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Investigação da Polícia Federal revela detalhes de um planejamento que envolvia a execução de ministro do STF e a centralização do poder sob comando militar.
O plano para o dia 15 de dezembro
Conforme os registros, a operação “Copa 2022” foi planejada com rigor militar e contava com a participação de ao menos seis militares especializados, utilizando codinomes como “Alemanha”, “Brasil” e “Japão” para ocultar suas identidades. O grupo utilizou técnicas avançadas de anonimização, como celulares descartáveis e linhas telefônicas registradas em nomes de terceiros, para evitar rastreamento.
O plano previa a prisão ou execução do ministro Alexandre de Moraes em Brasília, com base no monitoramento detalhado de seus deslocamentos. Mensagens trocadas no aplicativo Signal revelam que o grupo estava posicionado nas proximidades da residência funcional do ministro, localizada no final da Asa Sul, em Brasília. As comunicações indicam que o grupo aguardava ordens definitivas para realizar a ação.
Entre os recursos destacados para a operação estavam armamento pesado, como metralhadoras e explosivos, além de técnicas de camuflagem e exfiltração, usadas para garantir a retirada dos envolvidos do local sem deixar rastros. O relatório menciona ainda que havia um “ponto de resgate” pré-estabelecido para abrigar os participantes após a execução do plano.
Apesar do planejamento meticuloso, o líder da operação, identificado pelo codinome "Alemanha", ordenou o cancelamento da ação na noite de 15 de dezembro. Mensagens no grupo indicam que a decisão foi tomada devido a complicações logísticas e à incerteza sobre o sucesso da operação.
O gabinete de crise: um novo regime
No dia 16 de dezembro, o golpe avançaria para uma nova etapa: a instalação de um “gabinete de crise”, cuja minuta foi redigida e modificada no mesmo dia do plano de execução. O gabinete seria liderado pelo general Augusto Heleno, com coordenação do general Braga Netto e apoio estratégico de outros militares de alta patente, como o general Mario Fernandes.
A estrutura do gabinete tinha como objetivo "restaurar a legalidade e estabilidade institucional", segundo os documentos, mas seu propósito real era consolidar o controle militar sobre o país. Entre suas atribuições estava a coordenação de um novo pleito eleitoral, sob supervisão das Forças Armadas. Além disso, o Superior Tribunal Militar (STM) seria acionado para criar um "arcabouço jurídico robusto" que justificasse as ações.
Os registros indicam que o golpe também previa intervenções diretas contra outras autoridades e líderes políticos, incluindo o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin. A operação chamada “Punhal Verde e Amarelo” tinha elementos em comum com a “Copa 2022”, como a participação de forças militares de elite.
O Brasil esteve perto de um golpe
O que os documentos deixam claro é que o Brasil esteve perigosamente próximo de sofrer um golpe de Estado. O plano, cuidadosamente arquitetado, previa uma ação drástica e sem precedentes: a execução de Alexandre de Moraes, uma das figuras centrais na preservação da democracia, seguida pela instalação de um gabinete para consolidar o controle golpista.
O nível de sofisticação do planejamento, que incluía até mesmo um arcabouço jurídico para legitimar o golpe, reforça que o episódio não foi apenas um caso isolado de desordem política, mas sim uma tentativa organizada e coordenada de destruir o Estado de Direito. Alexandre de Moraes, ao ser monitorado e colocado no centro desse esquema, esteve realmente próximo de ser assassinado.
A sequência dos eventos planejados — com a morte de Moraes no dia 15 e a instalação do gabinete de crise no dia 16 — demonstra que as instituições democráticas do país foram alvo de um ataque direto e calculado. Esse episódio reforça a necessidade de seguir vigilante, garantindo que os responsáveis sejam responsabilizados e que ações dessa magnitude jamais se repitam.
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