Vinte dos 34 integrantes da comissão especial do voto impresso na Câmara dos Deputados aprovaram uma autoconvocação do colegiado e podem derrubar hoje a proposta, uma das principais bandeiras do presidente Jair Bolsonaro.
O plano é enterrar a proposta antes do recesso parlamentar, que começa oficialmente no domingo. Os deputados pretendem votar — e derrotar — o projeto do deputado Filipe Barros (PSL-PR), que implementar o voto impresso. Assim, impediriam que o texto fosse submetido ao plenário.
O gesto é um ato de insubordinação ao comando bolsonarista da comissão e concretiza uma mobilização suprapartidária contra a proposta. Líderes de partidos trocaram integrantes do colegiado por parlamentares comprometidos em votar contra o projeto. Ao perceber que estavam em minoria, o presidente da comissão, Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), e o relator Barros, passaram a adiar a votação.
Reação: deputados a favor da proposta devem se retirar da sala da comissão para impedir que haja quórum para a votação e empurrar a análise para agosto. A ala contra o voto impresso diz que com 18 deputados já será possível derrubar o relatório.
Contexto: nas últimas semanas, Jair Bolsonaro acentuou a defesa do projeto e chegou a dizer que sem o voto impresso não haveria eleição em 2022. Bolsonaro ainda insultou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, que tem sido voz constante na defesa da lisura do sistema eletrônico.
As declarações levaram o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, a chamar Bolsonaro para uma reunião em que pediu respeito aos limites constitucionais entre os Poderes.
Deixe sua opinião