Conhecidos, apresentados, entrevistados e sabatinados os principais candidatos a presidente à eleição 2018, minha opinião de hoje é a seguinte:
Ciro Gomes e Geraldo Alckmin têm o discurso mais objetivo, mais redondo, mais pragmático e mais do mesmo em relação ao consenso midiatizado de cortar e reformar.
Alckmin estará em larga vantagem por deter quase 50% do latifúndio do tempo de TV, mas Ciro cresce e crescerá nos espaços de grande repercussão, como o Jornal Nacional e os debates da Globo.
Álvaro Dias e Marina Silva, que poderiam ocupar espaço com suas biografias um tanto quanto imaculadas, têm um discurso meio sonífero, pobres de exemplos concretos e objetividade. Ele, estrutural, gosta de falar numa etérea “refundação da República”. Ela, social, repete o mantra de saúde, educação e miséria, sem avançar de forma convincente sobre as desgraças das contas públicas. Propugna por um mundo ideal.
O capitão tem boa performance individual e empolga com as frases de efeito que batem fundo em grandes incômodos da classe média: falta de segurança, direitos humanos e relativização de valores. Mas afunda em debates. Fica patente sua incapacidade de aprofundar sobre qualquer outro assunto além de seus mantras. Difícil acreditar que conquiste novos eleitores além do seu nicho, nesses espaços. Ter fechado a chapa com um general como vice restringiu ainda mais o seu nicho.
Henrique Meirelles é péssimo de TV. Além da crise de identidade de ser herdeiro de Temer ou de Lula, não consegue converter sua experiência num discurso político de propostas objetivas. Quando simplifica, soa raso. E tem o péssimo hábito de enfiar o dedo na cara do telespectador.
Lula não acerta todas. Ao esticar a corda até o limite em que o TSE não tenha mais tempo de substituir sua foto na urna, fez desaparecer o PT dos debates e das entrevistas que, neste momento, ajudam a tornar conhecidas e alavancar as candidaturas. Como a definição de sua candidatura ou substituição por Fernando Haddad pode sair só próximo a 17 de setembro, ele ou seu substituto terá apenas dez dias de campanha televisiva.
Guilherme Boulos simula o Lula dos primeiros tempos, bom de tiro contra as elites, os banqueiros, o direito à propriedade e tudo o mais que está aí. Não tem a menor intenção de renovar o discurso para sair do século XIX e deve, como Lula no início, ter voto de candidato nanico até o dia que, como ele, paz e amor, resolver escrever uma Carta Ao Povo Brasileiro.
João Amoêdo, novo como o partido que leva esse nome, articulado e capaz de traduzir teoremas econômicos em linguagem acessível, tem o melhor discurso de inovação do Estado. Perto de suas propostas de libertação do cidadão e das empresas do jugo do Estado, as propostas de Alckmin e Ciro parecem velharia. Mas não tem espaço nem nos debates, por conta de uma das excrescências da lei eleitoral que tolhe a liberdade das emissoras e abre espaço para as ideias de um…
Cabo Daciolo. É um primitivo que, se treinar muito, trilhar a carreira política de onde deveria ter começado, como candidato a vereador, e se reeleger deputados algumas vezes, um dia pode chegar a ser um capitão.
Como em todas as eleições, as propostas começam pelos extremos e caminham para o centro, os candidatos vão se adequando até ficarem parecidos. Da perspectiva de hoje, como nas eleições dos últimos 20 anos, Alckmin caminha por aglutinar as vocações da centro-direita, Ciro as da centro-esquerda. Eu e os eleitores estamos no centro à espera de que confluam.
Se forem os dois para o segundo turno, será um disputa de bom nível em que outra vez duelarão os espólios de PSDB e PT. Mas há o grande fato novo das redes sociais que podem transformar nanicos em azarões. Vai depender da competências deles de usar as redes, caso em que Marina e o capitão estão na frente.
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