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Queda da popularidade vai deixando Bolsonaro mais agressivo


Blog do Magal
Presidente Jair Bolsonaro durante atos antidemocráticos em 7 de setembro (Foto: Mateus Bonomi/Anadolu Agency via Getty Images)

As críticas incomodam muito o presidente da República. Qualquer questionamento mais incômodo é respondido com agressões verbais, ofensas. Com a popularidade caindo e a rejeição se expressando de forma popular - como o xingamento por uma pessoa no meio da Via Dutra -, Bolsonaro enfrenta o que Jacques Racière chama de "crise do governo democrático". Diz o autor que o que provoca essa crise é, nada mais, nada menos, do que a "intensidade da vida democrática", isto é, o povo expressando seu poder. 

Outro exemplo foi em 25 de junho de 2021, quando uma jornalista da rádio CBN, Victória Abel, perguntou sobre o caso Covaxin, investigado pela CPI da Covid. Bolsonaro reagiu de modo agressivo e sugeriu que a repórter voltasse ao jardim de infância. 

Aguentar críticas e questionamento faz parte da já citada "vida democrática", é do jogo. Minar essas possibilidades leva, passo após passo, a uma crise da democracia. O que leva novamente ao que diz Rancière: "O novo ódio à democracia pode ser resumido então em uma tese simples: só existe uma democracia boa, a que reprime a catástrofe da civilização democracia". 

A sensação é que Bolsonaro estica tanto a corda da democracia - até que ela fique por um fio. Dessa forma, tudo o é um pouco menos radical parece, de certa forma, razoável e deixa de gerar indignação. É, também, um método. 

Se em um momento, o presidente diz que uma repórter deveria voltar para o jardim de infância ou que um jornalista tem "uma cara de homossexual terrível", deixar a imprensa fora de um evento oficial parece algo tão pequeno que quase não incomoda. Não repercute, não vira editorial de jornal. 

O atual governo brasileiro atua em duas frentes claras, a difamação e os ataques. Esses ataques constantes deveriam acender um alerta importante, como aponta Steven Levitsky, autor de "Como as Democracias Morrem" (o grande clichê dos últimos anos), mas as mentiras, compreendidas como verdades por alguns, justificariam as ofensas. "Se o público passa a compartilhar a opinião de que os oponentes são ligados ao terrorismo e de que a mídia está espalhando mentiras, torna-se mais fácil justificar as ações empreendidas contra eles".

A corrosão da democracia acontece não a passos largos, pelo contrário. Como descreve Levitsky, esse processo é feito "de maneira gradativa, muitas vezes em pequeníssimos passos. Tomado individualmente, cada passo parece insignificante - nenhum deles aparenta de fato ameaçar a democracia". Mas a soma deles, a normalização de tudo isso, fez o país chegar onde está hoje. 

É importante revoltar-se com a situação de países onde a democracia está em risco. Mas em que medida essa preocupação se reflete em relação ao Brasil? 

Há um consenso na ciência política de que a democracia tem sido corroída, não só no Brasil, mas no mundo. Para que um país seja considerado democrático, há três pilares essenciais: 

  • Ataques às eleições 

  • Falta de liberdade de expressão 

  • Fim do Estado de direito e do sistema de freios e contrapesos 

Bolsonaro foi, de fato, eleito pelo voto. Mas se esforça para que as próximas eleições sejam diferentes, como por exemplo, atacando constantemente o sistema de urnas eletrônicas. Ainda há liberdade de expressão, mas este é um direito perseguido com uma frequência perigosa. E precisamos nos atentar à situação do estado de direito e do sistema de freios e contrapesos, quis serão os próximos passos e até quando estarão funcionando. 




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