Presidente do Inepac deu 48 horas para agência de comunicação retirar a estrutura, que divulga um automóvel.
Uma casa de vidro de cem metros quadrados brotou esta semana no calçadão da Praia de Ipanema, entre os postos 9 e 10. Parte de uma ação publicitária da Toyota, a construção com vista para o mar e prazo de validade até 12 de dezembro já chegou a um dos principais cartões-postais da cidade provocando polêmica. Conforme noticiou nesta quinta-feira a coluna Gente Boa, do GLOBO, o presidente do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), Marcus Monteiro, não gostou do que viu e deu um prazo de 48 horas — que vence hoje — para que a Magic Comunicação, responsável pela construção do espaço que divulga um automóvel da marca, retire-o de lá.
O argumento: a orla é tombada e o órgão não foi consultado sobre a construção da casa bem ali na areia de Ipanema.
— A realização de eventos na orla tem que passar pelo Patrimônio. E nós não autorizarÃamos uma loja na praia, que não oferece nenhuma contrapartida à população. É acintoso privatizar o espaço público, uma ofensa à paisagem do Rio de Janeiro. Se o estande não for retirado até o fim do dia de amanhã (hoje), vou acionar o Ministério Público e a Justiça. Quanto mais eles demorarem para retirar, pior para eles. Vão ter que assinar um termo de ajustamento de conduta e pagar multa pelo tempo que ficarem ali — disse Monteiro.
A empresa Magic Comunicação afirma ter alvará da prefeitura e autorização do Corpo de Bombeiros e diz ter feito o pagamento de todas as taxas exigidas. Diz ainda que notificou o Inepac sobre a casa em 28 de novembro, dia em que ela foi aberta ao público. Mas, segundo o órgão, notificar é diferente de ter autorização.
“COMPROMETE A PAISAGEM”, DIZ TURISTA
Na praia, cariocas e turistas se disseram assustados com a “instalação’’, que avança para o calçadão.
— Costumo passear pela orla de Ipanema quando venho ao Rio e levei um susto quando vi essa casa aqui. Compromete a paisagem e polui o visual da praia — lamenta a empresária mineira Claudia Oliveira, natural de Uberlândia.
Moradora do Leblon, a comerciante Solange Mamezi também é contra a interferência:
— Se pode um, podem outros. Daqui a pouco a praia está cheia de estandes. Vai virar um mercado.
O designer gráfico Wilson Nóbrega se disse espantado com o “corpo estranho’’ em meio aos coqueiros da orla:
— Isso aqui é um lugar público. A gente vem para a beira do mar para se desligar do mundo e não para ser invadido por uma propaganda.
A Magic Comunicação ressalta que não agiu de má-fé e que está fazendo uma avaliação técnica da legislação para estudar que medidas serão tomadas em relação ao pedido do Inepac. Procurada, a Toyota não se pronunciou.
Deixe sua opinião