Freixo e Neves se alinham em dobradinha contra Castro, que revida os ataques; veja o debate entre candidatos do Rio.
Em sua réplica, Neves continuou com o tom mais agressivo contra Castro.
— Realmente, é inaceitável esse tipo de situação no Estado do Rio, sobretudo durante a maior crise do estado — disse Neves.
Castro chegou a pedir direito de resposta, que não foi concedido. No segundo bloco, no entanto, ele voltou ao assunto do Ceperj e defendeu que seus adversários que estavam levando vantagens eleitoral com o caso.
— A questão do Ceperj foi transformada em crise, o que é um problema administrativo, e meus adversários usam nas campanhas. Houve problema e resolvemos. Procurei o MP (Ministério Público), propus TAC (Termo de Ajustamento de Conduta). É criminoso dizer que 27 mil trabalhadores que trabalhavam nas comunidades estavam envolvidos — afirmou Castro.
Pandemia em foco
O embate direto entre os dois primeiros colocados nas pesquisas, Castro e Freixo, no entanto, só ocorreu no último bloco, trazendo à tona um ataque ao atual governador que até aqui não havia sido usado na campanha. O pessebista, que abriu sua fala com um "finalmente", começou acusando Castro de omitir seus dois anos iniciais como vice-governador na administração de Wilson Witzel, que sofreu o impeachment devido a denúncias na condução de compras na Saúde durante a pandemia. Perguntando sobre o que fazia naquela período, o postulante à reeleição tentou se desvencilhar de Witzel e ponderou que quem comandava era o governador.
— Eu não era secretário. Não era eu quem governava. Meu papel era tentar ajudar o governo — disse. —O vice auxilia, aconselha. Assumi 28 de agosto de 2020.
O deputado federal, então, lembrou que, em maio de 2020, depois que operações do Ministério Público e da Polícia Federal apontaram desvios de recursos, Castro, então vice-governador, foi nomeado por Witzel como coordenador de uma comissão de fiscalização dos hospitais de campanha.
— O que o senhor fazia nos dois anos iniciais do governo Witzel? O senhor foi nomeado para essa comissão. Não fuja da responsabilidade. O Rio foi onde mais morreu gente proporcionalmente no país na pandemia. Você tinha cargo central no combate à pandemia. Você teve papel decisivo e não cumpriu bem.
Castro rebateu dizendo que a comissão foi criada justamente para tentar resolver os problemas identificados nas investigações. E trouxe a campanha adversária ao caso ao lembrar que o então secretário estadual de Obras de Witzel, Bruno Kazuhiro, hoje é candidato a deputado estadual pelo PSDB, partido da coligação de Freixo, incluindo seu vice, Cesar Maia.
— Olha, gente. Essa comissão foi depois que já tinha dado zebra. Fizemos uma comissão para tentar tirar do papel (os hospitais de campanha). Agora, é engraçado você perguntar. Pergunte ao Bruno Kazuhiro, que é da sua coligação, ligado ao Cesar Maia, seu vice. Ele acompanhou todo o trabalho de tirar do papel. Pergunte a ele, que fez um trabalho honrado, como foi.
Operações policiais e alfinetada em Freixo
Outro ponto sensível para o candidato foi a da segurança pública. A colunista Berenice Seara, do Extra, perguntou ao governador sobre as operações policiais com 70 mortes na capital e se a linha dura é uma marca do seu governo. Castro defendeu que a polícia cumpre seu papel e não celebra a morte de ninguém. Ao falar sobre a operação no Jacarezinho, em maio do ano passado, que acabou com 28 mortos, ele aproveitou para alfinetar Freixo:
— Temos o André (policial), que foi alvejado com tiro na cabeça. Os criminosos repeliram a polícia com poder bélico incrível. Essas armas e drogas, que até outro dia um candidato defendia, não vem do Rio. Meu governo está fazendo o trabalho de base.
Berenice, então, abordou a prisão do ex-secretário de Polícia Civil do governo Castro, Allan Turnowski, que usa o número de mortos na operação do Jacarezinho para seu número na urna na disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados.
