Com a ajuda do ex-governador Sérgio Cabral, o presidente afastado da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio), Orlando Diniz, desviou, segundo a investigação, ao menos R$ 3 milhões de duas entidades do Sistema "S", o Sesc e o Senac-RJ, para a Thunder Assessoria Empresarial, firma na qual figura como sócio-administrador.
Esta conexão, apontada pela força-tarefa da Operação Calicute, versão da Lava-Jato no Rio, é um dos fundamentos do mandato de prisão preventiva de Diniz nesta sexta-feira, ordenada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. Os agentes estão na casa do pai do empresário, no Leblon, zona sul do Rio e também na sede da Fecomércio. Outros três funcionários da entidade também são alvos de mandados de prisão.
A operação de hoje foi denominada "Jabuti", em referência à maneira como eram tratados os indicados por Cabral pelos funcionários da Fecomércio.
De acordo com a investigação, Diniz subtraiu o dinheiro das entidades entre 2010 e 2015. Para isso, segundo evidências colhidas pelos procuradores, usou notas fiscais frias emitidas, a pedido de Cabral, por duas empresas: a Dirija Veículos e a Viação Rubanil. Diniz - afastado atualmente do cargo por meio de uma liminar - e os demais suspeitos são acusados de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e de organização criminosa.
Outras operações investigadas
Além da contratação fantasma, o MPF investiga outras operações feitas sob o comando de Diniz.
Segundo os investigadores, o presidente da Fecomercio-RJ gastou R$ 180 milhões em quatro anos com escritórios de advocacia, em contratos que fugiam das normas técnicas e de transparência dos órgãos sob sua responsabilidade. A suspeita é que ele tenha usado dinheiro público para se defender e se manter no poder dessas entidades.
Entre os escritórios contratados estão o da ex-primeira dama e mulher de Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo, e o de Roberto Teixeira e Cristiano Zanin, o mesmo escritório que defende o ex-presidente Lula na Lava Jato.
O contrato com o escritório de Teixeira e Zanin foi o mais caro entre eles: R$ 68 milhões, sendo R$ 1 milhão pago em espécie. Ao escritório de Adriana Ancelmo, segundo o MPF, a Fecomércio-RJ pagou R$ 20 milhões, utilizando verba pública federal obtida a partir de convênio com Sesc/Senac. Segundo o MPF, a contratação que justificou esses pagamentos são "absolutamente suspeita".
Ainda de acordo com a investigação, o presidente do sistema Fecomércio-RJ utilizou o esquema de lavagem de dinheiro de Ary Filho, operador financeiro de Cabral, por falsos serviços prestados pela sua empresa Thunder com concessionárias de veículos e empresas de ônibus, movimentando cerca de R$ 3 milhões.
Os envolvidos são acusados dos crimes de lavagem de dinheiro, de corrupção e pertencimento a organização criminosa. Além dos mandados de prisão, os agentes fazem buscas na sede do sistema Fecomércio-RJ, no Flamengo, Zona Sul do Rio.
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