O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, montou uma estratégia para forçar o próprio governo a reconhecer uma mentira disseminada pelo presidente Jair Bolsonaro.
De forma equivocada, Bolsonaro afirmou que Maia teria sido o responsável pelo não pagamento de um décimo terceiro para os beneficiários do Bolsa Família neste ano.
Em reação às declarações do presidente, Maia pautou a votação da medida provisória que prorrogou o auxílio emergencial no valor de R$ 300, incluindo na proposta o pagamento do benefício natalino também em 2020.
Se for aprovada, a medida pode custar R$ 8 bilhões aos cofres públicos e não havia sido votada anteriormente a pedido do Ministério da Economia.
Segundo aliados de Maia, ele nunca quis criar dificuldades econômicas para o governo, mas precisava recolocar "as coisas no seu devido lugar".
Um interlocutor do presidente da Câmara disse que Maia não podia ficar como o "responsável" por algo que não está na sua conta, mas na do governo.
A pressão de Maia já surtiu um primeiro efeito. O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), postou mensagem nas redes sociais admitindo que a proposta do benefício natalino não foi votada a pedido do Ministério da Economia e que foi formulada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Na fala de Bolsonaro, a proposta teria sido feita pelo seu governo e não teria sido votada porque Maia decidiu não colocá-la em votação. Sendo que a medida não veio do governo, foi incluída por um senador da oposição, e caducou por causa de uma iniciativa da própria base do presidente da República no Legislativo.
Agora, a expectativa do grupo de Rodrigo Maia é que os líderes governistas peçam a retirada da pauta de votação da MP que prorroga o auxílio emergencial. Com isso, o que deve acontecer é que, pelo menos de forma indireta, a base de Bolsonaro no Congresso vai acabar desmentindo o presidente.
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