O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou a aliados irritação com a participação de dirigentes petistas numa reunião com integrantes do PSOL e de movimentos de esquerda para discussão de um programa de governo para o país.
Segundo o que apuramos, Lula soube apenas na terça-feira, e pela imprensa, que um grupo de petistas, dirigentes do PSOL e representantes de movimentos de esquerda tinham se reunido no domingo (18) para traçar uma estratégia para a oposição.
Ainda segundo petistas, Lula ficou particularmente contrariado com o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ). Na segunda-feira, Lindbergh participou de uma reunião com Lula na sede do partido em São Paulo, mas não fez qualquer menção ao encontro da véspera.
Realizada a convite do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), de Guilherme Boulos, e da Frente Povo Sem Medo, a reunião contou com a participação do ex-ministro da Justiça Tarso Genro e de Vicente Trevas, assessor do Planalto no governo Lula.
O secretário de Formação do PT, Carlos Henrique Árabe, e o deputado estadual João Paulo Rillo foram à reunião. O deputado federal Ivan Valente (SP) e o deputado estadual Marcelo Freixo (RJ) eram representantes do PSOL à mesa.
Para integrantes da cúpula petista aí está o embrião de um novo partido. Dirigentes petistas chegaram a chamar seus colegas que foram ao encontro de desonestos.
Ministro dos governos Lula e Dilma, Gilberto Carvalho minimizou. "Quanto mais conversas, melhor. Agora, a história de criar um partido a partir desta conversa, sinceramente, não acredito", disse.
A movimentação de Boulos também surpreendeu petistas. Eles chamam a reunião de inoportuna por ocorrer num momento em que se espera uma decisão do juiz Sergio Moro sobre a ação penal do caso tríplex, em que Lula é acusado de receber propina da empreiteira OAS por meio da posse de um apartamento em Guarujá.
Segundo participantes da reunião de domingo, está em discussão um "programa mais à esquerda", que vá "além" dos governos petistas. A reforma do sistema tributário, uma auditoria do sistema da dívida e o controle da mídia são propostas em debate.
Para petistas, a discussão de um programa de governo à revelia de Lula colide com o discurso de que não existe um plano B para a esquerda.
A ideia de elaboração de um plano de governo em conjunto com movimentos de esquerda já foi rechaçada por Lula.
No dia 2 de junho, o ex-presidente contrariou a esquerda ao pregar pragmatismo durante discurso de abertura do congresso do partido em Brasília. Lula afirmou que é necessário saber se as promessas são "exequíveis".
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