O senador Flávio Bolsonaro admitiu pela primeira vez que seu ex-assessor Fabrício Queiroz pagava suas contas pessoais, conforme mostrou investigação do Ministério Público do Rio. Segundo ele, a origem dos recursos é lícita, sem relação com os possíveis desvios investigados em seu antigo gabinete na Alerj.
Em entrevista exclusiva ao GLOBO, o filho do presidente Jair Bolsonaro deu sua versão sobre os principais indícios obtidos até agora pelo MP sobre o suposto esquema de rachadinha, como a compra de imóveis com parcela paga por um amigo. Ele também respondeu sobre o fato de Queiroz ter sido preso enquanto estava abrigado na casa de Frederic Wassef, que defendia Flávio no caso.
O filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), porém, nega que o pagamento das contas fizesse parte de um esquema criminoso no seu gabinete como deputado na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). "Querer vincular isso a alguma espécie de esquema que eu tenha com o Queiroz é como criminalizar qualquer secretário que vá pagar a conta de um patrão no banco. Não posso mandar ninguém pagar uma conta para mim no banco?", questionou o senador.
Flávio alega que o alto valor das despesas pagas por Queiroz foi distribuído ao logo de muitos anos. Segundo o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), mais de cem boletos (cerca de R$ 260 mil) foram pagos pelo ex-assessor em dinheiro vivo. As contas incluíam mensalidades do plano de saúde da família do senador e da escola das suas filhas. "Você acha isso muito dinheiro (R$ 100 mil para o plano de saúde) em 12 anos? Minhas contas são investigadas desde 2007. Se você pegar esse dinheiro, R$ 120 mil, e diluir em 12 anos, vai dar R$ 1.000 por mês. Isso é muito? Não é muito. Qualquer plano familiar baratinho é mais do que isso. Não tem ilegalidade. A origem dos recursos é toda lícita.
"Relaxado" com Queiroz Flávio também reconheceu que não prestou a devida a atenção ao que Queiroz fazia com o dinheiro que ele recebia de volta de alguns assessores do seu gabinete. Segundo o senador, a quantia era usada para contratar trabalhadores informalmente. "Queiroz afirma que pegava o dinheiro para fazer a subcontratação de outras pessoas para trabalharem em redutos onde ele tinha força. Sempre fui bem votado nesses locais. Talvez tenha sido um pouco relaxado de não olhar isso mais de perto, deixei muito a cargo dele. Mas é obvio que, se soubesse que ele fazia isso, jamais concordaria", justificou. Ainda sobre o seu ex-assessor, o senador negou que conhecesse o paradeiro .
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