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Irmã Suraya Chaloub morre em Campos


Irmã Suraya Chaloub morre em Campos

O Centro Educacional Nossa Senhora Auxiliadora (Censa) comunicou, na manhã deste domingo (20), a morte da Irmã Suraya Chaloub. A irmã Suraya, de 88 anos, havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico em maio. Ela ficou internada até junho no Hospital Dr. Beda e desde então era acompanhada por um sistema de suporte em domicílio, o home care.

O Censa comunicou ainda que, seguindo orientações das autoridades em saúde, o velório e sepultamento serão restritos à família. Uma missa em homenagem à irmã Suraya foi transmitida pelo youtube do Censa a partir das 14h deste domingo.

Irmã Suraya foi, por muitos anos, a diretora do Colégio Auxiliadora e seu trabalho pela Educação é reconhecido por todos. Colocou uma das mais tradicionais escolas de Campos a nível de curso superior. Era considerada uma gestora rara, dona de uma cultura ímpar.

 

História

Irmã Suraya nasceu em Macaé, em 23 de fevereiro de 1932, na Rua Direita (atual Av. Rui Barbosa). Filha de Jorge Chaloub, empresário libanês radicado na cidade e de Alzira Benjamin Chaloub, de família tradicional no comércio exportador do café, sendo a última dos 7 filhos do casal, compreendendo 5 meninos e 2 meninas.
Sua mãe sempre foi o orgulho do esposo e dos filhos. Com belíssima voz de soprano participava das Missas dominicais e festas religiosas com piedade, transmitindo-a aos filhos.

Dos 5 aos 10 anos a pequena Suraya conviveu com a luta de sua mãe contra um câncer na garganta, que a fez sofrer duramente e lhe tirou a vida. Mesmo doente, ela preparou os filhos ainda crianças, dizendo-lhes repetidamente: “Não fiquem tristes com a perda de sua mãe. Já os entreguei a Nossa Senhora, que cuidará de vocês com muito carinho, sendo-lhes mãe afetuosa. Confiem! Ela nunca lhes faltará na vida!” Essa certeza sempre acompanhou a pequena Suraya.

Fez seus estudos primários em Macaé, em escola particular de renomadas professoras, Marieta Peixoto e Irene Meirelles, que mesmo sendo paraplégica, sempre se distinguiu por seu alto conhecimento. Delas recebeu uma educação primária esmerada, para além do conteúdo comum da época, iniciando-se nos estudos de francês, artes e literatura. As Leituras Católicas de D. Bosco lhes eram companhia frequente.

Em 1942, após o falecimento da mãe, seu pai a matriculou como aluna interna, no Colégio N. S. Auxiliadora, na cidade vizinha, em Campos dos Goytacazes/RJ para, segundo ele, receber das Salesianas uma educação integral, religiosa, intelectual, moral e cultural. Sua vinda para o “Auxiliadora” de Campos aumentou-lhe o amor a N.Senhora, tão bem incutido pela mãe desde pequena; e estimulada pela grande catequista salesiana Ir. Zilda Castro passou a acompanhá-la, desde os 12 anos, em suas andanças missionárias nos arredores de Campos.

No período de férias em Macaé e/ou no Rio de Janeiro, seu pai lhe proporcionava as diversões próprias da idade e de seu contexto sociofamiliar: praia, esportes, festas sociais e culturais. Sempre foi um pai muito presente e atuante na educação dos filhos.

Ainda jovem, aos 17 anos, Suraya integrou um pequeno grupo de profissionais da cidade, que partilhavam de “Estudos Literários e Filosóficos (GELF)” e se exercitavam no tênis como esporte preferido. Este convívio a amadureceu culturalmente. A esta vida sociocultural aliava seu interesse e liderança cristã, acompanhando o pai nas Missas diárias matinais e nos movimentos e campanhas humanitárias promovidas com frequência na Igreja Matriz da cidade. Terminados os estudos da Educação Básica em Campos, ingressou com excelentes aprovações na Faculdade Nacional de Filosofia (hoje UFRJ) e no magistério público estadual, onde atuou por dois anos.

A sensibilidade religiosa, alimentada pelo pai, o amor à educação dos jovens despertado pelo conhecimento de Dom Bosco e crescente admiração e identificação com seu projeto pedagógico, desenvolveram na jovem Suraya o desejo de abraçar a vida religiosa salesiana como um projeto de vida a serviço de uma causa maior, unindo a intimidade com Deus a uma ação missionária educativa em favor da juventude.