— O que a pessoa faz depois que sai do governo, o número que escolhe, tem que perguntar pra ele — respondeu. — Os números de segurança pública são claros, o governo faz o trabalho de base que todo mundo fala: uma polícia valorizada, equipada. O Cidade Integrada é um programa incrível. Eu respondo pelo Cláudio Castro, esse não celebra a morte de ninguém.
Críticas dos adversários a candidato do PSB
Freixo, por sua vez, entrou também na mira de Paulo Ganime e Neves. O candidato do Partido Novo criticou o pessebista, que, na sua opinião, tem uma visão prejudicial à participação de empresas em conjunto com o Estado na economia.
— A gente sabe bem que na atuação parlamentar, sempre foi contra a parceria público-privada — afirmou, ainda fazendo referência à "promiscuidade", que "foi muito acentuada no governo Lula”, segundo o candidato do Novo.
Já o pedetista, ex-prefeito de Niterói, voltou a pontuar que a falta de experiência de Freixo no Poder Executivo é um entrave para quem deseja ser governador:
— A nossa diferença é que nós sabemos como fazer, porque já administramos. Em Niterói já colocamos isso em prática. O senhor, com todo respeito, nunca administrou.
Campanha nacionalizada
Já as alianças nacionais para a eleição entraram em cena no segundo bloco, quando o jornalista Francisco Goes, do Valor, perguntou a Freixo sobre sua tentativa de colar sua imagem ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Goes também questionou sobre a confirmação do evento de Lula, neste domingo, com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, na quadra da Portela, em Madureira, em contraste com o comício cancelado do petista com Freixo na Lapa, onde se previa reunir cerca de 30 mil pessoas. Freixo atribuiu a problemas de Lula com a voz para que o evento fosse retirado da agenda.
— Tenho orgulho de caminhar com o Lula — disse. — Lula estará no domingo com Eduardo Paes, e isso é muito importante, ter mais gente com ele. O Lula ganhar no primeiro turno vai nos ajudar muito no segundo turno. Não podemos conviver com presidente que ameaça jornalista — continuou, referindo ao candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).
Já em resposta ao colunista Lauro Jardim, Freixo fugiu de declaram seu voto ao Senado, na disputa entre André Ceciliano (PT) e Alessandro Molon (PSB), que causou divergências na pré-campanha. Em cima do muro, Freixo diz que "melhoraria muito a qualidade" se for eleito o candidato do PT ou do PSB.
— O voto é secreto (risos). Por mim, teríamos construído uma candidatura única.Temos os dois melhores candidatos ao Senado. Não pudemos fazer uma só candidatura com mais chances de vitória. Não posso te responder, vou esperar a reta final e escolher quem tiver mais chance de vencer. A lei permite isso, ter dois. Em termos de estratégia, seria melhor ter um só — esquivou-se.
De volta às referências à corrida presidencial, Ganime afirmou que "com certeza não quer Lula presidente". Como franco atirador no debate, ele atacou Freixo e Neves, "os dois candidatos de esquerda", que defendem a candidatura do petista. Em seguida, também centrou fogo em Castro, associando-o ao ex-governador Sérgio Cabral.
— Repudio a volta do Lula, e repudio também a volta do Cabral, que é o que temos aqui representado pelo governador Claudio Castro — afirmou. — Temos aqui duas opções, opções unidas pela esquerda, e também a opção que representa Cabral. Cabe à população entender o que é que eu represento.
Castro diz não ser réu de nada
Ainda na seara das uniões acordadas para a corrida às urnas, a mudança do vice na chapa de Castro foi lembrada. Após o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) indeferir a candidatura de Washington Reis (MDB), longas rodadas de negociações apontaram, em 12 de setembro, Thiago Pampolha como o substituto do ex-prefeito de Duque de Caxias. O atual governador afirmou que Reis e Pampolha "são homens honrados". Antes, no entanto, Neves havia afirmado que o novo vice teria sido indicado pela família Picciani.
