni, ao governo do Espírito Santo; e do deputado Capitão Wagner, ao governo do Ceará.
“Temos candidaturas extremamente competitivas. Um partido que está em formação tem que organizar a realidade local e, com isso, vai dar tempo para amadurecer as candidaturas, pensando na cena nacional. Não acredito em qualquer decisão em curto prazo sobre formação de aliança para a corrida presidencial neste momento”, pondera Efraim Filho.
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