Como muitos empreendedores, Max Oliveira teve a ideia do seu negócio quando tropeçou justamente no problema que hoje se propõe a resolver. "Eu morava em Vitória na época, me mudava muito e viajava bastante pelo trabalho. Fui comprar uma passagem que custava pouco mais de R$ 100. Na hora de pagar, o cartão teve um problema e tive que recomeçar a compra. O preço da passagem mudou então para mais de R$ 500. Foi o que me fez pensar em como somos dependentes das companhias áreas no Brasil", contou ele, sócio fundador da MaxMilhas, uma startup belo-horizontina que conecta pessoas que têm milhas sobrando e não pode viajar com quem quer comprar milhas e emitir passagens áreas com um preço menor.
No fim das contas, Max desistiu dessa viagem pelo valor alto, mas pensou na possibilidade de emitir a passagem com milhas e começou a desenvolver a ideia que tomou forma na MaxMilhas. "Então tive essa ideia, de um site que pudesse conectar quem tem milha com quem precisa. Assim que pensei nisso, comecei a contar para todo mundo. Não fiz segredo, queria saber a opinião dos outros. E ai enxerguei também o outro lado, o problema de quem quer comprar as milhas, que também é muito forte", explicou Max.
Venda e compra de milhas não é algo novo, mas a plataforma de Max inova no modelo em que essa transação é trabalhada. A MaxMilhas intermedeia a negociação entre as pessoas que querem vender milhas e quem procura por uma passagem barata. E, diferentemente de outras empresas, existe a possibilidade de quem vende as milhas emitir as passagens para o comprador, eliminando a necessidade de passar a senha do programa de fidelidade. "Nós conseguimos uma forma de operar em larga escala para o consumidor final", comemorou Max.
Quando questionado sobre as polêmicas de venda e compra de milhas, Max não foge do assunto. Não é ilegal vender milhas, mas existe uma cláusula nos contratos de programas de fidelidade que tornam as mesmas inalienáveis, pelo menos em teoria. "Isso fazia sentido no passado, quando elas eram realmente uma doação ao consumidor pela fidelidade deles nos programas. Hoje, essa cláusula é no mínimo obsoleta. Atualmente a maior parte das milhas vem dos cartões de crédito, ou seja, o consumidor pagou por elas. E ainda é possível comprar milhas nos sites das próprias companhias áreas. Algumas já estão revendo essa posição", revelou Max. "Eu converso com elas com frequência e algumas pessoas nas companhias áreas pensam em mudar essa posição. Estamos com uma parceria em teste com uma delas, mas ainda não podemos contar os detalhes", disse ele.
O fato é que, ao contrário do que pode parecer, a MaxMilhas pode ter um efeito mais positivo que negativo para as companhias áreas. "O perfil do nosso cliente não é aquele cara que busca um preço melhor no trecho, mas sim quem deixaria de fazer a viagem se não conseguisse pagar algo acessível. Então estamos gerando sim uma receita marginal para as empresas. Se não fosse por nós, ele nem viajaria e o avião decolaria com o assento vazio", explicou. "Claro, alguns voos são muito procurados e nesse caso seria mais lucrativo para a companhia aérea a venda sem milhas. Nós fazemos uma pesquisa com quem compra com a gente. 33% deles não viajariam de jeito nenhum se não fosse a passagem na MaxMilhas. 58% das pessoas procuraria mais opções mais baratas e só 9% dos clientes compraria de qualquer jeito a passagem", afirmou Max.
Com 40% de crescimento em relação ao mês de janeiro, a MaxMilhas é mais uma startup mineira que, em um cenário de crise, aproveita as adversidades para crescer. "A crise pode ter talvez um impacto de médio/longo prazo, caso as pessoas acumulem menos milhas. Mas até hoje tivemos um efeito positivo. Muita gente deixou de ir para o exterior e vendeu seus milhas, enquanto outros encontram no nosso produto uma opção para viajar mais barato", apontou Max. A empresa começou o negócio com apenas três no time – hoje são mais de 40 pessoas, com perspectivas positivas de crescimento.
Fonte:http://www.em.com.br/
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