— Ele escolheu um vice que estava condenado pela Justiça. A Justiça retirou o vice dele, e ele colocou um vice indicado pela família Picciani. O Cládio Castro enrolado vai sofrer o que ele fez com o Witzel. Ele vai ser traído pelo seu vice. Nós corremos o risco de nos próximos meses sermos governados pelo Pampolha — disparou Neves.
Castro precisou se pronunciar também sobre a delação do empresário Marcus Vinícius Azevedo da Silva ao MPRJ, que, no curso do processo da Operação Catarata, associou o hoje governador ao recebimento de propina quando ele ainda era vereador. Ao lembrar do depoimento, o jornalista Francisco Goes (Valor) questionou se Castro temia não terminar o mandato como aconteceu com os últimos governadores.
— Na questão das delações, é criminoso o que fizeram a 15 dias das eleições, não teve nenhuma prova, nunca fui denunciado nem ouvido. Ninguém é bobo mais, todo mundo viu a indústria das delações — disse.
Em suas considerações finais, ele ressaltou:
— A tranquilidade que eu tenho é de não ser réu em nada, de não ser denunciado em nada, e, sobretudo, de ter feito a vida de muita gente melhorar.
Urgências de melhorias nos transportes
Antes, Cláudio Castro havia reconhecido problemas nos transportes públicos do estado. O debate foi aberto com Paulo Ganime (Novo) questionando Castro sobre o tema, ao afirmar que os diferentes modais no Rio funcionam de forma "capenga". Castro, então, respondeu que os transportes pioraram na pandemia, mas ressaltou um acordo recente com a SuperVia para investimentos de R$ 250 milhões, de forma parcelada, na recuperação e manutenção da malha ferroviária urbana.
Sobre as barcas, o atual governador também disse que até o ano que haverá uma nova concessão que resolva problema. "Concessão está sendo remodelada pela UFRJ", garantiu Castro, que ressaltou ainda a realização de obras em estradas estaduais. Logo em seguida, no entanto, Rodrigo Neves (PDT) mirou em Castro ao dizer que ele foi "incapaz" de construir uma estrada de acesso que melhorasse a operação do Porto do Açu, em São João da Barra, no Norte Fluminense.
Neves, por sua vez, foi confrontado pelo colunista da rádio CBN Frederico Goulart sobre problemas enfrentados na área de transporte quando o candidato era prefeito de Niterói, sobretudo com relação ao trânsito. O pedetista voltou a promessa de construção da Linha 3 do metrô, entre o Rio e São Gonçalo e Itaboraí.
Transportes, educação, contas públicas e Regime de Recuperação Fiscal foram alguns dos principais assuntos debatidos ao longo do encontro, em que os candidatos também apresentaram algumas de suas propostas.
Castro recorreu a algumas das obras que seu governo tem realizado ou prometido fazer no âmbito do programa Pacto RJ, em grande parte financiado pelas verbas da Cedae. Ele citou a reabertura de restaurantes populares, a reforma de 1.500 prédios em conjuntos habitacionais e a reabertura do teleférico do Complexo do Alemão. Freixo disse que seu governo será o " da educação" e disse que, se eleito, o estado terá uma polícia bem treinada e ações sociais nos lugares mais pobres. Neves, além da Linha 3 do metrô, prometeu criar linha de crédito para micro e pequenos empreendedores. E Ganime afirmou que irá reduzir imposto para atrair empresas e prorrogar prazo para pagamento de ICMS de 25 para 45 dias.
As regras do debate
Participaram do encontro os quatro aspirantes ao Palácio Guanabara cujos partidos contam com representação de pelo menos cinco parlamentares no Congresso Nacional: o atual chefe do Executivo, Cláudio Castro (PL); o deputado federal Marcelo Freixo (PSB); o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT); e o deputado federal Paulo Ganime (Novo).
