A Polícia Federal (PF) identificou em aparelhos celulares do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), indícios de que militares da ativa financiaram atos antidemocráticos e uma tentativa de um golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022.
As informações estão no relatório da PF que serviu de base para que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibisse Cid de se comunicar com Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Segundo os investigadores, na “análise parcial dos dados armazenados no aparelho telefônico” de Cid e de seu mulher, Gabriela Santiago Cid, foram identificadas “várias mensagens postadas em grupos e chats privados do aplicativo WhatsApp, em que os interlocutores, incluindo militares da ativa, incentivam a continuidade das manifestações antidemocráticas e a execução de um golpe de Estado após o pleito eleitoral de 2022, inclusive com financiamento aos atos ilícitos”.
De acordo com a PF, os elementos de prova colhidos até agora “ratificam a hipótese criminal relacionando a participação dos investigados na tentativa de execução de um golpe de Estado”, seja induzindo e instigando parcela da população ou por meio “de atos preparatórios e executórios propriamente ditos”.
A PF diz que Cid “reuniu documentos com o objetivo de obter o suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de Estado”.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, seguem os investigadores, “compilou estudos que tratam da atuação das Forças Armadas para Garantia dos Poderes Constitucionais e GLO”.
“Apesar de não terem obtido êxito na tentativa de golpe de Estado, a atuação dos investigados, possivelmente, foi um dos elementos que contribuíram para os atos criminosos ocorridos no dia 08 de janeiro de 2023”, diz o relatório da investigação.
Em sua decisão, Moraes afirma que a análise do celular de Cid também revelou indícios de que houve desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao ex-presidente Jair Bolsonaro “ou agentes públicos a seu serviço” e “posterior ocultação da origem, localização e propriedade dos valores provenientes”.
O ministro diz ainda que, com o avanço das investigações, foram identificados “diferentes eixos de atuação” do que ele classifica como organização criminosa.
“Dentre eles, o uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens, por meio de desvio de bens de alto valor patrimonial recebidos de autoridades estrangeiras”.
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