Nobel da Paz Liu Xiaobo, em foto de arquivo de 14 de março de 2005 (Foto: AFP) |
Morre Liu Xiaobo, Nobel da Paz chinês
Ele sofria de câncer em fase terminal. Hospital já tinha informado que ele sofria de falência múltipla dos órgãos.
O dissidente chinês Liu Xiaobo, Prêmio Nobel da Paz de 2010, morreu nesta quinta-feira (13), de acordo com as agência France Presse e Reuters. O hospital em que o paciente, que tinha um câncer em fase terminal, estava internado já tinha informado na quarta-feira (12) que ele sofria de falência múltipla dos órgãos. A família não aceitava que ele recebesse respiração artificial.
Liu Xiaobo se torna o primeiro Nobel da Paz a morrer privado da liberdade desde o pacifista alemão Carl von Ossietzky, que faleceu em 1938 em um hospital quando estava detido pelos nazistas.
Mais cedo, nesta quinta, o o porta-voz da diplomacia chinesa Geng Shuang negou novamente os apelos internacionais para que o opositor recebesse tratamento no exterior.
"Já respondi a esta pergunta várias vezes. Volto a repetir: esperamos que os países envolvidos respeitem a soberania da Justiça chinesa e se abstenham de qualquer ingerência nos assuntos internos da China com o pretexto de defender um caso individual", declarou.
Na terça-feira, o Hospital Universitário Nº1 de Shenyang (nordeste da China) informou que Liu se encontrava "em estado crítico".
De acordo com o hospital, o paciente sofreu um choque séptico, uma infecção abdominal e foi submetido à diálise.
Em 2009, o ativista foi condenado a 11 anos de prisão, acusado de "subversão" após reivindicar reformas democráticas no país.
Dúvida sobre os boletins médicos
Ativistas chineses dos direitos humanos, no entanto, questionam os boletins médicos divulgados pelas autoridades e temem uma possível manipulação das informações.
"Como as autoridades controlam todas as informações relativas ao estado de saúde de Liu Xiaobo é difícil verificar a veracidade dos comunicados publicados pelo hospital na internet", disse à AFP Patrick Poon, diretor chinês da Anistia Internacional.
"Alguém poderia perguntar de maneira legítima se as autoridades não publicam estas informações para justificar sua recusa a permitir que deixe o país", completou.
"Não sabemos em que medida são boletins médicos profissionais ou informações manipuladas com fins políticos", declarou Maya Wang, da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch.
Na terça-feira, o governo dos Estados Unidos apresentou uma proposta a China para receber o dissidente e prêmio Nobel da Paz, para que Liu Xiaobo receba tratamento médico.
O governo alemão também solicitou que a China permita que o dissidente deixe o país e se prontificou a tratá-lo.
A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, fez a mesma proposta.10:57 13/07/2017
Deixe sua opinião