Prestes a lançar "Marighella" nos cinemas após um imbróglio de anos, Wagner Moura criticou o governo Bolsonaro em entrevista ao repórter Leonardo Sanchez e disse que votaria no ex-presidente Lula se as eleições fossem hoje, mesmo com ressalvas.
Eleições de 2022 Moura define como "trágica, mas pedagógica" a vitória de Bolsonaro, por revelar que o Brasil também é "um país autoritário, violento, racista, de uma elite escrota". "Ele é um personagem profundamente conectado ao esgoto da história brasileira, que nos mostra que o Brasil não é só um país de originalidade, de beleza, de potência, de diversidade, de biodiversidade."
É considerando este cenário que o cineasta declara voto a Lula, que para ele é "o presidente mais importante da história do Brasil", mas faz ressalvas, porque gostaria de "um passo adiante" na política. "Do PT, a gente tem que buscar outra coisa, uma ideia de país que foi esboçada por esses governos, mas não suficientemente."
"Por um tempo, achei que Marina Silva representava esse passo adiante, mas ainda procuro por esse alguém, seja na figura de um partido, seja na de um político. Há muitos políticos que respeito, jovens, que podem virar esse passo adiante, mas agora o momento é de reconstrução da democracia. Então, se a eleição fosse hoje, acho que eu votaria no Lula."
"O que está em jogo hoje é a democracia em si", disse o ator, que agora dirige seu primeiro filme. "O retrocesso foi tão grande que temos que olhar para a saúde da democracia, independentemente de quem seja o próximo presidente do Brasil. A gente tem que derrotar esse atraso."
Censura Moura acredita haver censura no Brasil de Bolsonaro. "Não como na época da ditadura, de que não vai passar e ponto, mas uma censura que inviabiliza o lançamento de filmes por uma via burocrática", em suas palavras. "É triste, é só triste. Eu não tenho raiva, só tristeza."
A cinebiografia do guerrilheiro Carlos Marighella finalmente marcou sua data de estreia para 4 de novembro, mas antes embarca numa turnê de pré-estreias pelo país já nesta segunda-feira, 25.
O filme deveria ter estreado há dois anos, o que não ocorreu porque a Ancine, a Agência Nacional do Cinema, impossibilitou o lançamento em duas ocasiões.
"Não tenho a menor dúvida de que o filme foi censurado. As negativas da Ancine para o lançamento e, depois, o arquivamento dos nossos pedidos não têm explicação. E isso veio numa época em que o Bolsonaro falava publicamente sobre filtragem na agência, que filmes como 'Bruna Surfistinha' eram inadmissíveis, que não ia dar dinheiro para financiar filmes LGBT."
"O que acontece é que a arte e a cultura são, por excelência --independentemente de como se posicionam os artistas--, inimigas do fascismo. Se você vai buscar na história, todos os regimes fascistas começam por atacar artistas."
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