Animados com o apoio do PMDB do Rio e na expectativa da adesão de outros diretórios, os aliados do vice-presidente Michel Temer acreditam ser capazes não só de emplacar o rompimento do partido com o governo Dilma Rousseff como de construir unidade na reunião do diretório nacional, marcada para amanhã. A tendência é de que os peemedebistas aprovem a entrega de cargos à presidente, a começar pelos sete ministérios que a sigla comanda.
Temer chegou ontem à noite a Brasília para uma série de reuniões em que tentará eliminar os focos de resistência governista. Para o vice-presidente, alcançar a unanimidade na reunião do diretório é importante como um sinal de que o PMDB está unido em torno dele e de seu eventual governo – o Planalto aposta na divisão do partido para barrar o processo de impeachment na Câmara. Temer cogita, inclusive, presidir o encontro se sentir que pode transformá-lo num ato político a favor de sua chegada ao comando do País
Para evitar o constrangimento de um derrota acachapante, integrantes de diretórios governistas devem faltar à reunião. É o caso dos cinco representantes do PMDB paraense. O diretório é dominado pelo senador Jader Barbalho (PA), cujo filho, Helder, é ministro da Secretaria de Portos. Na semana passada, Jader tentou, sem sucesso, convencer Temer a adiar a reunião do diretório para 12 de abril. Governistas querem tentar ao menos adiar a entrega dos cargos para esta data Conversas.
O primeiro nome da lista de conversas que Temer pretende ter hoje é o do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Quer convencê-lo a apoiar o rompimento imediato. No entanto, aliados do senador dizem acreditar que um acerto seria “muito difícil”. Até o fim da semana passada, Renan e demais setores da ala governista do PMDB preferiam ver “o governo cair de podre”.
Temer também deve reunir-se com o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia), outro peemedebista que considera “precipitado” o rompimento imediato, como disse em entrevista.
Parte do PMDB cogita propor a expulsão de quem se recusar a entregar o cargo. Um aliado de Temer observa que, sem representar um partido, os ministros deixariam de ser úteis ao governo, pois teriam pouco poder de atrair votos na Câmara contra o impeachment Para o senador Romero Jucá (PMDB-RO), o Planalto mostrou não querer “membro do PMDB no governo” quando demitiu o presidente Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Antônio Henrique Pires, indicado por Temer. A exoneração, na quinta-feira, foi vista como retaliação pela tendência de rompimento do partido – o governo nega . A defesa da unidade em torno da decisão a ser tomada amanhã tem sido feita por diversos peemedebistas. “O ideal é que fosse por unanimidade. Vamos buscar isso até o último momento”, afirmou Jucá, que tem trânsito nas alas contra e a favor do rompimento.
Integrantes do núcleo duro de Temer apostam que a decisão de desembarque adotada pelo diretório do PMDB fluminense na quinta-feira contaminará outros Estados. Ao menos dez dos 12 votos da seção do Rio devem ser a favor do rompimento. O gesto ganha ainda mais força por Jorge Picciani, presidente do PMDB-RJ, ser pai do deputado Leonardo Picciani, líder da bancada na Câmara e até então principal defensor da aliança com Dilma. Leonardo não se manifestou
Segundo maior diretório do partido, o PMDB-MG também pode oficializar apoio ao desembarque do governo. Presidente da seção mineira, o vice-governador Antonio Andrade já avisou a integrantes da ala governista não ter condições de garantir o apoio dos outros 10 integrantes mineiros do diretório nacional Há duas semanas, o governo nomeou o deputado Mauro Lopes (MG) ministro da Secretaria de Aviação Civil. “O ministério foi dado contemplando o Mauro. Não vai influenciar a nossa decisão”, disse Andrade . Os mineiros conversarão hoje, mas só devem oficializar a decisão amanhã. O vice-governador afirmou querer sair da reunião com uma decisão unânime. “Vamos discutir até ver se conseguimos chegar a um consenso e a minoria seguir a maioria.”
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