Iniciado às 10h e com transmissão ao vivo, o evento pôde ser acompanhado pelos sites e redes sociais dos quatro veículos, bem como pela rádio CBN. O canal do jornal O GLOBO no Youtube também transmitiu o encontro em tempo real. O debate ocorreu no auditório do Sesc do Flamengo, na Zona Sul do Rio. A realização foi dos quatro veículos, com apresentação da Fecomércio-RJ.
O formato do debate foi definido com representantes das campanhas. A ordem das participações em cada um dos blocos foi alinhada por sorteio realizado antes do início do evento, na presença de representantes dos candidatos.
No primeiro bloco, após a apresentação, os candidatos tiveram espaço de perguntas de tema livre entre si. No segundo, colunistas dos quatro veículos fizeram duas perguntas para o mesmo candidato, com a segunda sendo elaborada logo após a primeira resposta. Os jornalistas escalados foram: Lauro Jardim (O GLOBO), Berenice Seara (Extra), Francisco Góes (Valor) e Frederico Goulart (CBN). Já a mediação cabe a Carlos Andreazza, colunista do GLOBO e da CBN.
O blog do Magal - Opinião e Política
Em sua réplica, Neves continuou com o tom mais agressivo contra Castro.
— Realmente, é inaceitável esse tipo de situação no Estado do Rio, sobretudo durante a maior crise do estado — disse Neves.
Castro chegou a pedir direito de resposta, que não foi concedido. No segundo bloco, no entanto, ele voltou ao assunto do Ceperj e defendeu que seus adversários que estavam levando vantagens eleitoral com o caso.
— A questão do Ceperj foi transformada em crise, o que é um problema administrativo, e meus adversários usam nas campanhas. Houve problema e resolvemos. Procurei o MP (Ministério Público), propus TAC (Termo de Ajustamento de Conduta). É criminoso dizer que 27 mil trabalhadores que trabalhavam nas comunidades estavam envolvidos — afirmou Castro.
Pandemia em foco
O embate direto entre os dois primeiros colocados nas pesquisas, Castro e Freixo, no entanto, só ocorreu no último bloco, trazendo à tona um ataque ao atual governador que até aqui não havia sido usado na campanha. O pessebista, que abriu sua fala com um "finalmente", começou acusando Castro de omitir seus dois anos iniciais como vice-governador na administração de Wilson Witzel, que sofreu o impeachment devido a denúncias na condução de compras na Saúde durante a pandemia. Perguntando sobre o que fazia naquela período, o postulante à reeleição tentou se desvencilhar de Witzel e ponderou que quem comandava era o governador.
— Eu não era secretário. Não era eu quem governava. Meu papel era tentar ajudar o governo — disse. —O vice auxilia, aconselha. Assumi 28 de agosto de 2020.
O deputado federal, então, lembrou que, em maio de 2020, depois que operações do Ministério Público e da Polícia Federal apontaram desvios de recursos, Castro, então vice-governador, foi nomeado por Witzel como coordenador de uma comissão de fiscalização dos hospitais de campanha.
— O que o senhor fazia nos dois anos iniciais do governo Witzel? O senhor foi nomeado para essa comissão. Não fuja da responsabilidade. O Rio foi onde mais morreu gente proporcionalmente no país na pandemia. Você tinha cargo central no combate à pandemia. Você teve papel decisivo e não cumpriu bem.
Castro rebateu dizendo que a comissão foi criada justamente para tentar resolver os problemas identificados nas investigações. E trouxe a campanha adversária ao caso ao lembrar que o então secretário estadual de Obras de Witzel, Bruno Kazuhiro, hoje é candidato a deputado estadual pelo PSDB, partido da coligação de Freixo, incluindo seu vice, Cesar Maia.
— Olha, gente. Essa comissão foi depois que já tinha dado zebra. Fizemos uma comissão para tentar tirar do papel (os hospitais de campanha). Agora, é engraçado você perguntar. Pergunte ao Bruno Kazuhiro, que é da sua coligação, ligado ao Cesar Maia, seu vice. Ele acompanhou todo o trabalho de tirar do papel. Pergunte a ele, que fez um trabalho honrado, como foi.
