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Parlamentares bolsonaristas criminosamente atacam vacinação de crianças contra a Covid-19 nas redes

Parlamentares bolsonaristas criminosamente  atacam vacinação de crianças contra a Covid-19 nas redes

Desde que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a aplicação da vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos, na última semana, parlamentares bolsonaristas têm propagado informações falsas sobre o imunizante nas redes sociais. As publicações contestam a efetividade e segurança da vacina para esta faixa etária, apesar de os estudos clínicos analisados pela Anvisa terem atestado mais de 90% de eficácia em prevenir a doença nesse público.

Uma das publicações que trazem informações falsas sobre as vacinas foi feita pela deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), que constantemente realiza postagens em suas redes em que contesta a eficácia das vacinas contra a Covid-19. Nesta quarta-feira, a parlamentar compartilhou no Twitter uma nota de repúdio da Associação Médicos Pela Vida à aprovação da Anvisa para o uso do imunizante da Pfizer no público pediátrico.

No entanto, a nota redigida pela associação, que, segundo a sua página online, foi criada para defender o “tratamento precoce” — abordagem que utiliza medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19 — traz informações falsas sobre a imunização do público infantil. Entre elas, afirma que a vacina desenvolvida pela Pfizer trata-se de “injeções experimentais”, o que não é verdade, uma vez que o imunizante teve os resultados de seus testes clínicos analisados por diversas agências reguladoras que o aprovaram e concederam seu registro definitivo, como a Food and Drugs Administration (FDA), nos Estados Unidos, e a Anvisa, no Brasil.

Em outra parte da nota, a associação diz que a vacina não possui “um perfil seguro nem no curto prazo” para crianças, apesar de os resultados dos testes clínicos de fase 1, 2 e 3 terem atestado não apenas a eficácia, como a segurança do imunizante, dado que foi analisado pela Anvisa durante o processo de autorização.

Além disso, no dia seguinte à decisão da Anvisa, a parlamentar já havia publicado um vídeo em sua conta no Facebook com o médico da associação José Nasser. Na postagem, ele aponta um suposto risco da vacina da Pfizer devido à geração de uma proteína que seria tóxica para crianças. Não há, no entanto, qualquer evidência científica que suporte a afirmação.

Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, usou sua conta no Twitter para compartilhar, nesta segunda-feira, uma publicação da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, também conhecida como “Capitã Cloroquina” pela defesa do chamado “tratamento precoce”. Nela, a secretária diz não concordar que “crianças sejam parte de um experimento científico” e que os estudos da vacina em crianças “não demonstram a eficiência da mesma em reduzir doença e morte nessa população”, o que é contestado pelos dados da Anvisa.

Apesar das evidências científicas, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) é outro parlamentar que faz coro à propagação de informações falsas. Nesta quarta-feira, Terra questionou um estudo da Fiocruz que aponta como fundamental a inclusão de crianças para que se atinja a proteção coletiva no país, e repetiu que os imunizantes são “experimentais”.

Além disso, no último sábado, ao comentar a imunização de crianças, o parlamentar já havia afirmado que a vacina da Pfizer teria uma “tecnologia de alteração genética” e que “nunca foi experimentada antes em seres humanos". No entanto, a tecnologia de RNA mensageiro utilizada no imunizante, assim como as usadas em outras vacinas, não é capaz de alterar o código genético da pessoa, reforçam os cientistas. O imunizante também foi amplamente testado em seres humanos durante os estudos clínicos.

Não apenas deputados, mas também apoiadores conhecidos de Bolsonaro usaram as redes para atacar a vacina. Em vídeo publicado nesta quinta-feira, no Twitter, o pastor Silas Malafaia afirma que a decisão é um "infanticídio" pois o imunizante é “experimental”, e questiona se os técnicos da Anvisa saberiam mais que os médicos pediatras, que, supostamente, estariam debatendo ainda sobre o assunto. Porém, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em nota publicada nesta segunda-feira, reforçou que é favorável à imunização de crianças contra a Covid-19.

A oposição bolsonarista à aplicação de vacinas nesta faixa etária levou, inclusive, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a anunciar uma consulta pública para “manifestação da sociedade civil a respeito da vacinação”, o que não é usual. A decisão foi tomada apesar de tanto a Anvisa, como a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI), órgãos técnicos responsáveis pelo processo, terem se manifestado a favor da incorporação do público pediátrico na campanha nacional de vacinação.

Nesta semana, a deputada federal Bia Kicis, junto a outros parlamentares bolsonaristas, protocolou um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que busca suspender a decisão da Anvisa que autorizou a vacina para crianças de 5 a 11 anos.

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) demonstrou apoio ao PDL em suas redes sociais, e criticou a aprovação da Anvisa afirmando que “o meu filho ninguém vai me forçar a vacinar”. A declaração foi dada apesar de não haver, no Brasil, obrigatoriedade de vacinação contra a Covid-19 em qualquer faixa etária.

Além das críticas públicas, diretores e servidores têm recebido ameaças desde que deram o aval para o uso da vacina em crianças. Os e-mails com intimidações, que já somam mais de 150 mensagens, utilizam expressões como “considere este aviso como último", "seu assassino desgraçado”, "passe mal" e "safado, assassino". A Polícia Federal abriu inquérito para apurar o caso.




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