Iniciando sua atuação na Ação Católica como membro da JUC (Juventude Universitária Católica), participou do Congresso Eucarístico Internacional realizado no Rio de Janeiro em 1955. Ao término deste Congresso se decidiu abraçar a vida religiosa salesiana, no Instituto Religioso das Filhas de Maria Auxiliadora de D.Bosco (FMA) pois sempre manteve contato com suas Irmãs do “Auxiliadora”.

Mesmo sendo um homem de fé, seu pai não compreendeu o chamado da filha à vida religiosa. Reprovou-lhe a opção firmemente, lembrando-lhe que havia renunciado a um novo casamento para se dedicar inteiramente aos filhos e, em especial, às duas filhas e, no entanto, se sentia preterido e abandonado, como também toda a família. Foram 3 anos e meio de lutas e incompreensão de um pai antes tão amoroso.

Em 1959, após seus primeiros votos religiosos, feitos em Belo Horizonte, MG, foi-lhe dada a oportunidade para realizar seus estudos universitários de Pedagogia, Filosofia e Ciências Religiosas em Turim, Itália e, em 1963, continuar seus estudos em Lyon e Paris, na França. Voltou ao Brasil em 1964, sendo indicada para a comunidade religiosa de Brasília/DF.

Em 1971, participando ativamente na direção da Associação Nacional da Educação Católica (AEC), da qual foi eleita Presidente em três mandatos trienais distintos, foi indicada para usufruir de uma bolsa de estudos de especialização em Planejamento Educacional, em curso promovido no Chile pela Conferência Episcopal Latino-Americana em parceria com a Unesco. Voltando do Chile foi nomeada para o Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro para um mandato de 4 anos, até 1974. Em 1981 foi transferida para a comunidade de Brasília/DF, onde exerceu a função de Vice-Reitora Acadêmica da Universidade Católica de Brasília.

Em 1982 iniciou seu Mestrado na PUC do Rio de Janeiro, tendo sido sua tese de Mestrado indicada para publicação, o que se efetivou com o título de “Processo Pedagógico gerador de uma consciência crítica – uma História de Vida”. Em toda a sua vida acadêmica sempre se distinguiu não apenas pela capacidade intelectual e crítico-social, mas, sobretudo, como educadora comprometida com um humanismo cristão vivo e atuante.

Apaixonada pela causa educacional e com ela se identificando, Ir. Suraya exerceu na área de Planejamento, funções em âmbito local, regional e nacional, compreendendo as áreas da Igreja, dos Religiosos do Brasil e da própria Congregação, também na área educacional laica, como por exemplo, como Presidente eleita da Fundação Cultural de Campos/RJ, que congrega 5 faculdades e na docência da Faculdade de Medicina de Campos. No exercício da Direção do Instituto N. S. da Glória em Macaé por um triênio na década de 80, imprimiu-lhe o sopro da renovação e da contextualização.

O trabalho de Ir. Suraya como Diretora Geral do Centro Educacional N. S. Auxiliadora, em Campos dos Goytacazes/RJ, nos períodos de 1969 a 1980 e de 1989 a 2016 teve sempre destaque na sociedade local, regional e nacional. Em 2002, criou os Institutos Superiores de Ensino do CENSA com empreendedorismo inovador, liderança humanística e repercussão social no âmbito acadêmico, sócio-político-cultural e religioso. Em sua gestão sempre aliou os princípios da tradição ao frescor da inovação. Por isso, deu uma feição nova aos Institutos Superiores que criou e dirigiu, imprimindo-lhe a marca de qualidade e de responsabilidade social, envolvendo docentes e acadêmicos em projetos que se traduzem em ações efetivas de serviço comunitário.

Sua liderança se caracterizou por criar condições para que as pessoas que com ela trabalhavam, descobrissem seus próprios valores e fossem capazes de dar o melhor de si no desempenho de uma ação educativa evangélica, salesiana e cidadã.

A caminhada existencial de Ir. Suraya pode parecer ter sido sempre fácil. As lutas e dificuldades sempre estiveram presentes, mas sempre encaradas positivamente como desafios que nos fazem crescer e alimentam a confiança absoluta no Deus da Vida e do Amor. Eram frequentes em seus lábios afirmações evangélicas e paulinas que se tornaram suas certezas: “A pesca abundante é uma prova de que Deus está conosco” (Cfr. Mt 5,1-10); “Vim para que todos tenham vida e a tenham em plenitude” (Jo 10,10); Quero que o testamento de Paulo seja também meu: “… chegou o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a minha corrida, guardei a fé. E agora, já está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor me dará (2 Tm 4,6-8); “Sei em quem pus minha confiança” (2 Tm 1,12).

 

Com informações da assessoria do Auxiliadora




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