Investimento em ações fica mais atraente e analistas esperam ainda mais ganhos; Selic alta, no entanto, ainda favorece aplicações mais conservadoras
A Bovespa alcançou nesta quarta-feira, 15, o maior patamar desde 2012 e já contabiliza alta de mais de 12% desde janeiro. A perspectiva é de que o mercado de ações mantenha o embalo e os principais motores são a queda da inflação e da taxa de juros, que favorecem a volta do consumo. Para as empresas, a redução da Selic diminui o custo da dívida e torna o cenário mais favorável para investimentos, o que, por sua vez, deve se refletir em lucros maiores e mais ganhos para os acionistas.
A melhora no cenário econômico e político no Brasil também influencia. "O mercado já está precificando a retomada do grau de investimento. Não é algo para o curto prazo, mas se as agências sinalizarem que o viés para o Brasil é positivo - e isso ainda não aconteceu - a Bolsa pode subir ainda mais", diz Marco Saravalle, analista da XP Investimentos.
Apesar de ainda não haver sinais claros de retomada da economia, papéis de companhias ligadas ao setor financeiro e ao consumo têm mostrado mais fôlego. Analista da corretora Rico, Leandro Martins destaca a melhora no desempenho das empresas de varejo na Bolsa, principalmente no ramo de shopping centers.
Passado o primeiro impacto da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, as bolsas no exterior se recuperaram e estão batendo recordes históricos, otimismo que também se reflete no mercado doméstico. Martins reforça que a Bovespa ainda está longe do patamar pré-crise de 2008 e que pode até superar o pico de 73,9 mil pontos atingido há dez anos. "Faz muito tempo que não temos um momento parecido para o investidor pessoas fisica", diz.
No entanto, ainda que a Selic recue e termine o ano na casa de um dígito, a queda da inflação faz com que o ganho real na renda fixa ainda seja atraente. Especialista em finanças, a professora da FGV Myrian Lund ressalta que o investidor que quer aplicar recursos na Bolsa precisa ter em mente que não há garantia de retorno. Se o objetivo é preservar capital, diz a professora, a recomendação é a renda fixa.
Caso o investidor já tenha aplicações em renda fixa e queira diversificar seu portfólio, Myrian aconselha a investir em ações aos poucos e em papéis de pelo menos cinco empresas de setores diferentes. Assim, é possível diminuir o impacto das oscilações no retorno do investimento.
Outro detalhe importante é conhecer a fundo as condições do mercado e as empresas em que se está investindo: "Se o investidor não consegue acompanhar as mudanças, pode optar pelos fundos de ações. Porém, precisa prestar atenção ao histórico de rentabilidade e procurar produtos que superem o Ibovespa [principal índice de ações do mercado brasileiro]", diz Myrian.
Deixe sua opinião