Publicação para gestores que precisam mensurar projetos relata casos práticos no Brasil, África e Europa
Como medir corretamente a sustentabilidade de um projeto? A pergunta que tanto inquieta gestores em todo o mundo não tem resposta fácil, mas o livro “Indicadores de Sustentabilidade na Prática”, que será lançado nesta quinta-feira, 10, no Rio de Janeiro, promete colocar uma luz sobre o que é de fato útil na hora de mensurar um projeto sustentável. Segundo a cientista Agnieszka Latawiec, co-fundadora do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS) no Rio e pesquisadora de pos-doc na PUC-Rio e editora do livro, o trabalho analisa casos no Brasil, na África e na Europa para entender as melhores práticas e chega à conclusão que mais do que encontrar um indicador ideal, deve-se buscar indicadores combinados que abordem aspectos sociais, ecológicos e econômicos para demonstrar se, após a intervenção, houve desenvolvimento local e ou conservação da natureza.
“Os pesquisadores devem sempre considerar o contexto de seus projetos e utilizar vários indicadores. É preciso conhecer o histórico do lugar, a cultura, as questões sociais e econômicas. Se o objetivo for a restauração ecológica, por exemplo, a mera área reflorestada pode não ser suficiente para indicar o sucesso da restauração. Em vez disso, a diversidade das espécies plantadas e a sua sobrevivência devem ser levadas em consideração”, diz Agnieszka , que editou o livro em conjunto com a cientista africana Dorice Agol, com a participação de mais de 20 pesquisadores, entre brasileiros e estrangeiros.
Na avaliação da pesquisadora, um bom indicador de sustentabilidade também deve mostrar a duração dos efeitos do projeto estudado. O problema, explica, é que na maioria das vezes, o que se avalia é um resultado imediato da intervenção (ou só da atividade, ainda pior), que não necessariamente reflete sustentabilidade.
“Se olharmos para as Olimpíadas 2016, por exemplo, é aconselhável considerar, além do indicador criação dos postos do trabalho, medições de treinamento ou "capacity building", pois esses são os efeitos que vão durar. Já postos de trabalho e renda muitas vezes desaparecem logo depois das olimpíadas. A mesma coisa acontece com infraestrutura. Não basta dizer que foi criada. Ela serve para depois? A criação de boa imagem da cidade é importante e traz benefícios em longo prazo, mas, para ser sustentável, devem ser considerados os impactos de longo prazo na população local. Seria importante fazer uma avaliação dez anos depois do fim das Olimpíadas”, explicou.
Os casos relatados no livro abordam projetos ligados a temas como água, agricultura, biodiversidade, saneamento, poluição do ar e mudanças climáticas. O trabalho é open acess e pode ser baixado no endereço http://www.degruyter.com/view/product/465479
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