Operações policiais e alfinetada em Freixo
Outro ponto sensível para o candidato foi a da segurança pública. A colunista Berenice Seara, do Extra, perguntou ao governador sobre as operações policiais com 70 mortes na capital e se a linha dura é uma marca do seu governo. Castro defendeu que a polícia cumpre seu papel e não celebra a morte de ninguém. Ao falar sobre a operação no Jacarezinho, em maio do ano passado, que acabou com 28 mortos, ele aproveitou para alfinetar Freixo:
— Temos o André (policial), que foi alvejado com tiro na cabeça. Os criminosos repeliram a polícia com poder bélico incrível. Essas armas e drogas, que até outro dia um candidato defendia, não vem do Rio. Meu governo está fazendo o trabalho de base.
Berenice, então, abordou a prisão do ex-secretário de Polícia Civil do governo Castro, Allan Turnowski, que usa o número de mortos na operação do Jacarezinho para seu número na urna na disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados.
— O que a pessoa faz depois que sai do governo, o número que escolhe, tem que perguntar pra ele — respondeu. — Os números de segurança pública são claros, o governo faz o trabalho de base que todo mundo fala: uma polícia valorizada, equipada. O Cidade Integrada é um programa incrível. Eu respondo pelo Cláudio Castro, esse não celebra a morte de ninguém.
Críticas dos adversários a candidato do PSB
Freixo, por sua vez, entrou também na mira de Paulo Ganime e Neves. O candidato do Partido Novo criticou o pessebista, que, na sua opinião, tem uma visão prejudicial à participação de empresas em conjunto com o Estado na economia.
— A gente sabe bem que na atuação parlamentar, sempre foi contra a parceria público-privada — afirmou, ainda fazendo referência à "promiscuidade", que "foi muito acentuada no governo Lula”, segundo o candidato do Novo.
Já o pedetista, ex-prefeito de Niterói, voltou a pontuar que a falta de experiência de Freixo no Poder Executivo é um entrave para quem deseja ser governador:
— A nossa diferença é que nós sabemos como fazer, porque já administramos. Em Niterói já colocamos isso em prática. O senhor, com todo respeito, nunca administrou.
Campanha nacionalizada
Já as alianças nacionais para a eleição entraram em cena no segundo bloco, quando o jornalista Francisco Goes, do Valor, perguntou a Freixo sobre sua tentativa de colar sua imagem ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Goes também questionou sobre a confirmação do evento de Lula, neste domingo, com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, na quadra da Portela, em Madureira, em contraste com o comício cancelado do petista com Freixo na Lapa, onde se previa reunir cerca de 30 mil pessoas. Freixo atribuiu a problemas de Lula com a voz para que o evento fosse retirado da agenda.
— Tenho orgulho de caminhar com o Lula — disse. — Lula estará no domingo com Eduardo Paes, e isso é muito importante, ter mais gente com ele. O Lula ganhar no primeiro turno vai nos ajudar muito no segundo turno. Não podemos conviver com presidente que ameaça jornalista — continuou, referindo ao candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).
Já em resposta ao colunista Lauro Jardim, Freixo fugiu de declaram seu voto ao Senado, na disputa entre André Ceciliano (PT) e Alessandro Molon (PSB), que causou divergências na pré-campanha. Em cima do muro, Freixo diz que "melhoraria muito a qualidade" se for eleito o candidato do PT ou do PSB.
— O voto é secreto (risos). Por mim, teríamos construído uma candidatura única.Temos os dois melhores candidatos ao Senado. Não pudemos fazer uma só candidatura com mais chances de vitória. Não posso te responder, vou esperar a reta final e escolher quem tiver mais chance de vencer. A lei permite isso, ter dois. Em termos de estratégia, seria melhor ter um só — esquivou-se.
De volta às referências à corrida presidencial, Ganime afirmou que "com certeza não quer Lula presidente". Como franco atirador no debate, ele atacou Freixo e Neves, "os dois candidatos de esquerda", que defendem a candidatura do petista. Em seguida, também centrou fogo em Castro, associando-o ao ex-governador Sérgio Cabral.
