Jorge Guaranho o bolsonarista assassino
“Narrativa dos grupos de extrema-direita bolsonaristas, cujo ódio aos petistas é generalizado, não é contra uma pessoa, mas contra todos os adversários”.
O conceito de “inimigo objetivo” alimenta a violência política.
A narrativa dos grupos de extrema-direita bolsonaristas, cujo ódio aos petistas
é generalizado, não é contra uma pessoa, mas contra todos os adversários. Mesmo
quem é um liberal que discorde do governo é tratado como inimigo nas redes
sociais. A narrativa política do presidente Jair Bolsonaro disseminou o
conceito entre seus apoiadores. O caso de Foz do Iguaçu é um evento gravíssimo,
porque mostra a ultrapassagem de uma guerra virtual nas redes sociais para um
contexto de confrontos físicos.
Isso já estava sendo observado em manifestações e comícios,
porém era inimaginável numa festa de aniversário, que reunia familiares e
amigos. A radicalização política de indivíduos armados, que estão se
mobilizando para a luta política por meios truculentos, é um fato perturbador
do processo eleitoral e uma ameaça ao Estado de Direito democrático. A
Constituição de 1988 se fundamenta nos direitos humanos. O estímulo
generalizado ao porte de armas e à justiça pelas próprias mãos, quando parte do
Presidente da República, transforma a violência em política de Estado. A
expressão material dessa política está no aumento vertiginoso de armas em poder
da população.
Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública registra
1.490.323 armas de fogo com cadastro no Sistema Nacional de Armas (Sinarm), um
crescimento de 21% dos índices de 2021 em relação a 2020, que tinha 1.233.745
unidades. Desse total, 243.806 armas estão no Distrito Federal, que lidera como
a unidade federativa com o maior número de registros. São Paulo registrou 50
mil armas de fogo a menos, com uma população 15 vezes maior. Em 2017, o DF
tinha 35.693 armas particulares. O crescimento do número de registros de armas
de fogo no DF foi de 583%. Nenhuma outra unidade federativa cresceu mais.
Estamos falando da capital do país, não dos grotões.
O engajamento de indivíduos armados nas disputas políticas
precisa ser desencorajado. Se essa iniciativa não parte do governo federal,
como deveria, a sociedade deve reagir. Aliás, já está reagindo.
Deixe sua opinião