O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou nesta terça-feira (11) que a melhor forma de derrubar preços de combustíveis no país é a concorrência e que a estratégia de não repassar os preços internacionais para o diesel e a gasolina causou prejuízo de R$ 180 bilhões para a estatal entre 2008 e 2018.
As declarações foram dadas durante audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.
O executivo compareceu para prestar esclarecimentos aos deputados sobre a situação atual da petroleira e sua política de preços, principalmente no diesel, base de custo dos caminhoneiros que usam as ameaças de paralisações como forma de pressionar o governo a fazer controle de preços na Petrobras.
Castello Branco afirmou que, neste caso, a estatal pode "ajudar muito pouco". Entre 2008 e 2018, a estratégia de não repassar integralmente os preços internacionais para os combustíveis causou perdas para a estatal de R$ 120 bilhões no diesel e de R$ 60 bilhões na gasolina.
Para o executivo, os preços do diesel, em uma lista com 160 países, estão na média mundial. "Pelo menos cem países têm preços mais elevados", disse. "Aqui o problema são os impostos", disse.
Mesmo assim, o executivo afirmou que decidiu segurar os reajustes por um período mais longo (trinta dias) e que vai manter o cartão caminhoneiro. Com ele, o motorista pode trocar combustível por dinheiro quando o preço do diesel cai, como forma de evitar perdas para o caminhoneiro.
Para ele, o problema do setor se deve a um descompasso entre oferta e demanda devido ao aumento acelerado da frota, "muito acima do crescimento do PIB".
Segundo Castello Branco, nos últimos doze meses encerrados em abril, os licenciamentos de veículos pesados e semipesados cresceram 86,7% contra 6,6% de leves e semi-leves, modelos preferidos pelos caminhoneiros autônomos.
Uma de suas propostas, que deve ser levada ao governo, é estimular a conversão da maior parte da frota para motores movidos a gás natural. Com o aumento da exploração com o pré-sal, esse combustível será ainda mais barato, o que reduzirá drasticamente os custos no frete futuramente.
A estratégia da Petrobras de vender ativos para concentrar investimentos na exploração de petróleo e gás também foi alvo de críticas dos parlamentares que chamaram o plano de "desmonte".
Castello Branco explicou que "é necessário tirar ativos que não são tão rentáveis e investir naqueles que trazem maior retorno". "Não há desmonte, há simplesmente gestão de portfolio", disse.
Segundo ele, a Petrobras irá investir US$ 105 bilhões e precisa vender algo entre US$ 30 bilhões e US$ 35 bilhões em ativos próprios que hoje não rendem o necessário.
Dentre eles, está um conjunto de refinarias. Com mais dinheiro em caixa, será possível apressar investimentos no pré-sal.
A falta de recursos e a situação na estatal comprometeram o cronograma de investimentos. Segundo ele, o país ficou cinco anos sem leilões e,com isso, deixou de arrecadar mais de R$ 100 bilhões em royalties e participações especiais.
Outro problema é o elevado endividamento da estatal que, segundo Castello Branco, está em US$ 106 bilhões, dobro da média das dez maiores empresas do setor.
"Pagamos juros elevados que consomem 25% de nossa geração de caixa", disse. "Se os US$ 7 bilhões pagos em juros fossem investidos na produção teriam gerado US$ 3,3 bilhões em receitas, US$ 1,4 bilhão em tributos."
Segundo o executivo, a produção do país está estagnada há uma década.
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