— Repudio a volta do Lula, e repudio também a volta do Cabral, que é o que temos aqui representado pelo governador Claudio Castro — afirmou. — Temos aqui duas opções, opções unidas pela esquerda, e também a opção que representa Cabral. Cabe à população entender o que é que eu represento.
- Já a citação de Castro ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que o apoia, veio de forma mais veemente em suas considerações finais. E foram mais discretas também as menções a Ciro Gomes (PDT), do mesmo partido de Neves, mas que enfrenta divergências em alas pedetistas.
Castro diz não ser réu de nada
Ainda na seara das uniões acordadas para a corrida às urnas, a mudança do vice na chapa de Castro foi lembrada. Após o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) indeferir a candidatura de Washington Reis (MDB), longas rodadas de negociações apontaram, em 12 de setembro, Thiago Pampolha como o substituto do ex-prefeito de Duque de Caxias. O atual governador afirmou que Reis e Pampolha "são homens honrados". Antes, no entanto, Neves havia afirmado que o novo vice teria sido indicado pela família Picciani.
— Ele escolheu um vice que estava condenado pela Justiça. A Justiça retirou o vice dele, e ele colocou um vice indicado pela família Picciani. O Cládio Castro enrolado vai sofrer o que ele fez com o Witzel. Ele vai ser traído pelo seu vice. Nós corremos o risco de nos próximos meses sermos governados pelo Pampolha — disparou Neves.
Castro precisou se pronunciar também sobre a delação do empresário Marcus Vinícius Azevedo da Silva ao MPRJ, que, no curso do processo da Operação Catarata, associou o hoje governador ao recebimento de propina quando ele ainda era vereador. Ao lembrar do depoimento, o jornalista Francisco Goes (Valor) questionou se Castro temia não terminar o mandato como aconteceu com os últimos governadores.
— Na questão das delações, é criminoso o que fizeram a 15 dias das eleições, não teve nenhuma prova, nunca fui denunciado nem ouvido. Ninguém é bobo mais, todo mundo viu a indústria das delações — disse.
Em suas considerações finais, ele ressaltou:
— A tranquilidade que eu tenho é de não ser réu em nada, de não ser denunciado em nada, e, sobretudo, de ter feito a vida de muita gente melhorar.
Urgências de melhorias nos transportes
Antes, Cláudio Castro havia reconhecido problemas nos transportes públicos do estado. O debate foi aberto com Paulo Ganime (Novo) questionando Castro sobre o tema, ao afirmar que os diferentes modais no Rio funcionam de forma "capenga". Castro, então, respondeu que os transportes pioraram na pandemia, mas ressaltou um acordo recente com a SuperVia para investimentos de R$ 250 milhões, de forma parcelada, na recuperação e manutenção da malha ferroviária urbana.
Sobre as barcas, o atual governador também disse que até o ano que haverá uma nova concessão que resolva problema. "Concessão está sendo remodelada pela UFRJ", garantiu Castro, que ressaltou ainda a realização de obras em estradas estaduais. Logo em seguida, no entanto, Rodrigo Neves (PDT) mirou em Castro ao dizer que ele foi "incapaz" de construir uma estrada de acesso que melhorasse a operação do Porto do Açu, em São João da Barra, no Norte Fluminense.
Neves, por sua vez, foi confrontado pelo colunista da rádio CBN Frederico Goulart sobre problemas enfrentados na área de transporte quando o candidato era prefeito de Niterói, sobretudo com relação ao trânsito. O pedetista voltou a promessa de construção da Linha 3 do metrô, entre o Rio e São Gonçalo e Itaboraí.
Transportes, educação, contas públicas e Regime de Recuperação Fiscal foram alguns dos principais assuntos debatidos ao longo do encontro, em que os candidatos também apresentaram algumas de suas propostas.
