É risível que o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, afirme que as Forças Armadas se sentem desprestigiadas porque suas sugestões de mudanças sobre o sistema eletrônico de votação foram rejeitadas pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Porque a população também se sente desprestigiada quando as Forças Armadas não evitam que a fronteira brasileira seja uma casa de mãe Joana, permitindo, por exemplo, o crime organizado no Vale do Javari, onde Bruno Araújo e Dom Phillips foram atacados, ou fuzilam inocentes ao invés de protege-los ou ainda gasta dinheiro do contribuinte comprando próteses penianas.
Servindo de aríete ao presidente Jair Bolsonaro, que tenta demolir a democracia derrubando um dos seus pilares, a credibilidade nas eleições, o comando das Forças Armadas usou o assento que conseguiu na Comissão de Transparência das Eleições do TSE para fazer questionamentos sobre problemas que não existem.
As Forças Armadas - enviaram 88 questionamentos ao Tribunal Superior Eleitoral sobre o que acreditam ser riscos do processo de votação. A maioria das perguntas dos militares está alinhada às críticas sem fundamento do presidente quanto às urnas eletrônicas.
O pascácio quer que as Forças Armadas façam uma contagem paralela, o que acabaria com o sigilo do voto. Enquanto isso, há aliados do governo, no Congresso Nacional e nas redes sociais, defendendo que os militares interfiram diretamente no processo eleitoral, corrigindo o que acham que sejam falhas. Leia-se no lugar de "falhas" as garantias de que o presidente não conseguirá manipular os resultados caso eles o desagradem.
No final das contas, Bolsonaro sabe que não conseguirá colocar uma mão peluda sobre o TSE. Mas usa toda essa energia para corroer a imagem da corte e do Supremo Tribunal Federal a fim de questionar as decisões deles daqui até o final do ano.
Forças Armadas têm mais tempo para atacar a urna do que para o Vale do Javari
Se a cúpula das Forças Armadas dedicasse a mesma energia com a qual está encarando o ataque ao Tribunal Superior Eleitoral na fronteira Oeste da Amazônia brasileira, talvez a história do indigenista Bruno Araújo e do jornalista inglês Dom Phillips tivesse sido diferente.
Seria ótimo que essa presteza para servir ao presidente também estivesse presente junto à população mais pobre. Se assim fosse, oito militares não teriam fuzilado com mais de 80 tiros o carro em que o músico Evaldo Rosa dos Santos estava com sua esposa, seu filho de sete anos, uma afilhada, de 13, e seu sogro, indo a um chá de bebê em Guadalupe, Zona Norte do Rio, em 7 de abril de 2019.
Também metralharam o catador de recicláveis Luciano Macedo, que tentou ajudar a família.
Sem receber auxílio dos soldados após o ocorrido, Evaldo e Luciano morreram. Atuando como força policial em operações, não raro eles têm entrado em guerra contra o seu próprio povo.
Caro Ministro da Defesa, pergunto eu: Pq nossas FFAA não combatem os traficantes peruanos no Vale do Javari?
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