Antes de ser vista nas telas do computador, do celular, da televisão, do cinema e no teatro, Thati Lopes já se destacava na infância em apresentações musicais informais de São Gonçalo, cidade da Região Metropolitana do Rio. O “vasto” repertório da menina que mostrava talento para as artes incluía uma — apenas uma — canção: “Como nossos pais”, eternizada na voz de Elis Regina.— Eu cantava em todas as festas da cidade, do colégio... Só tinha essa música (risos)! Ia lá eu, pequenininha: “Não quero lhe falar meu grande amor”... — diverte-se, fazendo voz aguda e infantil.
Coincidentemente, neste editorial de moda, a atriz de “Espelho da vida” — trama que se passa paralelamente na década de 30 e nos tempos atuais — posa no melhor estilo do verso “é você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem”. No ensaio escolhido por Kéfera, colega de elenco de Thati, fica claro que “nossa modelo”, de 30 anos, tem apego ao pretérito pela maneira como mescla roupas e acessórios vintage a referências modernas.
— Não faço esta mistura conscientemente. Às vezes, reparo que estou assim e gosto. Uma peça curinga retrô que eu amo é a calça de cintura alta. É a melhor inspiração do meu guarda-roupa, principalmente quando combino com top cropped — aponta ela, que tem um estilo que prioriza jeans, jaquetas, tênis, botas.
O vestuário despojado se relaciona com sua personalidade. Na infância e na adolescência, Thati pedia ao pai para brincar da mesma maneira que seus irmãos. Com o jeito de “menina moleque”, como ela mesma classifica, a garota cresceu, mas não tão cedo apareceu. A atriz lembra que demorou a ingressar profissionalmente na interpretação.
— Fiz teatro aos 10 anos, em São Gonçalo, mas depois parei. Ao 18, trabalhei “normalmente” em escritório e em loja com carga horária, carteira assinada... Depois, fui locutora de porta de loja na Saara. Ficava lá chamando a galera. Até que, ao sair de um emprego numa empresa de contabilidade, Pedro Henrique Lopes (ator , produtor e escritor) me disse: “Agora que você foi demitida, vamos correr atrás. Arrumei um negócio aqui para você se inscrever: o ‘Ídolos’, do SBT . Agora vem o nosso sonho!”.
No reality show musical, Thati contestou um dos jurados, que errou ao dizer de quem era a letra da música que cantaria. Resultado? Desclassificação por um “não” do avaliador. Depois de outras negativas, peças infantis a colocaram no rumo da carreira teatral. Não sem proporcionar mais situações hilárias.
— Eu fazia espetáculos, festa de criança, de shoppings... Numa dessas, eu interpretava uma rata fedorenta que gostava de lixo. Um dia, paramos para almoçar no caminho de um evento para outro, e eu, ainda vestida de roedora, me dei conta ao sair que tinha esquecido o aparelho odontológico móvel no restaurante. Quando voltamos, o comércio estava fechado, mas o lixo estava na calçada. Imagina a cena: eu ali, de rata, vasculhando o lixo na rua (risos). Mas encontrei o meu aparelho! — diverte-se.
Do lixo ao luxo. Atualmente, a atriz, além de estar no elenco da novela, aguarda a estreia de dois filmes (“Liberdade mata”, com Marcelo Serrado) e “Socorro, virei uma garota” (ao lado do namorado Victor Lamoglia). Thati também faz parte do Porta dos Fundos, produtora que a escala para esquetes de temas variados, incluindo os que despertam críticas que classificam o humor como politicamente incorreto:
— A igreja católica que eu frequentava me excluiu por causa dos vídeos do Porta. Em 2018, depois de 12 anos, eu e outros integrantes do Encontro de Adolescentes com Cristo íamos nos reunir. Eu estava superfeliz de retornar, ver os amigos, animada para voltar à Igreja. Até que um amigo me avisou: “O novo padre descobriu que você é a menina do Porta dos Fundos e, por causa do vídeo tal, ele não quer que você participe”. Fiquei chateada e achei errado o fato de eles rejeitarem em vez de incluir alguém que queria estar na Igreja.
Com a vida seguindo, a atriz comemora mais uma bênção e retorna à TV depois de amanhã no papel de Josiane na novela com inspiração no espiritismo de Allan Kardec:
— Creio muito em Deus. Faço as minhas orações e acredito que quando nós fazemos o bem trazemos o bem.
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