Castro recorreu a algumas das obras que seu governo tem realizado ou prometido fazer no âmbito do programa Pacto RJ, em grande parte financiado pelas verbas da Cedae. Ele citou a reabertura de restaurantes populares, a reforma de 1.500 prédios em conjuntos habitacionais e a reabertura do teleférico do Complexo do Alemão. Freixo disse que seu governo será o " da educação" e disse que, se eleito, o estado terá uma polícia bem treinada e ações sociais nos lugares mais pobres. Neves, além da Linha 3 do metrô, prometeu criar linha de crédito para micro e pequenos empreendedores. E Ganime afirmou que irá reduzir imposto para atrair empresas e prorrogar prazo para pagamento de ICMS de 25 para 45 dias.
As regras do debate
Participaram do encontro os quatro aspirantes ao Palácio Guanabara cujos partidos contam com representação de pelo menos cinco parlamentares no Congresso Nacional: o atual chefe do Executivo, Cláudio Castro (PL); o deputado federal Marcelo Freixo (PSB); o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT); e o deputado federal Paulo Ganime (Novo).
Iniciado às 10h e com transmissão ao vivo, o evento pôde ser acompanhado pelos sites e redes sociais dos quatro veículos, bem como pela rádio CBN. O canal do jornal O GLOBO no Youtube também transmitiu o encontro em tempo real. O debate ocorreu no auditório do Sesc do Flamengo, na Zona Sul do Rio. A realização foi dos quatro veículos, com apresentação da Fecomércio-RJ.
O formato do debate foi definido com representantes das campanhas. A ordem das participações em cada um dos blocos foi alinhada por sorteio realizado antes do início do evento, na presença de representantes dos candidatos.
No primeiro bloco, após a apresentação, os candidatos tiveram espaço de perguntas de tema livre entre si. No segundo, colunistas dos quatro veículos fizeram duas perguntas para o mesmo candidato, com a segunda sendo elaborada logo após a primeira resposta. Os jornalistas escalados foram: Lauro Jardim (O GLOBO), Berenice Seara (Extra), Francisco Góes (Valor) e Frederico Goulart (CBN). Já a mediação cabe a Carlos Andreazza, colunista do GLOBO e da CBN.
A dez dias do primeiro turno das eleições, o candidato à reeleição no Rio e líder nas pesquisas de intenção de voto, Cláudio Castro (PL), foi o alvo preferencial dos ataques no debate desta quinta-feira dos jornais O GLOBO, Extra e Valor e da rádio CBN com os postulantes ao Palácio Guanabara. Desde o primeiro bloco, seus principais adversários, Marcelo Freixo (PSB) e Rodrigo Neves (PDT), reforçaram uma "dobradinha" para mirar no atual governador, que enfrentou investidas dos rivais em temas como a segurança pública, os escândalos na Saúde durante a pandemia e a folha secreta do Ceperj, com pagamentos a terceirados, em grande parte, com dinheiro da concessão da Cedae. Em vários momentos, o pessebista repetiu que haveria uma "corrente do mal" no estado e lembrou histórico de governadores presos. Castro rebateu. E enquanto apontava, segundo ele, realizações de sua gestão, aproveitou para alfinetar Freixo, por exemplo, sobre a política de drogas..
A denúncia sobre o Ceperj, na qual o Ministério Público do Rio (MPRJ) indicou pagamentos a mais de 27 mil pessoas sem transparência, foi o primeiro assunto a elevar a temperatura do debate. Em perguntas e respostas entre Freixo e Neves, e o pessebista pontuou o aumento do orçamento direcionado para à fundação ao longo do governo Castro.
— No início do governo Witzel/Cláudio Castro, o orçamento do Ceperj era de R$ 16 milhões. No ano seguinte, foi para R$ 26 milhões. E aí o Witzel caiu pelos escândalos de roubalheira na Saúde, e assume o Cláudio Castro. E no ano seguinte, que é esse ano, vai para R$ 400 milhões. Quem colocou o dinheiro no Ceperj foi governo atual. Sai de R$ 16 milhões para R$ 400 milhões e cria o que estamos chamando de bolsa bandido — afirmou Freixo, lembrando 250 presidiários que estavam recebendo pelo Ceperj.
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