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Em Natal professor ameaçado de morte por partidários de Bolsonaro

Em Natal professor ameaçado de morte por partidários de BolsonaroAula de história em Natal terminou com um professor ameaçado de morte por partidários de Bolsonaro

Explicação sobre aplicação da Lei Rouanet foi vista como ataque político por pai de aluno
Dinarte Assunção, de Natal
Os alunos da turma do primeiro ano 'B' do ensino médio do CEI Mirassol, uma das mais tradicionais escolas privadas de Natal, tinham acabado de iniciar a aula de português na manhã da última sexta-feira, quando a coordenadora Ana Cristina Dias interrompeu as atividades para perguntar se na aula anterior, de história, havia tido menções políticas a algum candidato na disputa pelo Palácio do Planalto.

Os alunos responderam negativamente e Ana Cristina supôs que o assunto estava encerrado, até ser surpreendida com a notícia de que a dúvida que fora sanar tinha tomado dimensões de crise e estava viralizando em grupos de WhatsApp.

Em um áudio de três minutos e dezessete segundos encaminhado a um grupo familiar no aplicativo de mensagens, o professor de história Euclides Tavares narrava esbaforido como estava em choque. Ele viu sua citação, em aula dedicada à história do cinema, à Lei Rouanet, alvo de críticas dos seguidores do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, se transformar em pesadelo.

De acordo com relato do professor e de um aluno ouvido pela reportagem, Tavares explicava por que símbolos de estatais como a Petrobras apareciam na abertura de filmes nacionais, indicando que ali se tratava de apoio através da Lei Rouanet. Serviu de fomento para a polêmica as menções feitas sobre os filmes 'Cidade de Deus' e 'Tropa de Elite'. Foi o gancho para Tavares argumentar que o problema das drogas no Rio de Janeiro era causado pela falta de enfrentamento dos políticos. Antes que a aula terminasse, a coordenação do colégio registrou uma ligação.
"A coordenadora me chamou para perguntar o que houve porque um pai ligou para dizer que eu estava fazendo discurso a favor de Lula e metendo o pau em Bolsonaro. Ele disse 'resolva, resolva porque senão quem vai resolver sou. Eu vou aí com mais três pais armados e ele vai ver porque Bolsonaro é... pra ser presidente do Brasil'. E pá! Bateu o telefone", narra Tavares no áudio.

Procurado por Época, ele confirmou a autenticidade do material. Acuado, todavia, pela repercussão do caso, limitou-se a acrescentar que estava estudando que providências iria tomar sobre o assunto — no áudio, ele afirma que iria registrar boletim de ocorrência — e preferiu não dar entrevista.

O episódio reflete a dimensão que o acirramento dos ânimos e as fake news tomaram nesta eleição. Um aluno que estava na aula  relatou à reportagem que um colega abertamente pró-Bolsonaro já está sendo identificado como suspeito de ter acionado o pai e está enfrentando bullying. Mas ele mesmo ressalta que, apesar da acusação, não tem provas.

Diante da repercussão, a escola confirmou a versão do professor de que não houve debate político em sala de aula. A coordenação também admitiu a ligação, mas jogou a polêmica no terreno do trote. "A gente precisa apoiar o professor em tudo se houve uma ameaça, mas infelizmente, qualquer coisa que se fale se volta para questão política. Possivelmente foi um trote, mas temos que averiguar de verdade", explicou Ana Cristina Dias.

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