O governo alardeou que iria arrecadar R$ 106,56 bilhões nos quatro leilões da cessão onerosa desta quarta-feira, com a oferta mínima para cada campo: Búzios, Itapu, Sépia e Atapu e iria irrigar o caixa de estados e municípios, além das burras da União.
Deu chabu. Das 14 empresas multinacionais inscritas, só metade (7) compareceu e, a rigor, apenas a Petrobras fez lances: arrematou Búzios (o maior campo) com o lance mínimo no valor de R$ 68,194 bilhões, cabendo à estatal 90% do negócio [R$ 61,88 bilhões] e às chinesas CNODC e CNOOC, que ficaram com 5% cada, desembolsar R$ 6,819 bilhões. Para o campo de Itapu, só houve um interessado, a Petrobras, que arrematou pelo valor mínimo de R$ 1,766 bilhão. Sépia e Atapu (onde a Petrobrás já fez investimentos) não tiveram lances.
Assim, o leilão arrecadará R$ 69,69 bilhões. Ou seja, uma perda de 34,34% em relação aos R$ 106,56 bilhões previstos. Amanhã, haverá a 6ª rodada pelo regime de partilha, com 16 companhias inscritas para a disputa de cinco áreas: Aram, Bumerangue, Cruzeiro do Sul, Sudoeste de Sagitário e Norte de Brava. Mas se todos os blocos saírem pelo preço mínimo, a arrecadação seria de R$ 7,9 bilhões. Deste modo, não serão arrecadados nem R$ 80 bilhões.
Os motivos das reticências das petroleiras
O leilão do pré-sal era considerado a grande joia da coroa ofertado pelo governo Bolsonaro no seu primeiro ano de gestão e foi previamente comemorado ontem na cerimônia de celebração dos primeiros 300 dias de gestão.
É preciso o governo Bolsonaro, à frente o ministro da Economia, Paulo Guedes, pesquisar bem o que não deu certo. Para evitar frustrações futuras.
Será que “faltou combinar com os russos”, ou as petroleiras, ou as agitações nos países da América Latina assustaram investidores de longo prazo, bem como a radicalização do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, de rasgar contratos e ignorar liminares judiciais levaram os investidores a por as barbas de molho?
Ganhos e perdas de União e Petrobras
Como a União se comprometeu a pagar à Petrobras R$ 34,1 bilhões pelos 4,55 bilhões de barris excedentes na cessão onerosa (em relação aos 5 bilhões iniciais garantidos na subscrição do aumento de capital da estatal em 2010), restariam para os cofres da União: R$ 24,12 bilhões; para o Rio de Janeiro, em cujas áreas costeiras estão os campos, R$ 1 bilhão: e uma repartição de R$ 5,4 bilhões para os demais estados e o DF. Além de outros R$ 5,4 bilhões para serem repartidos aos municípios. Todos os entes perderam 34,34% do que sonhavam para fechar os rombos de caixa.
Mas a Petrobras teve a garantia de mais da metade do que arrematou. Pelos 90% de Búzios e os 100% de Itapu, a estatal terá de desembolsar R$ 69,69 bilhões. Como vai receber R$ 34 bilhões, terá de fazer pagamento de R$ 29,646 bilhões. Por isso, a companhia vinha fazendo vendas programadas de campos maduros de petróleo e atividades periféricas e contava em fechar a venda de alguma das quatro refinarias postas à venda desde 2018 ainda este ano. Ficou para 2020.
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