Ciro Gomes - (Foto: José Cruz/Agência Brasil) |
Com a ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato, analistas dizem que o potencial de crescimento de Ciro Gomes (PDT) no Nordeste seria hoje maior do que em outras eleições. Mesmo que não exista garantia de que conseguirá a maioria dos votos na região, o pedetista teria a seu favor o fato de ser mais conhecido pelos eleitores nordestinos.
Para o cientista político Wilson Gomes, da Universidade Federal da Bahia, a chapa do PT - formada pelo "paulista" Fernando Haddad e pela "gaúcha" Manuela d'Ávila - poderia encontrar resistência junto ao eleitor do Nordeste, acostumado a votar em Lula por causa da relação do ex-presidente com a região. "Certamente, esse não é um ponto a seu favor, deve criar dificuldade e talvez não ajude ele (Haddad) a ganhar votos."
Na sua avaliação, o fato de Ciro ser um político do Nordeste já tem provocado efeitos nas pesquisas de intenção de voto. "É a única das cinco candidaturas mais competitivas que tem representante na região", disse.
Para o cientista político Humberto Dantas, da USP, Ciro teria desta vez maior chance de "dialogar" com o eleitor local, que em grande medida sempre foi fiel a Lula. "O Haddad tem tanta cara de paulista quanto o Geraldo Alckmin(PSDB). Ciro deve explorar isso para conseguir frear a transferência de votos de Lula", afirmou ele.
O cientista político Carlos Melo, do Insper, segue a mesma linha. "Ciro faz parte de um grupo que, na região, está há mais de 10 anos no poder. Ainda assim, se Lula estivesse no jogo, Ciro não teria como brigar. Agora, sem Lula, ele quer, e vai, reivindicar esse espaço".
Professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, o cientista político Leon Victor de Queiroz diz que a resiliência do espólio lulista no Nordeste se deve sobretudo às políticas executadas na região pelos governos do ex-presidente. "O Nordeste mudou bastante sua cara a partir dos anos Lula", afirma. Ele avalia ainda que o candidato do PDT pode crescer entre os eleitores que buscam alternativa ao PT. "O eleitorado que Ciro vai disputar não se identifica com a direita, mas está fatigado do PT. É muito difícil dizer qual o eleitor que vota em Ciro, mas arrisco dizer que esse é o eleitor do meio, que busca uma alternativa ao PT após o fracasso do governo Dilma e também não quer votar na centro-direita nem em Jair Bolsonaro, que representa a extrema-direita." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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