A venda do Campo de Carcará feita pela Petrobrás para a norueguesa Statoil vai ter uma importante decisão nesta terça-feira(10). Toda atenção para o julgamento que vai acontecer na 4ª Turma Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF), em Recife. Dois desembargadores estarão julgando o recurso interposto pela Federação Nacional do Petroleiros e pelo Sindipetro de Alagoas e Sergipe, a partir das 13 horas. Há quinze dias, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região derrubou o processo de suspensão de segurança da União Federal que permitia a continuidade da venda do campo de Carcará. A decisão do Tribunal foi considerada mais uma vitória da Federação Nacional dos Petroleiros e pelo Sindipetro de Alagoas e Sergipe, que estão a frente de uma batalha que denunciou a entrega do valiosíssimo Campo de Carcará pela Petrobrás à Statoil por um preço considerado irrisório, diante das potencialidades de produção gigantescas e da alta qualidade de seu óleo. O Tribunal decidiu considerar que deveria prevalecer a decisão jurídica e não a política.
A advogada Raquel Sousa (foto) está a frente do processo desde o início. Ela disse que “ A extinção do processo traduziu numa vitória muito importante porque esse pedido de suspensão de segurança era uma medida leonina. O tribunal decidiu extinguir o processo e disse que a decisão caberia a 4ª Turma que é onde foi distribuído o agravo de instrumento da Statoil. Vamos aguardar a decisão dos desembargadores.”
A venda de Carcará já vai longe, anunciada em julho do ano passado e concluída em novembro, mas a negociação ainda reverbera bastante no setor de petróleo brasileiro. O próprio presidente da Petrobrás, Pedro Parente, justificou a venda porque a alta pressão da área geraria custos extras com equipamentos. No entanto, argumentos muito mais qualificados, contestaram as alegações de Parente. De acordo com o que dizem geólogos especializados, a alta pressão alegada por Parente para vender, trará mais resultados positivos do que negativos para os donos do bloco, já que, apesar de demandar equipamentos mais caros, com tecnologia já dominada, a área terá uma produtividade muito maior do que as já encontradas no resto do pré-sal: “Carcará vai ter uma vazão limitada pelo diâmetro do poço, já que a pressão é muito alta. Então vai alcançar 50 mil barris por dia por poço, como já foi mostrado nos testes”, disse o geólogo LucianoChagas.
Por esse e outros fatores elencados por Chagas revela que que o valor do bloco seja muito maior do que o apresentado. Ele calcula que os preços pela participação no bloco deveriam ser de no mínimo US$ 5 por barril, podendo atingir facilmente US$ 8 por barril, o que avaliaria a área em algo entre US$ 10 bilhões e US$ 16 bilhões (US$ 6,6 bilhões a US$ 10,56 bilhões pela participação de 66% da Petrobrás) – levando em conta a estimativa das parceiras no bloco (de 2 bilhões de barris). Acredite, a Petrobrás vendeu Carcará por apenas US$ 2,5 bilhões.
A coluna de óleo em um dos poços é maior em 75 metros do que a altura do Pão de Açúcar, que é de 396m. Somente 3 poços foram perfurados nesta acumulação. Apenas para exemplificar, em Búzios, o maior supergigante do Pré-Sal, de 2014 para 2015 o volume de petróleo inicialmente variou em cerca de 3,2 bilhões de barris, conforme os Boletins Anuais de Reservas (BAR) dos respectivos anos emitidos pela ANP. Variando o volume, varia também o volume de óleo recuperável. Assim com a perfuração de mais poços a reserva de Carcará poderá aumentar consideravelmente.
Os poços perfurados em Carcará confirmaram a presença de petróleo de excelente qualidade de 31 graus API e sem contaminantes (CO2 e H2S) e rochas reservatório também de excelente qualidade. Testes de formação realizados em um dos poços perfurados em 2015 confirmaram a continuidade do reservatório, ou seja, que o reservatório atravessado nos 3 poços é o mesmo, e que a produtividade é elevada (médias de 20 mil a 30 mil barris por dia são comuns a alguns campos do pré-sal). A área teria 2 bilhões de barris recuperáveis, mas que a Petrobrás anunciou uma estimativa de 0,8 a 1,3 bilhão de barris recuperáveis quando divulgou a venda para a Statoil. Ele calcula que os preços pela participação no bloco deveriam ser de no mínimo US$ 5 por barril, podendo atingir facilmente US$ 8 por barril, o que avaliaria a área em algo entre US$ 10 bilhões e US$ 16 bilhões (US$ 6,6 bilhões a US$ 10,56 bilhões pela participação de 66% da Petrobrás.
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