Os organizadores da Mostra de Cinema de São Paulo anunciaram os destaques da 46ª edição do evento, que terá os vencedores do Festival de Cannes, “Triângulo da Tristeza”, de Ruben Ostlund, e do Festival de Berlim, a aventura espanhola “Alcarràs”, de Carla Simón, além de “Sem Ursos”, que garantiu ao iraniano Jafar Panahi o prêmio especial do júri em Veneza, mesmo sendo um preso político em seu país.
A lista de mais de 200 títulos do evento, que vai acontecer entre os dias 20 de outubro e 2 de novembro, é repleta de destaques de festivais internacionais, incluindo “Armageddon Time”, o novo filme de James Gray estrelado por Anne Hathaway, Jeremy Strong e Anthony Hopkins, o mexicano “Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades”, do multivencedor do Oscar Alejandro González Iñárritu, o russo “A Esposa de Tchaikóvski”, de Kirill Serebrennikov, que causou polêmica com seu Tchaikóvski abertamente gay, e o paquistanês “Joyland”, de Saim Sadiq, vencedor da Palma Queer e do prêmio do júri da mostra Um Certo Olhar em Cannes.
Há desde opções cinéfilas radicais, como “As Oito Montanhas”, de Felix van Groeningen e Charlotte Vandermeersch, “Os Irmãos de Leila”, de Saeed Roustaee, e “Pacifiction”, de Albert Serra, até os novos capítulos da série de terror “O Reino”, do polêmico dinamarquês Lars Von Trier, que teve duas temporadas nos anos 1990 e foi uma das atrações recentes no Festival de Veneza.
O cinema brasileiro está igualmente bem representado com o vencedor do Festival de Locarno, “Regra 34”, de Julia Murat, e o vencedor do Festival de Gramado, “Noites Alienígenas”, de Sérgio de Carvalho, assim como “Carvão”, que Carolina Markowicz exibiu no Festival de Toronto, “Fogaréu”, que Flávia Neves levou a Berlim, “A Porta ao Lado”, de Julia Rezende, “O Pastor e o Guerrilheiro”, de José Eduardo Belmonte, “A Cozinha”, estreia do ator Johnny Massaro na direção de um longa, “Perlimps”, nova animação do indicado ao Oscar Alê Abreu – entre outros.
Ainda haverá exibição de clássicos brasileiros, como as versões restauradas de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), de Glauber Rocha, revelada em Cannes em maio, e de “Agulha no Palheiro” (1953), de Alex Vianny, com homenagem à atriz e cantora Doris Monteiro, que receberá no evento o Prêmio Leon Cakoff.
Para completar, a diretora Ana Carolina receberá o Prêmio Humanidade e ganhará uma retrospectiva com a exibição de “Mar de Rosas” (1978), “Das Tripas Coração” (1982), “Sonho de Valsa” (1987) e o recente “Paixões Recorrentes” (2022).
Outros cineastas homenageados da edição são Jean-Luc Godard e Arnaldo Jabor, recentemente falecidos. Para celebrá-los, a mostra exibe o documentário “Até Sexta, Robinson”, de Mitra Farahani, que condensa um diálogo de 29 semanas do diretor franco-suíço com o escritor italiano italiano Ebrahim Golestam e o clássico nacional “Eu Te Amo” (1981), do jornalista, escritor e diretor carioca.
Com cartaz criado pelo artista Eduardo Kobra, o pôster mostra uma menina tentando alcançar a lua, numa referência ao filme “A Viagem à Lua”, de Georges Méliès, feito 120 anos atrás, e tendo a imagem da cidade de São Paulo no fundo. O título da obra indica seu significado potente: “Volte a Sonhar”.
Apesar dessa mensagem positiva, o evento volta a ser presencial num momento delicado para sua organização, vítima da política anticultural do governo Bolsonaro. Dois anos depois de perder os patrocínios da Petrobras e do BNDES, a Mostra também deixou de receber verba via Lei Rouanet, e será realizada graças à muita luta e resistência.
Os ingressos para a 46ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começam a ser vendidos pelo aplicativo do evento e no portal Velox Tickets a partir do dia 15.
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