Maricá tem maior crescimento no Estado do Rio, revela o IBGE

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Já São Gonçalo vê população encolher 10%, a maior queda entre municípios com mais de 100 mil habitantes do país.
Maricá tem maior crescimento no Estado do Rio, revela o IBGE

Keila Machado, de 46 anos, saiu de São Gonçalo, em 2010, para realizar o sonho da casa própria, em Maricá. O que distancia as duas cidades da Região Metropolitana do Rio vai além dos cerca de 30 quilômetros: enquanto a primeira foi a que mais perdeu habitantes no país, entre os municípios com mais de 100 mil, a segunda viu sua população aumentar mais de 50% nos últimos 12 anos. O contraste ficou evidente nos dados divulgados na quarta-feira pelo Censo Demográfico 2022, do IBGE.

— Eu já frequentava Maricá e gostava muito daqui. As casas eram mais em conta, e o lugar mais calmo do que São Gonçalo. Na época meu filho Breno tinha 10 anos. A questão da segurança contou muito. Depois de mim, minha mãe e meus dois cunhados também se mudaram para cá — conta Keila.

Sete anos depois, ela decidiu fincar de vez as raízes no novo lar:

— Em 2017 eu abri um bar, o Borogodó. A cidade deu muitos incentivos aos empreendedores locais. Depois da pandemia, além de sobreviver, eu consegui expandir o negócio, alugando mais uma sala — revela a empreendedora.

Geração de renda

Ela faz parte dos 69.839 novos moradores que chegaram ao município entre 2010 e 2022, um salto de 54,8%, que colocou Maricá no ranking das cidades que mais cresceram no Brasil. Em nota, a prefeitura disse que “conseguiu superar o conceito de cidade-dormitório e vem se tornando uma cidade com geração de renda e empregos.”

Segundo o professor do Departamento de Geografia Humana da Uerj, Ulisses Fernandes, um dos principais fatores que contribuíram para esse crescimento foi a chegada de atividades ligadas à exploração de petróleo na região.

— Maricá reúne uma dinâmica que favoreceu o crescimento. Os negócios vinculados ao petróleo geraram mais oportunidades de trabalho. Somada a isso, a gestão interna dos recursos voltada para criação de políticas públicas de cunho social e econômico também atraíram a população que encontrou um bom estoque de terras para habitação — avalia o professor.

Recomeço

Quando o cozinheiro Marcos Sant’Anna foi morar com a família em Maricá, em 1992, ainda não havia a estrutura de hoje. Ele chegou a se mudar para o Rio, onde morou por quase 20 anos, mas decidiu voltar para recomeçar a vida depois que o pai faleceu, há três anos.

— Eu tinha um restaurante no Rio que quebrou, na mesma época, por conta da Lava-Jato. Aqui era a roça de Maricá. Eu voltei para uma cidade totalmente diferente, com muito mais investimento urbano, social — conta Sant’Anna, que hoje tem na cidade o negócio da família, o restaurante Beira-mar.

Na avaliação dele, a melhoria nos serviços da cidade tem atraído principalmente moradores de São Gonçalo:

O taxista gonçalense Eduardo Ribeiro, de 62 anos, reparou a mesma tendência.

— O atendimento de saúde e educação aqui é muito bom. A cidade tem estruturas muito boas. Acho que isso acaba atraindo novos habitantes de cidades vizinhas. O êxodo maior vem de São Gonçalo, sem dúvida.

— Dos passageiros que eu pego daqui de São Gonçalo, uns 70% têm parentes que foram morar em Maricá ou estão querendo ir para lá, onde a população cresceu assustadoramente. No bairro onde eu trabalho, Venda da Cruz, muita gente foi para lá por ter mais vantagem, mais qualidade de vida, é perto da praia. A violência daqui é outro fator que acaba atrapalhando — conta o taxista.

São Gonçalo perdeu 10,3% de seus habitantes

Cidade vizinha na Região Metropolitana do Rio, São Gonçalo foi a cidade que mais perdeu habitantes do país entre os municípios com mais de 100 mil habitantes. Os dados divulgados na quarta-feira mostram que a população caiu de 999.728 para 896.744, o que representa uma queda de 10,3%. É o maior índice de variação populacional negativa do Brasil.

Na análise do professor da Uerj, o município viveu um boom de crescimento a partir da década de 1970, mas a diminuição pode ser explicada por um conjunto de fatores.

— O município cresceu muito e não conseguiu dar conta de oferecer condições de vida atrativas para os habitantes. A baixa distribuição e qualidade nos serviços públicos, principalmente saúde, educação e transporte, certamente é o que mais impacta a população. Além disso, São Gonçalo não conseguiu desenvolver um potencial produtivo específico, limitando a capacidade interna de gerar emprego e riqueza — diz Fernandes.

Em nota, a prefeitura de São Gonçalo disse ter recebido “com reservas” o resultado do Censo e atribuiu a queda a um “número insuficiente de recenseadores” e ao fato de haver “muitos domicílios fechados” ou que não quiseram responder à pesquisa.

Para que serve o Censo?

O Censo, realizado a cada dez anos, é a mais ampla pesquisa sobre a população brasileira e é feita mediante visita ou coleta de informações em todos os domicílios do país.

O levantamento é usado como base para diversas políticas públicas, como distribuição de vacinas, e também como critério para repasses de recursos da União para municípios. É ainda a base para pesquisas eleitorais e investigações acadêmicas.




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