Defendido pelo ministro Paulo Guedes (Economia), o microimposto digital é considerado injusto pelo presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, 57 anos. Ele diz que nenhum país do mundo que implementou tributo similar obteve sucesso ou manteve a taxa ao longo dos anos.
De acordo com o comandante de 1 dos 3 maiores bancos privados do país, com valor de mercado de R$ 185 bilhões, segundo a Economatica, a proposta de Guedes também pode colocar em xeque a digitalização feita nos meios de transações financeiras e “perder” tudo o que foi conquistado com o avanço tecnológico até o momento.
“Seja CPMF [Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira], seja imposto sobre microtransações, eu não acho que é um imposto justo. Eu não acho que é um imposto correto. Nós já pagamos muito imposto. Não teria por que pagarmos mais. Esse imposto, pega todas as pessoas indistintamente do poder aquisitivo”, declarou.
O governo federal apresentou a 1ª etapa da reforma tributária na última semana de julho, mas ainda sem o microimposto digital defendido pelo ministro Paulo Guedes. O novo tributo que deve ser apresentado nos próximos meses pode ajudar o governo a equacionar 1 problema complexo: produzir uma receita fiscal extra e, então, permitir a redução da carga tributária que as empresas pagam sobre a folha de salários dos trabalhadores.
Lazari argumenta que é preciso diminuir os encargos sobre as empresas. Isso estimularia a criação de mais postos de trabalho, a economia seria aquecida e o governo não perderia arrecadação.
Dentro do governo federal, entretanto, está cada vez mais forte a ideia de criar a taxa sobre as operações virtuais, como o consumo de serviços de streaming. O presidente Jair Bolsonaro disse no início do mês que o imposto pode ser criado se não aumentar a carga.
Mas o microimposto digital é comparado à antiga CPMF, o que não é bem absorvido pela maioria dos congressistas e chegou a derrubar o ex-secretário da Receita Federal e defensor do tributo, Marcos Cintra. A alíquota pretendida pelo governo fica em torno de 0,2%.
Octavio de Lazari falou sobre esse e outros temas em entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues no programa Poder em Foco, parceria entre o SBT e o jornal digital Poder360.
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