O nome está sujo na praça, dívidas acumulam e conta não sai do vermelho. O que fazer? Negociar com os credores para evitar que o problema vire uma bola de neve. A dica é de especialistas e órgãos de proteção ao consumidor. Débitos no cartão de crédito, cheque especial, financiamentos imobiliários e de automóveis e carnês de lojas podem cair até 70% se o consumidor pagar à vista. Mas se o dinheiro não der para quitar tudo, proponha parcelar.
Se a dívida é no cartão, o cliente deve tentar um acordo para escapar dos juros médios do rotativo de 484,6% ao ano, alerta Vânia Carvalho, especialista em Direito do Consumidor. Ela diz que é possível fazer o valor do débito cair para menos da metade com redução de juros e revisão de cobranças em excesso.
E para conter os abusos, o Conselho Monetário Nacional mudou as regras para pagar o rotativo do cartão. A partir de 3 de abril, o cliente não pode ficar mais de 30 dias nessa modalidade. Após o prazo, se a dívida não for quitada, os bancos serão obrigados a oferecer financiamento do débito com juros menores que os do rotativo. O que acabará com o pagamento mínimo contínuo.
“Para o consumidor, a mudança é positiva, pois deve minar a famosa ‘bola de neve’ dos juros do rotativo”, avalia Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros. Ele alerta que a decisão não pode ser incentivo para que se pague apenas o mínimo da fatura.
E a “bola de neve” foi o que pegou a consultora de vendas Lássila Freitas, 25 anos, que há cinco, fez cartões em vários lojas e financeiras. Ela emprestou um deles a uma amiga, que acabou não pagando. Desde então, Lássila está com restrição no SPC. “Era muito nova, não pensei no que estava fazendo. Tentava pagar, mas surgia outra dívida”, lamenta ela, que está com o nome sujo em sete lugares, mas pretende fazer acordo com os credores.
SEM BICHO DE SETE CABEÇAS
As dicas para sair dessa ciranda não é um bicho de sete cabeças: o primeiro passo é consultar os serviços de proteção ao crédito (SPC, Serasa e Boa Vista, por exemplo) para saber a quem e quanto deve. Liste uma a uma e faça as contas se dá para pagar. A matemática é simples e pode ajudar na hora de renegociar.
“Para sair do vermelho o ideal é analisar a real situação do orçamento e das contas para propor uma negociação que deve ser cumprida”, orienta Maria Inês Dolci, da Proteste Associação Brasileira de Defesa do Consumidor.
Contas em atraso listadas, chegou a hora de entrar em contato com as empresas. “Priorize as dívidas que têm juros maiores, como cartão de crédito, cheque especial, financiamento imobiliário ou de carro”, diz Vânia. “Negociar é sempre o melhor caminho, principalmente se o pagamento vai ser feito à vista. Há chance de descontos mais altos, principalmente em lojas”.
A melhor forma é pesquisar qual a modalidade de crédito que mais se adequa às suas contas antes de tomar qualquer iniciativa. Uma alternativa é buscar a portabilidade da dívida. Ou seja, fazer levantamento de tudo o que deve e optar por financiamento que dê para quitar os débitos e ficar em única parcela que não comprometa o orçamento.
Imóvel e carro podem ser retomados
Para quem possui financiamento imobiliário ou de automóveis, que têm prazos mais longos, e não consegue pagar a prestação, a orientação é procurar o banco e renegociar o quanto antes. A dica é do economista e advogado Alessandro Azzoni. De acordo com ele, essas contas são diferentes do cartão de crédito ou do cheque especial porque nesses casos existe um bem e ele pode ser retomado.
A própria Caixa Econômica Federal orienta os clientes a buscarem a instituição. O banco tem duas formas de negociar o débito: recalcular o saldo devedor incluindo as prestações em atraso.Nesse caso, o cliente paga uma entrada e parcela os demais. Os juros e o prazo do contrato permanecem o mesmo. E para quem tem saldo no FGTS, o cliente pode utilizar o saldo da sua conta para o pagamento de até 80% das prestações do financiamento imobiliário pelo período de 12 meses.
O cliente que quiser renegociar sua dívida com a Caixa Econômica Federal pode encaminhar o pedido pelo endereço:http://www.caixa.gov.br/voce/credito-financiamento/renegociacao-dividas ou procurar a agência mais próxima.
CONFIRA OS PRINCIPAIS PASSOS PARA LIMPAR O NOME
CONSULTA
Primeiro, você precisa descobrir a quem deve. É possível fazer a consulta pela internet ou ir a um posto de atendimento dos cadastros de inadimplência, como do SPC ou da Serasa, por exemplo.
ORÇAMENTO
É preciso colocar na ponta do lápis não só todas as dívidas que você possui, mas também quais são as suas fontes de renda e de suas despesas. O recomendado é nunca comprometer mais do que 30% do valor do orçamento mensal com os financiamentos.
CREDORES
Hoje, existem diversos canais de negociação com as empresas. O ideal, segundo os especialistas, é fazer a renegociação da dívida direto com o credor.
PRIORIDADE
Você tem mais de uma dívida? Tenha em mente que devem ter prioridade as contas de juros mais altos, como cheque especial e cartão de crédito.
PAGAMENTO
Especialistas recomendam sempre tentar pagar à vista. Desse jeito, é possível obter um desconto maior. Se não der para pagar de uma vez só, tente renegociar um bom parcelamento.
MENOR DÍVIDA
Em alguns casos, um empréstimo pode ser a saída para quitar tudo de uma vez. Mas ele só valerá a pena se tiver juros mais baixos do que se você parcelasse direto com a loja ou banco.
RECOMEÇO
Repense antes de assumir novas dívidas. “O nome limpo é nosso maior patrimônio, por isso cuidado com as publicidades que acabam enganando os olhos e prejudicando o bolso”. Fica a dica.
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