Em carta escrita no complexo penitenciário de Bangu, o presidente licenciado do PTB também criticou postura de Flávio Bolsonaro: 'Quem anda com lobo, lobo vira, lobo é. Vide Flávio'
O ex-deputado federal Roberto Jefferson escreveu uma carta com duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) sobre o que ele chama de "vício nas facilidades do dinheiro público". Durante o texto, escrito em sua cela no complexo penitenciário de Bangu, na Zona Oeste da cidade, Jefferson também afirmou que ao se aproximar de Ciro Nogueira e Valdemar da Costa Neto, políticos do centrão, Bolsonaro se tornou um "viciado", assim como eles: "Quem anda com lobo, lobo vira, lobo é. Vide Flávio". As informações são do Jornal O Globo.
"O presidente tentou uma convivência impossível entre o bem e o mal. Acreditou nas facilidades do dinheiro público. Esse vício é pior que o vício em êxtase. Quem faz sexo com êxtase tem o maior orgasmo ou ejaculação que o corpo humano de Deus pode proporcionar. Gozou com êxtase, para sempre dependente dele. Desfrutou do prazer decorrente do dinheiro público, ganho com facilidade, nunca mais se abdica desse gozo paroxístico que ele proporpciona. Bolsonaro cercou-se com viciados em êxtase com dinheiro público; Farias, Valdemar, Ciro Nogueira, não voltará aos trilhos da austeridade de comportamento. Quem anda com lobo, lobo vira, lobo é. Vide Flávio", disse Jefferson em um trecho da carta.
O ex-deputado federal defendeu uma candidatura própria do PTB para o pleIto presidencial de 2022, além de um convite direto ao vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB).
"Vamos convidar o Mourão. O PTB terá candidatura própria, quem sabe apoiamos o Bolsonaro no segundo turno", escreveu ele.
Em diversas oportunidades, Jefferson, quando ainda exercia a presidência do PTB, chegou a convidar Bolsonaro publicamente para ingressar no partido, mas as negociações não avançaram. Atualmente, o presidente negocia com PL e PP, dois partidos do Centrão comandados respectivamente por Ciro Nogueira e Valdemar da Costa Neto.
Jefferson saiu em defesa dos atos antidemocráticos de 7 de Setembro e afirmou que o presidente "fraquejou" ao não avançar nas demandas do "povo que foi às ruas". Na ocasião, os manifestantes fizeram pedidos inconstitucionais, como o de intervenção militar e a destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Todo o povo saiu às ruas para dizer, eu autorizo, não havia volta, não havia transigência com as velhas práticas. Mas por algum motivo, Bolsonaro fraquejou. Não teve como seguir. Escrevo isso insone. Não preguei meus olhos. Esse pensamento queimou minhas pestanas, não consegui fechar meus olhos e dormir. Vamos por nós mesmos", escreveu Jefferson.
Jefferson retornou para a prisão na quinta-feira, 14, após determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes, depois que o político recebeu alta hospitalar. Ele estava internado desde o início de setembro por conta de uma infecção urinária, além de dores na lombar. O ex-deputado também foi submetido a um cateterismo para desobstrução de uma artéria.
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