Movimento antivacina usa os mesmos argumentos há 135 anos
Jorge MagalhãesNasci no interior, mas
mesmo assim minha mãe não sendo uma pessoa "letratada”, fez o dever
de casa, vacinando a mim e irmãs. Na minha infância a paralisia infantil era o
terror, junto com sarampo e coqueluche.
Já na adolescência vi de perto com mais clareza os estragos da Poliomielite, ou paralisia infantil. Fazia o antigo ginásio no Colégio Luiz Reid, e tinha na minha turma um aluno que por conta da Poliomielite, andava de muletas, pois as duas pernas não se firmavam. Naquele tempo não existia a expressão "deficiente físico", o popular era fulano é aleijado(a).
Por conta disso, nossa turma nunca mudava de sala nas séries
seguintes, por conta dele não poder subir as escadas do segundo andar. O tempo
passou e hoje o que vemos?
Movimento antivacina usa
os mesmos argumentos há 135 anos.
Negação dos riscos de
doenças e dos benefícios de imunizantes já fazia parte do discurso de
antivacinacionistas de 1885 — estratégia reproduzida até hoje.
Mas lamentável ainda, é
que estamos no século XXI e temos na presidência da Republica um presidente, antivacina
e negacionista.
Entenda o que é o
movimento antivacina
Apesar de salvar de 2 a 3
milhões de pessoas anualmente, grupos têm defendido que a imunização seria
responsável por problemas de saúde.
Vivemos em um mundo no
qual é muito difícil de imaginar que, há algumas décadas, era comum que as
pessoas morressem por doenças como rubéola, meningite, poliomielite e tétano.
Com a evolução da medicina...
Quais são as consequências
do movimento antivacina para a sociedade nos nossos dias?
Doenças que há bastante
tempo já haviam sido erradicadas, estão voltando à tona no Brasil e no mundo.
Essa é uma das principais conseqüências do movimento antivacina — que vem
ganhando cada vez mais espaço na mídia e força na internet, devido aos riscos
que traz para a sociedade.
E você, sabe o que dizem
as pessoas que são contra a imunização? A seguir, falaremos um pouco mais sobre
o movimento e os perigos que ele pode trazer para o planeta.
O que dizem:
O movimento antivacina
prega que essa forma de imunização é prejudicial à saúde. As redes sociais são
um dos principais meios de propagação dessas idéias, muitas vezes, postadas em
sites e blogs com conteúdo de baixa credibilidade — mas que atingem várias
pessoas.
A origem do movimento
está em um artigo publicado em 1998, em um dos periódicos científicos mais
renomados do mundo, o Lancet. Nele, o médico inglês, Andrew Wakefield, sugeria
uma relação entre a vacina tríplice viral (contra o sarampo, caxumba e rubéola)
com o autismo.
Anos mais tarde, foi
provado que o estudo era nada mais nada menos do que uma fraude. O objetivo de
Wakefield, que teve a sua licença médica caçada, era lucrar com um imunizante
contra o sarampo. Contudo, antes que a constatação de fraude fosse feita, o
artigo foi suficiente para que várias pessoas iniciassem o movimento
antivacina.
Nos Estados Unidos,
inclusive, o médico inglês ganhou voz e ainda hoje viaja pelo país para
promover as suas ideias, apoiado por grandes celebridades, como Jim Carrey e Charlie
Sheen. Tudo isso mesmo com a publicação de dezenas de estudos que comprovam que
não existe relação entre a vacina e o autismo.
Quais os riscos?
O ano de 2018 marcou a
volta de uma doença que já era considerada erradicada no Brasil: o sarampo. Foram
1673 novos casos confirmados até setembro do ano em questão, com 8 mortes. Na
Europa, a ocorrência da enfermidade aumentou em cerca de 400%, apenas em 2017,
com mais de 20 mil casos e 35 mortes.
Outra doença que ameaça
voltar a aparecer, depois de ser erradicada em 1990, é a poliomielite, que
causa paralisia infantil. De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 300
cidades brasileiras estão com cobertura vacinal abaixo de 50% — visto que o
recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é 95%.
Os pais adeptos do
movimento, e que se recusam a vacinar as suas crianças, pensam que estão
tomando uma decisão individual, mas a verdade é que acabam afetando todo o
mundo. Com cada vez mais pessoas vulneráveis, mais chances os agentes invasores
têm de causar doenças. Assim, as famílias voltam a correr os mesmos riscos de
séculos atrás, quando condições "simples" causavam milhares de
mortes.
Porque devemos vacinar?
Como apontamos, a
desinformação pode trazer conseqüências graves à sociedade, como a vulnerabilidade
e, até mesmo, mortes que poderiam ser evitadas.
É preciso ter em mente
que, ao vacinar, as pessoas não estão apenas se protegendo. Quando os agentes
infecciosos se multiplicam, eles não afetam somente quem escolheu não tomar
vacina, mas também aqueles que por vários motivos não podem ser imunizados: por
sofrerem de alguma alteração imunológica, não terem idade suficiente, ou porque
onde moram não têm acesso à vacina na rede pública, por exemplo.
Viu só como o movimento
antivacina deve ser um assunto de saúde pública, pois traz riscos sérios às
famílias? Nesse contexto, é fundamental impedir que a desinformação gere consequências
graves. Em caso de dúvidas sobre a imunização, procure sempre o auxílio e a
opinião de um profissional especializado.
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