Apelidada de "Rainha dos Golpes", Larissa Borges da Silva, de 29 anos, era conhecida desde a adolescência por viver de mentiras, segundo a Polícia Civil do Distrito Federal. Ela foi presa nesta terça-feira, apontada como autora de ao menos 31 estelionatos, nos quais usava a beleza e a simpatia para enganar as vítimas — entre elas médicos, lojistas, taxistas, motoristas de Uber, entregadores de comida, vendedores de carro e até de animais de estimação.
— Policiais de Goiânia contaram para os do Distrito Federal que já conheciam Larissa, que ela era dissimulada, contava mentiras desde criança. Com 16 ou 17 anos já agia assim. Recebemos mais denúncias desde que foi presa. Ela já está indiciada em 17 crimes, mas precisaremos apurar se houve o contato e o prejuízo nesses outros — destacou o delegado João de Ataliba Nogueira, da 1ª DP (Asa Sul).
Detida na última terça-feira, a jovem caiu em lágrimas. Segundo o delegado, não é sinal de qualquer arrependimento da "Rainha dos Golpes", que tentou se fazer de louca no ato da prisão.
— Isso é falsidade pura. Na hora de ser conduzida à delegacia, ela começou a se debater na viatura, deu cabeçada na grade. Tentou dar uma de doida. Mas, de doida ela não tem nada. Doido não sabe que é doido, e ela ficou gritando que era doida — frisou Ataliba Nogueira.
Outro traço recorrente na personalidade de Larissa era a agressividade. Uma câmera de segurança flagrou quando ela quebrou com um carro a portaria de um ex-namorado, o qual tentava enganar ao dizer que estava grávida. Ao ser detida por policiais, a jovem insistiu que era gestante. Mas a barriga, supostamente de três meses, não crescia — ao contrário, ela só ficava mais magra, disse o delegado, que a monitorou por dois meses antes da prisão.
— Ela também foi no restaurante onde ele trabalhava, ameaçou a dona e a acusou se ser amante. Com o barraco, o rapaz quase perdeu o emprego. Foi um inferno por dois meses. Até hoje ela jura que está grávida. Ele sempre pedia para levá-la no médico, ela nunca quis. Uma vez, mandou uma ultrassonografia, e o homem descobriu que o CRM era de um cardiologista. Aí ele viu que era golpe — contou Ataliba Nogueira.
De acordo com o delegado, Larissa se apresentava nos golpes com outros três nomes: Luana, Laiane e Laiana. Ao pedir a mercadoria, ela mostrava um cartão de crédito que não passaria na máquina e, ciente disso, simulava pagamentos por meio de transferências bancárias falsas. Mas a fama de golpista logo correu entre os prestadores de serviços.
— Ela deu golpe em taxista, motorista de Uber, entregador de comida. Já estava difícil conseguir vítima. Ela não estava recebendo serviço de quase ninguém. Todo mundo estava avisado dela. O pessoal estava esperto, já cancelava a corrida quando via que era ela — contou.
A jovem chegou a colocar silicone nos seios e comprar cachorros por meio dos golpes. Em uma das queixas contra ela, um comerciante a acusa de não pagar por um cão da raça Spitz alemão. Ao prender a mulher, os policiais encontraram outro cachorro no apartamento, que está apreendido na delegacia e deve ser levado a uma ONG. Os investigadores suspeitam que ela pegava os animais e revendia.
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