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Eduardo Paes e presidente da Alerj medem forças de olho na eleição de 2026
Os dois negam a intenção de concorrer ao governo do estado, mas são vistos como interessados na disputa e protagonizam embate
Ao mesmo tempo em que manteve críticas duras a Castro, com quem trocou ataques na campanha, o prefeito acenou com uma trégua, na entrevista ao GLOBO, para que os dois possam se unir contra o que chamou de “interferência da liderança da Alerj” no governo estadual. A avaliação de interlocutores é que Bacellar busca movimentos de ampliação de espaços na gestão estadual por já farejar a possibilidade de uma candidatura em 2026.
Em outro movimento, em junho, o presidente da Alerj foi recebido por Bolsonaro na sede do PL, em Brasília, e ganhou das mãos dele a medalha de “imbrochável” — uma espécie de “honraria” dada pelo ex-presidente a nomes que considera de sua confiança. Segundo interlocutores, o ex-presidente queria conhecer Bacellar, em meio a uma construção tocada por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), de buscar um candidato do bolsonarismo para o governo do Rio em 2026. O PL tende a priorizar a conquista das duas vagas do Senado, uma delas com a reeleição do próprio Flávio.
Jantar em Brasília
No mesmo dia, à noite, Bacellar foi convocado para um jantar em Brasília com três deputados federais que presidem seus respectivos partidos no estado do Rio: Dr. Luizinho, do PP; Altineu Côrtes, do PL; e Áureo Ribeiro, do Solidariedade. Ouviu deles perguntas envolvendo a conversa com Bolsonaro, além de sondagens sobre a disposição para disputar o governo.
Altineu é o chefe da sigla bolsonarista, mas os outros dois estão na mira de Paes para eventual aliança a ser construída daqui a dois anos: o Solidariedade já o apoiou este ano na capital, e o PP recebeu afagos na entrevista ao GLOBO, na qual o prefeito classificou Luizinho como alguém a ser cortejado. O dirigente do PP também já sinalizou disposição para o diálogo com Paes.
Aliados de Bacellar suspeitam que a movimentação desses caciques envolva uma suposta tentativa de enfraquecê-lo já na tentativa de reeleição ao comando da Alerj, em fevereiro de 2025. Embora ainda não haja candidatura de oposição, a disputa pela presidência da Casa no próximo biênio pode antecipar a organização de forças da eleição de 2026.
Construção limitada
Paes, após a reeleição no primeiro turno, começa a estudar o cenário de quais lideranças pretende atrair para expandir sua força para fora da capital. Hoje, ele sustenta que buscará uma renovação da política fluminense sem ser o candidato. No entanto, a descrição de um cenário de terra arrasada no estado, feita por ele na entrevista, foi percebida por diferentes lideranças políticas fluminenses consultadas pelo GLOBO como um gesto de participação direta na disputa.
Um aspecto que pode dificultar a formação de alianças em torno de Paes é o fato de a eleição para governador ser muito casada com a de presidente. Comprometido com a reeleição de Lula (PT), Paes encontraria no Rio vários quadros de peso mais pendidos para o bolsonarismo. O PP, por exemplo, é presidido nacionalmente pelo senador Ciro Nogueira, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro (PL).
Na visita a Lula anteontem para agradecer pela aliança com o PT na campanha, um gesto de alinhamento, Paes levou o vice-prefeito eleito, Eduardo Cavaliere (PSD), que assumiria a capital na hipótese de o titular deixar a prefeitura para se lançar ao governo. Antes de o confronto entre Paes e Bacellar se explicitar ontem, ambos já haviam postado fotos nas redes sociais e se encontrado para conversas na pré-campanha.
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