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Bolsonaro diz que governo federal não comprará vacina chinesa

Bolsonaro diz que governo federal não comprará vacina chinesa
Menos de 24 horas depois de o Ministério da Saúde anunciar a inclusão da vacina da chinesa Sinovac
contra Covid-19 no Programa Nacional de Imunização e a compra de doses do imunizante pelo governo federal, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, ao responder a apoiadores em uma rede social, que a vacina não será adquirida por seu governo.

“NÃO SERÁ COMPRADA”, respondeu Bolsonaro no Facebook diante do comentário de um apoiador que criticou o fato de a vacina da Sinovac ser chinesa.

O apoiador disse ainda que a China é uma ditadura.

“Tudo será esclarecido hoje. Tenha certeza, não compraremos vacina chinesa. Bom dia”, afirmou o presidente em outra resposta a uma apoiadora que disse haver “um Mandetta milico no Ministério da Saúde”, em referência ao ex-titular da pasta, Henrique Mandetta, que deixou o posto em meio a atritos com Bolsonaro.

A China é o maior parceiro comercial do país, mas também alvo constante de críticas da base mais radical de apoio a Bolsonaro.

Na terça-feira, durante reunião virtual com governadores, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a vacina da Sinovac, que está sendo testada no Brasil em estudo liderado pelo Instituto Butantan, do governo do Estado de São Paulo, e será produzida localmente pela entidade, será uma vacina brasileira como diversas outras produzidas pelo instituto.

“O Butantan já é o grande fabricante de vacinas para o Ministério da Saúde, para o SUS. Setenta e cinco por cento das vacinas que nós compramos para vacinar os brasileiros vêm do Butantan. O parque fabril deles é muito potente”, disse Pazuello no encontro, cujo vídeo foi divulgado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), adversário político de Bolsonaro.

A expectativa do ministério, segundo disse Pazuello aos governadores, é que a vacina da Sinovac esteja disponível a partir de janeiro de 2021.

A decisão do ministério foi tomada após governadores levantarem a preocupação de que a disputa política entre Doria e Bolsonaro evitasse que o governo federal adotasse a vacina da fabricante chinesa, chamada de CoronaVac, que tem um cronograma mais adiantado do que a vacina da AstraZeneca que já foi contratada pelo ministério.

A resposta de Bolsonaro aos apoiadores nesta quarta, entretanto, coloca novamente a possibilidade de uma disputa política em torno da vacina. Após a declaração do presidente, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que está em campo político oposto tanto a Doria como a Bolsonaro, disse que os governadores irão ao Congresso e à Justiça para garantir vacinas.

“Não queremos uma nova guerra na Federação. Mas com certeza os governadores irão ao Congresso Nacional e ao Poder Judiciário para garantir o acesso da população a todas as vacinas que forem eficazes e seguras. Saúde é um bem maior do que disputas ideológicas ou eleitorais”, escreveu ele no Twitter.

Doria tem afirmado que o imunizante da Sinovac se mostrou seguro em testes e chegou a anunciar que ele poderia ser aplicado já em dezembro. Nesta semana, entretanto, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que ainda não há resultados sobre a eficácia da vacina e que o órgão espera entregar ainda neste ano a documentação para pedido de registro da vacina junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Doria está em Brasília nesta quarta e terá encontros com representantes da Anvisa e com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. Antes do anúncio de Pazuello na terça, estava prevista uma reunião com ministro, acompanhado por parlamentares, numa tentativa de pressionar pela inclusão da CoronaVac no programa nacional.

O governador ainda não se manifestou sobre os comentários de Bolsonaro nesta quarta.

O presidente, por mais de uma vez, ironizou a vacina da Sinovac e chegou a afirmar que Doria age como se fosse “médico do Brasil”.

O governador paulista tem dito que, se não houver acordo com o governo federal, fará a vacinação da população de São Paulo uma vez que a vacina esteja registrada junto à Anvisa.

Bolsonaro já disse por diversas vezes que pretende disputar a reeleição em 2022 e Doria é amplamente visto como provável candidato no pleito de daqui a cerca de dois anos.(com agência Reuters)




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