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Sete pessoas são presas em operação da Polícia Civil e MP-RJ

Sete pessoas são presas em operação da Polícia Civil e MP-RJ Sete pessoas foram presas e uma pessoa morta na manhã desta quarta-feira (4) durante uma operação de combate ao roubo de cargas no Rio de Janeiro. Realizada pela Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) da Polícia Civil em conjunto com o Ministério Público do Estado , a ação teve como objetivo cumprir 12 mandados de prisão contra uma quadrilha que atua na compra e distribuição de produtos roubados na capital fluminense.
“Esses presos não têm ligação com nenhuma favela específica. Eles atuam com todas as facções”, explicou o delegado Delmir Gouvea, titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas.
O delegado enfatizou, no entanto, que irá responsabilizar em inquérito policial os líderes do tráfico das comunidades onde o esquema acontece. "Ninguém faz nada sem ordem ou consentimento dos líderes do tráfico. Serão indiciados também, mesmo os que já estão presos", afirmou Delmir.
As investigações apontaram que o material roubado pela quadrilha é comprado em diversas favelas do Rio. O pagamento pelo serviço é feito à vista ou em consignação e o material é distribuído em feiras, trens e calçadões.
Durante a operação, uma pessoa, cuja identidade não foi informada, acabou morta na Vila Aliança por, segundo a polícia, ter resistido à prisão. Na mesma comunidade os policiais apreenderam cerca de 200 kg de maconha.

'Sofisticada rede de revenda'

Os investigadores disseram ter ficado impressionados com o esquema criado pela quadrilha. Alguns integrantes eram responsáveis pelo roubo de cargas. Outros avisavam uma rede de distribuição sobre quais eram as mercadorias disponíveis.
Fazem parte dessa rede de distribuição comerciantes e camelôs de calçadões de vários pontos da cidade. Os criminosos também contratavam ambulantes e pagavam diárias a eles para venderem produtos oriundos do crime.
“Nós conseguimos identificar uma sofisticada rede de revenda por comércio varejista, em que essa quadrilha chega a pagar camelôs por sua jornada diária para que eles revendam as mercadorias roubadas nas imediações das estações ferroviárias”, explicou o promotor Alexandre Themístocles.
Segundo o MP-RJ, os envolvidos no esquema também foram denunciados pelo por organização criminosa e financiamento do tráfico de drogas, já que dividiam os lucros obtidos com os crimes com traficantes.
Segundo o MP, o esquema de roubo de carga se beneficiava do domínio territorial que os criminosos exerciam nas favelas Pica-pau, Dick, Ficap e Furquim Mendes, para fazerem nestes locais o transbordo das mercadorias roubadas. Eles também chegaram a pagar propina a agentes públicos para não serem presos em flagrante.
Segundo o delegado Delmir Gouvêa, da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas, uma próxima fase da operação será mapear as principais manchas criminais de roubos de cargas e as rotas de entradas de caminhão nas comunidades.
"Nós vamos mandar [o mapeamento] para que a Polícia Militar faça o planejamento de policiamento ostensivo antes do acesso às favelas", disse.

Escutas revelaram esquema

Dentre os sete presos na operação está o casal Alan Pinheiro de Oliveira e Danieli Bezerra, que foi flagrado em escutas telefônicas que ajudaram os investigadores a compreender detalhes da atuação da quadrilha.
Alan e Danieli foram flagrados em escutas telefônicas negociando a venda de mercadorias roubadas (Foto: Henrique Coelho/G1)Alan e Danieli foram flagrados em escutas telefônicas negociando a venda de mercadorias roubadas (Foto: Henrique Coelho/G1)
Alan e Danieli foram flagrados em escutas telefônicas negociando a venda de mercadorias roubadas (Foto: Henrique Coelho/G1)
Em um áudio gravado pelos policiais, Alan e a mulher Danieli negociaram uma carga de bebidas energéticas. Em uma outra gravação, eles falam sobre a comercialização de uma carga de óleo de cozinha.
Danieli Bezerra – “Você vai trazer óleo para casa?
Alan Pinheiro de Oliveira – “Vai, Baiano saiu daqui agora com 20”.
Danieli Bezerra – “Vou anunciar”.
Alan Pinheiro de Oliveira – “Pode anunciar 4 por R$ 10”.
De acordo com os investigadores, Alan possui contato direto com traficantes e outros criminosos que roubam as cargas e encabeçava o esquema. Quando ele conseguia um comprador para grandes quantidades, ele mesmo negociava e repassava a carga para intermediários
Em outra gravação interceptada pela polícia, Alan conversa com outro intermediário sobre a venda de margarina roubada.
Durante as investigações, os policiais também gravaram uma conversa de Marlen Marlon Souza da Silva, conhecido como “Marlinho Gordinho”, que fala da necessidade de usar fuzis nos assaltos, se referindo ao armamento como “negocinhos” e “brinquedos”.
Marlen Marlon Souza da Silva – “Tá com escolta?”
Criminoso – “Escolta, escolta mesmo”.
Marlen – “Só um cara?”
Criminoso – “O piloto e um outro, pô”
Marlen – “Então tem que ir com dois ‘negocinhos’”.
Criminoso – “É, dois ‘brinquedos’”.

Combate ao roubo de cargas é foco da intervenção

Em entrevista exclusiva à GloboNews, o general Richard Nunes, secretário de Segurança do RJ nomeado pelo interventor Braga Netto afirmou que o combate aos roubos de cargas e de veículos são uma prioridade de sua gestão.
De acordo com o delegado Delmir Gouvêa, que assumiu a da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas há uma semana, em 2017 foram roubados 10.955 caminhões de cargas e que o número está subestimado, devido à greve na polícia civil no primeiro trimestre.
Números oficiais mostraram que nos primeiros 12 dias de 2018, foram registrados 281 casos de roubo de cargas, uma média de 23 casos por dia. De janeiro a novembro do ano passado, foram 9,4 mil casos. A polícia afirma que os roubos de carga se tornaram um braço financeiro do tráfico de drogas em várias favelas do Rio de Janeiro.
De acordo com a Fetranscarga, os produtos mais visados pelos criminosos são os alimentos, as bebidas, os medicamentos, produtos farmacêuticos, eletrônicos e autopeças.

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