Objetivo é garantir que
ex-presidente aguarde em liberdade julgamento de recursos.
A defesa do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva entrou com pedido de habeas
corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para que ele não
seja preso mesmo após a análise do recurso no Tribunal
Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que, na semana passada, confirmou a
condenção do petista por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A orientação
do Supremo Tribunal Federal (STF) é de que as penas comecem a ser cumpridas
após a condenação por um tribunal de segunda instância.
Além de confirmar a condenação de Lula, o TRF-4 aumentou a pena do ex-presidente para 12 anos e 1 mês de prisão. O petista tem direito a recurso nesse tribunal, mas apenas para esclarecer pontos da sentença. Segundo os desembargadores, ele pode ser preso logo após a análise desse instrumento. No pedido de habeas corpus apresentado nesta terça-feira, porém, os advogados de Lula defendem que ele só poderia ser preso após esgotadas as possibilidades de recurso em instâncias superiores (STJ e STF).
No habeas corpus, os advogados
alegam que o cumprimento antecipado da pena é incompatível com o artigo 5º da
Constituição Federal, segundo o qual “ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Além disso, a defesa do
ex-presidente afirma que o STF deve analisar novamente o tema em breve.
Os representantes legais de Lula também alegam que uma eventual prisão irá influenciar nas eleições presidenciais, já que o petista anunciou sua pré-candidatura e está liderando as pesquisas de intenção de voto. O documento é assinado pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins.
“A privação de sua liberdade no
período de campanha (ou pré- campanha) eleitoral, consideradas as credenciais
acima referidas, configurar-se-ia em um prejuízo irreversível ao exercício da
democracia no país – que pressupõe o debate de ideias muitas vezes antagônicas
entre si. Garantir liberdade de trânsito e voz a alguém que representa tantos
brasileiros, especialmente neste período de conflagração sócio-política que se
atravessa”, diz o texto.
VICE-PRESIDENTE DO STJ JULGARÁ
PEDIDO
O habeas corpus será julgado pelo
vice-presidente do STJ, ministro Humberto Martins, que está responsável pelas
decisões urgentes durante o recesso do Judiciário. A partir de quinta-feira, o
tribunal volta a funcionar normalmente e deve ser encaminhado ao ministro Felix
Fischer, que é o relator da Lava-Jato no STJ, se Martins não tomar uma decisão
liminar até lá. Caso o ministro já tenha tomado uma decisão, Felix Fischer
poderá revê-la.
No habeas corpus, a defesa também
lembra que, segundo a Convenção Americana de Direitos Humanos, “toda pessoa
acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se
comprove legalmente sua culpa”. E que, durante o processo, o réu tem “direito
de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior”.
Outro argumento é que a
condenação de Lula “ocorreu despida de fundamentação idônea”. O crime de
lavagem de dinheiro, por exemplo, foi determinado sem que “houvesse a
demonstração do rastro financeiro (...) entre a suposta vantagem indevida
oriunda dos contratos da Petrobras citados na denúncia e os valores
alegadamente utilizados na aquisição e nas reformas ocorridas no apartamento”.
Os advogados ainda listaram seis
motivos para alegar que o cumprimento antecipado da pena é desnecessário. De
acordo com eles, Lula:
1) Respondeu à ação penal em “liberdade,
colaborando com a administração da Justiça e comparecendo em Juízo sempre que
demandado”
2) Tem bons antecedentes
criminais
3) Responde por crimes não
violentos
4) Tem 72 anos de idade
5) Foi presidente duas vezes
6) É candidato à presidência
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