Ela foi indiciada pelo Ministério Público de Santa Catarina e está com pedido de prisão preventiva em aberto. Ray, como também é conhecida, integra a quadrilha do noivo, denominada “Família Errejota” e especializada no chamado golpe do motoboy.
Rayane Figliuzzi: blogueira é apontada pelo Ministério Público de Santa Catarina como estelionatária — Foto: Reprodução/Redes sociais
Jovem, bonita e procurada por estelionato. As acusações de crime formam a faceta menos conhecida da carioca Rayane da Silva Figliuzzi, de 24 anos. Até o ano passado, Rayane Figliuzzi ou Ray, como também é chamada, era mais conhecida por ser atriz, modelo e blogueira com mais de 88 mil seguidores.
Mas, segundo a denúncia do MP de Santa Catarina, ao conhecer Alexandre Navarro Junior, o Juninho, de 28 anos, ela passou a ajudá-lo em sua quadrilha, especializada em aplicar o chamado “golpe do motoboy”, emprestando maquininha de cartão e fazendo de suas contas bancárias vias do dinheiro ilegal, que depois seria transferido para o noivo criminoso.
Esses detalhes constam em um inquérito policial aberto pela 5º Delegacia de Polícia da Capital, em Florianópolis – onde Juninho aplicava seus golpes -, e que serviu de base para a denúncia feita pelo Ministério Público de Santa Catarina em setembro desse ano.
A denúncia foi aceita pela Justiça catarinense, que determinou inclusive a prisão preventiva de toda a quadrilha de Juninho – formada por ele e mais 14 pessoas, incluindo Rayane e a irmã do criminoso, Yasmin Navarro.
De blogueira à procurada
Filha de uma família de classe média, moradora da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, Rayane começou a aparecer nas colunas sociais e na noite carioca entre 2016 e2017, quando começou a fazer o curso de interpretação na escola de atores do diretor Wolf Maya.
A partir daí, ela começou a investir fortemente em ficar famosa. Criou um canal no YouTube com uma amiga para dar dicas de moda, beleza e lifestyle.
Também em 2017, estrelou o clipe “Aquele Mina”, de MC Mateus, produzindo por Kondzilla. Trabalhou como modelo em eventos e catálogos.
Em 2019, casou-se com um empresário carioca, chegou a ocupar um cargo como assessora em cargo comissionado da Fundação Centro Estadual de Estatística, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Estado do Rio de Janeiro — CEPERJ -, durante o governo de Wilson Wizel. Foi exonerada em fevereiro de 2020.
Antes disso, o nome de Rayane - que continuava fazendo seus trabalhos como modelo -, chegou a aparecer nos jornais e na internet como possível novo affair do cantor Saulo Pôncio.
Rayane em cena do clipe "Aquela Mina" — Foto: Reprodução
Em janeiro de 2020 foi companhia constante do rapper norte-americano, Tyga, durante sua passagem pelo Brasil e ficando hospedada em uma mansão que ele alugou na Joatinga, na Zona Sul da cidade.
Paralelamente a isso, a conta no Instagram crescia e os trabalhos como modelo ajudavam a turbinar a porção blogueira de Rayane. Ela anunciava roupas, produtos de beleza e linhas ligadas a bem-estar e saúde. Atualmente, ele tem 88 mil seguidores.
Empresa ajudou quadrilha do noivo
Em outubro de 2020, ela abre a empresa Numance, comércio de vestuário e acessórios, e vínculo pelo qual a polícia chegou até o seu nome. Já que uma maquininha de cartão estava ligada ao seu CPF.
Além disso, o nome de Rayane aparece em conversas de Juninho, quando orientava membros de sua quadrilha a passarem cartões das vítimas na máquina de Ray ou de sua irmã, Yasmin, procurada no Rio de Janeiro pelo mesmo crime.
No inquérito policial, os investigadores destacam que os produtos negociados por Rayane em sua loja tinham baixo valor agregado, que ela tinha renda presumida de R$ 7 mil, mas que no período de um mês, em dezembro de 2020, chegou a movimentar mais de R$ 187 mil. Valores que depois foram repassados para a conta de Alexandre Navarro.
A polícia catarinense cita ainda diversas fotos do casal Rayane e Juninho em viagens em que provavelmente usufruíam do “dinheiro fruto de crimes praticados em face de pessoas idosas, na maioria das vezes.”
Rayane Juninho tiveram um filho em 2021, e seguem procurados pela polícia.
Como agia a quadrilha em Santa Catarina
Alexandre Navarro Júnior, de 28 anos, vulgo Juninho, praticava o chamado "golpe do motoboy", na capital catarinense, com outras 14 pessoas. Ele comandava uma quadrilha, chamada de “Família Errejota”, que incluía a noiva, a blogueira Rayane Figliuzzi, de 24 anos, e também a irmã Yasmin, de 25.
A partir da prisão de um integrante e da investigação realizada pela 5º Delegacia de Polícia da Capital, em Florianópolis, a polícia chegou ao nome de Juninho, entendeu todo o esquema realizado pelo grupo e fez o indiciamento dele.
O Ministério Público de Santa Catarina transformou o caso em denúncia, que foi aceita pela Justiça catarinense em setembro desse ano. As prisões preventivas da Família Errejota foram decretadas no dia 7 de novembro de 2021, e o caso segue em segredo de Justiça.
Foragida duas vezes
Além de ajudar o irmão a montar sua organização criminosa em Santa Catarina, Yasmin Navarro decidiu montar sua própria célula criminosa no Rio de Janeiro. Com a ajuda de amigas e blogueiras influentes nas redes sociais, ela alugou um apartamento no Recreio, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, e transformou em uma central de golpes.
Era de lá que ela, Anna Carolina de Sousa Santos, Mariana Serrano de Oliveira, Rayane Silva Sousa e Gabriela Silva Vieira ligavam para vítimas, em geral idosas, se passavam por agentes bancárias, comunicavam uma compra suspeita, pediam para as vítimas digitar a senha do cartão no telefone, conseguiam captar a mesma e informavam que um motoboy iria recolher o cartão para ser descartado.
De posse do cartão e da senha das vítimas, elas faziam compras e débitos nas contas das mesmas. Mesmo modo operacional usado pelo irmão de Yasmin em Santa Catarina.
O braço carioca da organização foi desfeito no dia 7 de julho, quando policiais da 40ª DP, de Honório Gurgel, prendeu o grupo em flagrante.
Elas tiveram a prisão preventiva decretada, ficaram 20 dias presas no Complexo Prisional de Bangu, e conseguiram o relaxamento da prisão.
No entanto, um vídeo nas redes sociais, em que uma das rés, Rayane Silva Sousa, debochava da Justiça, fez com que o Marcello Rubioli, da 1ª Vara Criminal Especializada, voltasse atrás e decretasse novo pedido de prisão.
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