O presidente Jair Bolsonaro enfrenta assuntos sensíveis, como as reformas tributária e administrativa e posições relativas à vacinação contra o coronavírus, pressionado pela queda de popularidade e tendo o ex-presidente Lula como principal adversário à reeleição, segundo as pesquisas de intenção de voto
No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já abriram a disputa às eleições de outubro; em Minas Gerais, o governador Romeu Zema (Novo), que admitiu sua pretensão ao segundo mandato, pode ter como concorrente o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD). O cenário do pleito deste ano começa a tomar forma — sobretudo na disputa presidencial e na corrida rumo ao governo mineiro. Porém, até lá, nas esferas federal e estadual, Legislativo e Executivo precisam cumprir agendas para avançar em temas considerados prioritários e sensíveis.
Em Brasília, por exemplo, o Congresso Nacional convive com a expectativa em torno da entrega das reformas tributária e administrativa, que eram aguardadas em 2021, mas enfrentaram obstáculos como a pandemia de COVID-19. Parte dos parlamentares defende que as mudanças são essenciais para dar fôlego à retomada da economia e estancar as desigualdades acentuadas pelos efeitos da doença respiratória. Reduzir o abismo entre ricos e pobres, aliás, é outro tema em voga.
Tradicionalmente, anos eleitorais são marcados pela análise de temas menos complexos, quando fatores ligados às urnas não contaminam os debates a ponto de inviabilizá-los. Mesmo assim, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mantém o otimismo. “A partir do momento em que toda a sociedade estiver imunizada, e Deus queira que não tenhamos outras ondas tão graves, podemos cuidar da pauta estruturante mesmo se tratando de ano eleitoral”, disse ele em entrevista na semana passada concedida ao Estado de Minas.
Pacheco garantiu estar tão focado na agenda nacional a ponto de, neste momento, não se aprofundar nas discussões em torno de possível pré-candidatura ao Palácio do Planalto, desejo dos dirigentes de seu partido. Ele afirma que terminar o desenho das reformas é o grande desafio de 2022. “Precisamos entregar um modelo de arrecadação e um sistema tributário mais simplificado, menos burocratizado, que não onere e não imponha sacrifícios ao contribuinte”.
Em termos da reforma administrativa, a ideia, segundo o presidente do Senado, é conciliar o enxugamento da máquina pública à preservação dos direitos adquiridos pelos servidores. “Não podemos misturar o interesse eleitoral e o interesse pela reestruturação do país. Para isso, temos que estar todos unidos: Congresso Nacional, Poder Executivo e Supremo Tribunal Federal (STF)”.
Desde o início da gestão, Bolsonaro lida com um limiar entre as pautas de costumes e os pleitos da equipe econômica de Paulo Guedes. O ano passado terminou com a aprovação do Auxílio Brasil e da Emenda à Constituição dos Precatórios, mecanismo que vai permitir a transferência de R$ 400 por mês às famílias vulneráveis ao longo deste ano. Apesar disso, assuntos como a privatização dos Correios parecem ter ficado em segundo plano — as discussões sobre a venda de patrimônios estatais formam bom exemplo de tópicos que, em anos de ida às cabines de votação, ganham travas adicionais.
Deixe sua opinião