Grupos de torcedores de futebol e bolsonaristas brigaram neste domingo (31) na Avenida Paulista, na capital. PM interveio e usou bombas de efeito moral para dispersar manifestantes.
A polícia vai apurar se a presença de bandeiras com símbolos também usados por neonazistas foi o estopim para o confronto entre manifestantes pró-democracia e pró-Bolsonaro, neste domingo (31), na Avenida Paulista, Centro de São Paulo.
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) exibiram na Avenida Paulista bandeiras pretas e vermelhas, com tradicional símbolo ucraniano, que também são adotadas por grupos de extrema direita e até neonazistas. Isso não significa, porém, que a bandeira e o símbolo sejam neonazistas .
Mesmo assim, o uso das bandeiras por bolsonaristas teria irritado integrantes de torcidas organizadas de clubes rivais de futebol que convocaram ato em favor da democracia e contra o fascismo que seguia pacífico até esse momento. Eles brigaram com defensores do presidente que os provocaram, segundo a Polícia Militar (PM).
O grupo pró-Bolsonaro pedia a reabertura do comércio durante a pandemia de coronavírus e outras pautas, algumas antidemocráticas, como a intervenção militar, o fechamento do Congresso Nacional e o fim do Supremo Tribunal Federal (STF).
A Polícia Militar (PM) interveio, usando bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar o conflito entre bolsonaristas e torcedores.
Depois, segundo a PM, os torcedores de futebol decidiram romper o cordão de isolamento feito por policiais que os separavam dos bolsonaristas, e passaram a arremessar paus e pedras. A Polícia Militar revidou usando munição não letal. Até a publicação desta matéria, a corporação não havia informado se usou balas de borracha.
Cinco pessoas foram presas, três delas por desordem, e outras duas por roubo. Todas foram levadas para uma delegacia da região. Não havia informações sobre pessoas feridas.
Estopim
De acordo com o coronel Álvaro Camilo, secretário-executivo da PM, serão apuradas informações, ainda preliminares passadas por policiais militares, de que algumas bandeiras também usadas por neonazistas teriam causado esse confronto entre torcedores de times de futebol e bolsonaristas.
"Houve a provocação. Num primeiro momento falaram que essa provocação, essas pessoas também estavam com a bandeira", disse Camilo. Segundo ele, cerca de 1 mil pessoas estavam participando de manifestações na Paulista, a maioria delas ligadas às torcidas organizadas do Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos. A minoria seria apoiadora do presidente.
O coronel não soube dizer qual grupo estaria portando bandeiras que teriam causado a confusão. Mas disse que vai apurar se elas estariam com três manifestantes, que teriam saído do grupo onde estavam apoiadores de Bolsonaro, no prédio da Fiesp. E depois ido até o lado onde estavam torcedores que protestavam no Masp.
“Talvez essas mesmas pessoas, que tenham ido lá, estavam com bandeiras, mas isso não se confirmou. A PM não confirmou”, disse o coronel, que, entretanto, falou que policiais que filmaram as manifestações vão analisar as imagens para tentar identificar quem portava as bandeiras.
"Conversei com o comando da PM e pedi para pegarem todas as imagens que tenham a respeito no caso de identificação de bandeiras desse tipo, as palavras que foram proferidas, as pessoas que utilizaram", disse Camilo. "Pedi também para fazer uma varredura em todas as redes sociais".
No Brasil, o uso de símbolos nazistas é considerado antidemocrático e é proibido, segundo o coronel.
Bandeira e símbolo
As bandeiras vistas na Paulista com o símbolo ucraniano, no entanto, não são consideradas neonazistas. Elas, porém, também são usadas por grupos radicais, alguns deles simpatizantes do nazismo.
O símbolo na bandeira é na verdade o tryzub, o brasão de armas da Ucrânia na forma de um tridente, usado até no escudo da seleção de futebol do país. As cores oficiais da bandeira ucraniana são azul e amarelo. Algumas bandeiras nessas cores também usam o mesmo símbolo.
O movimento político ucraniano de extrema direita e ultranacionalista Pravyy Sektor, no entanto, é conhecido por também adotar a bandeira com as cores preta e vermelha e o símbolo. Na Ucrânia, o grupo é conhecido por ações violentas, inclusive com tacos de baseball. Em outros países, ele é considerado simpatizante de neonazistas.
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