Sobre o que são as ações?
Segundo os reclamantes, a chapa de Moro causou desequilíbrio eleitoral.
Isso teria ocorrido desde a filiação partidária do ex-juiz ao Podemos, em novembro de 2021, com o lançamento de sua pré-candidatura para a Presidência da República até o momento de sua eleição para o Senado pelo União Brasil.
O argumento das partes é de que Moro usou “estrutura e exposição de pré-campanha presidencial para, num segundo momento, migrar para uma
disputa de menor visibilidade, menor circunscrição e teto de gastos vinte vezes menor, carregando consigo todas as vantagens e benefícios acumulados indevidamente, ferindo a igualdade de condições entre os concorrentes ao cargo de senador”.
A ação diz que o ex-juiz teve os seguintes serviços à sua disposição durante a pré-campanha presidencial:
- media training;
- assessoria de imprensa;
- planejamento de marketing;
- produção de vídeos em ambos os partidos;
- remuneração mensal;
- segurança privada;
- viagens aéreas nacionais e internacionais para Moro e equipe;
- veículo blindado;
- hospedagens;
- exposição midiática de presidenciável;
- protagonismo em metade das inserções de propaganda partidária gratuita no rádio e na televisão;
- produção de conteúdo e estratégia de campanha;
- pesquisas eleitorais.
“Ou seja, não é um conjunto que esteja ao alcance das possibilidades do pré-candidato médio ao Senado pelo Estado do Paraná”, diz a acusação.
Movimentos de Moro na eleição de 2022
Em novembro de 2021, Moro se filiou ao Podemos com pretensões de disputar o Palácio do Planalto, chegando inclusive a aparecer em pesquisas de intensões de voto.
No final de março de 2022, ele se desfiliou do partido e entrou no União Brasil. Na ocasião, o ex-juiz anunciou que havia desistido de sua pré-candidatura “neste momento”.
Na mesma época, Moro solicitou sua transferência de domicílio eleitoral do Paraná para São Paulo. A medida foi aceita pela 5ª Zona Eleitoral, na zona oeste. Entretanto, em junho, o Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo (TRE-SP) acolheu um recurso do PT contra a decisão.
Com a impossibilidade de se candidatar por São Paulo, Moro anunciou, em julho, sua candidatura ao Senado pelo Paraná.
O que diz a acusação?
Na avaliação de Bruno Cristaldi, advogado do PL, “os candidatos adversários saíram em enorme desvantagem diante da superexposição midiática e excesso de gastos da holywoodiana pré-campanha presidencial, que continuou a extrapolar os limites aceitáveis quando houve o downgrade para a candidatura ao Senado Federal”.
Ao aceitar que os vultosos recursos fossem aplicados em favor de sua chapa, Moro feriu de morte a paridade de armas entre os concorrentes
Bruno Cristaldi
Para o advogado da Federação PT/PCdoB/PV, Luiz Eduardo Peccinin, a única motivação do processo é “comprovar que as eleições de 2022 no Paraná não transcorreram dentro da normalidade, que não havia mínimas condições de competição justa contra o eleito”.
Peccinin disse que Moro antecipou toda sua estrutura de campanha a um momento muito anterior ao período eleitoral. “Marketing, advogados, staff pessoal, jatinhos, carros blindados e seguranças particulares foram usados para que Moro promovesse seu nome e suas propostas meses antes do período oficial de campanha”.
Cristaldi argumenta que Moro teve cobertura midiática nacional diária, realizou diversos eventos de filiação e lançamento de pré-candidatura, protagonizou propaganda eleitoral em mais de um partido, teve seu nome veiculado em pesquisas presidenciais, o que reverberou na imprensa e em redes sociais.
O que diz a defesa?
A defesa de Moro argumentou à Justiça Eleitoral que a arrecadação de recursos e os gastos pré-campanha não precisam ser submetidas à prestação de contas eleitorais exigida pela legislação brasileira.
Sobre a participação em eventos do Podemos e do União Brasil, os advogados afirmam que Moro “emprestou sua imagem e prestígio públicos em prol das plataformas políticas defendidas pelas agremiações, auferindo benefícios mínimos dada sua notoriedade que há muito precede seu ingresso no mundo político”.
O indeferimento da transferência de domicílio eleitoral é colocado como uma prova de que os eventos de pré-campanha foram realizados em São Paulo, sendo “irrelevantes para a análise do caso sob a ótica da interferência na eleição do Paraná”.
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